Capítulo 38 - Socos da vida

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Ino tinha certeza que a falta de sinal no celular não era um bom presságio e, por isso, ficou ainda mais ansiosa. Como Konan tinha solicitado, todos os modelos haviam chegado cedo para o desfile. Havia uma organizadora que falava com Konan e com os representantes das outras agências, e Ino se esforçava para não roer as unhas na espera.

Tinham ensaiado para aquele momento, várias vezes, repetidas vezes, exaustivas vezes. Ainda assim, a passarela era diferente do palco, e Ino a encarava com um bolo no estômago que a fazia engolir em seco na esperança de que ele desaparecesse. Sentada, ela mantinha os fones de ouvido no máximo, a garrafa de água já vazia de tanto que ela a levava aos lábios para conter a ansiedade. Em alguns momentos, por uma breve fração de segundo, ela via Gaara correndo de um lado para o outro com os outros fotógrafos, eles discutiam com Konan sobre a iluminação, sobre o equipamento, e Ino conseguiu até mesmo ouvir a discussão de Konan com as outras duas agências sobre quem ensaiaria primeiro.

— Caótico, não é? — Hanabi jogou-se no puff ao seu lado e lhe ofereceu uma caixinha de suco.

— Demais — confessou, nervosa, e Hanabi empurrou o ombro contra o dela em um gesto amigável.

— Vai dar tudo certo. É sempre essa bagunça no começo. A gente fica trancafiado aqui, sem poder sair desses camarins, depois a gente ensaia, o que sempre é uma merda porque vão ver defeito em tudo, mas o desfile em si vai ser maravilhoso. Vai se sair bem, não esquenta a cabeça.

Ino riu, incerta, e levou o canudo aos lábios.

— Você já está acostumada com atenção, não pode ser tão ruim — Hanabi tentou acalmá-la, mas Ino riu ao negar com a cabeça.

— Aqui eu não vou estar dançando, Hanabi — explicou firme. — Quando eu danço, esqueço de tudo, de todas as pessoas que podem ou não estar prestando atenção em mim porque tudo com que me importo é a música e a vontade de colocar minhas emoções em cada passo. É como se eu olhasse para a minha alma enquanto danço. Ali — Apontou para a passarela. — vou ser apenas um cabide para exibir uma roupa. Não sei bem se isso é para mim.

— Foi assim que se sentiu? — Hanabi franziu o cenho confusa. — As fotos do seu booking pareciam mostrar que você tinha gostado disso.

Ino terminou o suco e deu de ombros.

— Eu gostei de fazer o booking e as campanhas. Adorei gravar dançando, fazer a campanha com você e as outras modelos, mas isso aqui... isso aqui é muito diferente, é outro nível! Eu nunca pisei numa passarela antes, Nabi!

Hanabi assentiu, séria, e Ino suspirou quando ela não respondeu e se levantou.

— Vem.

Ino arqueou a sobrancelha e encarou a mão estendida de Hanabi.

— Pra onde? A gente não pode sair daqui, lembra?

— Só vem logo, Ino! Vamos, vamos!

Ino aceitou, e Hanabi a puxou pelo local sem dar satisfações ou parar ao chamado de modelos que Ino nem sequer conhecia. Revirou os olhos quando Hanabi parou sobre a passarela e começou a procurar algo nos bolsos do largo moletom.

— Vão nos expulsar. — Suspirou, e os olhos correram pelo grande salão vazio, pelas cadeiras com placas de nomes de pessoas importantes, pelo luxo do ambiente. Limpou as mãos no vestido e respirou fundo. — Hanabi...

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