Letra D (parte 1)

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Regra número 3

Um bom crush é a calmaria no meio de qualquer caos.

Depois que Brick passou, demorou um pouco até que outra pessoa ocupasse o lugar de tentativa número 3. E, não, não foi por minha culpa.

Eu tentei encontrar minha terceira opção nos mais vários tipos de lugar. Frequentei algumas aulas de xadrez para ver se ele estava por lá, mas, não. Os nerds não tinham tempo para me dar atenção, estavam concentrados demais no tabuleiro.

Procurei também em algumas festas de aniversário em que fui acompanhada de Shawn. Infelizmente, meu primo de oito anos não tinha nenhum amigo para me apresentar, e a maioria estava ocupada demais perguntando se meu cabelo era azul de verdade, para prestar atenção em outra coisa sobre mim.

Tentei contar até mesmo com a ajuda do facebook para buscar no raio de 22km, mas não havia ninguém que se encaixasse nas minhas opções. A maioria era mais novo que eu, com nomes em outras letras, ou eu nem ninguém a minha volta nunca havia sequer ouvido falar sobre.

Antes que eu ficasse extremamente irritada por passar mais de um mês sem mexer no projeto, Drew surgiu.

De início, eu não sabia muito sobre ele, apenas o básico que todos os outros também tinham conhecimento: Drew Harrington era um aluno transferido da cidade vizinha, porém, o real motivo era desconhecido.

Marjoly foi minha salvação. Ela quem me deu certeza de que ele seria minha terceira opção. Eu senti como se fosse uma premonição me alertando de que deveria ser ele.

Foi durante a aula de biologia que eu a escutei conversando com sua colega de classe que seu primo passaria uma temporada ali. Não demorou muito para que a notícia se espalhasse rápido. Marjoly costumava ser uma boa pessoa, quando não estava sendo tagarela e inconveniente, mas se enquadrava no quadrado dos esquisitos. E euu sabia que ela usaria qualquer coisa que a tirasse desse grupo por algum tempo e lhe desse alguns minutos de fama.

Drew era escrachadamente chamativo, e isso não era exatamente algo ruim para as meninas daquela escola, incluindo eu. Ele tinha um corte de cabelo diferente, sempre vestia sua inseparável jaqueta de couro, e todas as vezes que ele sorria, aquele sorriso de lado que era sua marca, isso refletia em seus olhos castanho claros. Seu cheiro ficava por onde ele passava, e sua presença sempre arrancava suspiros de quem estivesse por perto.

Ele tinha algo diferente. Talvez estivesse no seu andar, na sua fala, ou no seu jeito de mesclar ironia com surpresa e sutileza... era algo impossível de descrever, mas que sempre o acompanhava. Fosse nos corredores da escola, ou nas raras vezes que eu o via do lado de fora dos portões. Drew era diferente, e, o mais importante, ele sabia disso.

Devido sua popularidade ter crescido tão rápido na HighWay, não foi de se espantar quando coisas da sua antiga escola vieram à tona. Drew estava de passagem ali porque estourara o limite de advertências na antiga instituição de sua cidade, e também porque se as coisas continuassem daquela forma, perderia o ano (mais uma vez).

Eu sempre tinha certeza que minhas tentativas não dariam certo, porém, eu ainda tinha um resquício de esperança. No entanto, com Drew, eu não tive sequer isso. Quando eu disse a Shawn que o escolheria para ser a terceira opção, seus olhos não poderiam se arregalar mais em minha direção. Ele sabia tanto quanto eu como essa ideia era idiota.

― Você está brincando, certo? ― ele prendeu uma risada, rolando os olhos. Shawn não levou fé nas minhas palavras.

Na verdade, nem mesmo eu estava levando.

Onde as coisas loucas estão (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora