Onde as coisas loucas estão (FINALIZADO)

Lynn

Regra número 8.1

Um crush de amizade (que seja realmente só amizade!) é o melhor que você vai encontrar ao longo da vida.

Na segunda pela manhã, todos os alunos foram convidados para irem à escola receber suas fotos do baile, que já estava incluído na pequena taxa que havíamos pago para a festa. Era dessa mesma forma todos os anos. As únicas diferenças eram que, 1) todo os anos eu ia a escola buscar e fazia questão de admirar todas as imagens, e 2) todos os anos eu tinha fotografias que preenchessem as lacunas.

No baile daquele ano, eu podia imaginar que nem um terço do espaço em meu álbum havia sido preenchido. Isso sem contar que ir até a escola estava fora de cogitação. Eu adiaria aquilo o quanto pudesse, de preferência até o próximo ano, quando o recesso passasse e as aulas retornassem.

Àquela altura, provavelmente todos já sabiam o que tinha acontecido. Eu precisei controlar toda a minha curiosidade para não abrir nenhuma rede social e ver se alguém havia publicado algo a respeito da noite de sábado.

Eu não queria olhá-los. Também não queria ver Shawn, não enquanto não conseguia pensar em algo suficientemente bom que pudesse lhe dizer. Mas, de qualquer forma, eu não poderia ignorá-lo por muito tempo. Se não o encontrasse na escola, na entrega das fotos, eu o veria na segunda, no serviço. Eu não poderia desviar dele para sempre.

Naquele último dia, minha cama foi meu lugar favorito do mundo e eu não fiz a menor questão de sair de lá por qualquer coisa. Eu também tinha a companhia do meu unicórnio de pelúcia, o Hercules.

Que Shawn havia me dado de presente, quando eu disse que era meu bicho favorito.

Shawn sempre ria quando eu lhe dizia o nome, mesmo anos depois.

Eu peguei o brinquedo e o apertei com força, jogando contra a outra parede com tudo quando me lembrei dele e de como ele havia duvidado d o que eu sentia. Eu não era um exemplo de confiança depois do que havia feito, mas duvidar de uma coisa que estava tão nítida do meu rosto foi mais doloroso do que se ele dissesse de uma vez que nunca mais queria me ver.

Meus olhos queimaram. Ainda mais quando passou rapidamente pela minha cabeça a cena do dia em que ele havia me entregado aquele presente de pelúcia, anos atrás, com um laço no chifre e estrelinhas coloridas de origami que ele havia espalhado dentro da caixa, depois de dobrar uma por uma.

Apertei os olhos com vontade, sentindo os lábios tremerem. Me levantei e rapidamente peguei Hercules do chão, voltando para a cama com ele. Eu o abracei com força e o escondi debaixo da colcha junto comigo. Aquele abraço me fez lembrar do quanto eu sentia falta de Shawn com apenas um dia e meio de distância.

Senti quando algo agarrou em meu dedo, e só então eu notei que ainda usava o anel de coroa que ele havia me dado, eu não o havia tirado, na verdade.

Todas as minhas lembranças envolveram Shawn.

De novo.

E essas lembranças cortaram meu coração.

Mais uma vez.

Escutei algumas batidas na porta e sequei o rosto mais uma vez, para parecer apresentável. Eu sabia que era minha mãe, pelos seus passos e as batidas que já estava acostumada.

― Uma amiga sua está aqui. Disse que é da escola. ― ela disse simples. Deu a volta na cama e parou ao meu lado, se agachou confortavelmente e me encarou com um pequeno sorriso preso.

Eu adorava minha mãe e sua constante falta de sutileza, no entanto ela conseguia disfarçar bem as vezes que queria. Quando lhe contei o que havia acontecido, eu sabia que ela queria me dizer que eu havia agido errado. Que eu estava absolutamente errada, e eu sabia que estava. Porém, ela também soube o quanto tudo aquilo estava me magoando. Que as minhas lagrimas eram sinceras. Que minha roupa encharcada não era exagero. E que meus delírios sobre salto alto e xingamentos aleatórios contavam como algo.