Letra D (parte 2)

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Tirei da bolsa os stickers de coração que havia comprado recentemente, e removi os velhos que prendiam as imagens na porta do meu armário. Eles já estavam lá há alguns bons meses, haviam se desgastado e até mesmo perdido um pouco da cola.

Empilhei as fotos e tirei com cuidado os adesivos. Esfreguei os dedos para remover qualquer resquício da cola, e quando minha porta já estava completamente limpa tirei minha primeira cartela de adesivos. Escolhi um unicórnio grande e colorido para ficar bem no meio, e sorri abertamente quando vi como havia ficado lindo. Pelo menos meus adesivos grandes do caderno tinham uma boa utilidade, e eu não precisava mais guarda-los para serem colados no meu caixão no dia em que eu morresse.

Em seguida, peguei a primeira foto da pilha, a prendendo com um coração sorridente. Minha mãe e eu estávamos na praia, há alguns anos, e justamente no momento da foto eu havia respirado areia e fazia uma careta terrível. Ela, por sua vez, ria tanto enquanto tirava a selfie que cortou parte da sua cabeça e seu dedo saiu tapando parte da lente.

Rolei os olhos prendendo uma risada, torcendo o nariz ao meu lembrar da sensação de não saber se era melhor espirrar ou respirar, fungar ou outra coisa. O momento não foi uma lembrança muito legal, mas eu adorava a foto. Me fazia lembrar de como minha mãe me entupiu de sorvete logo depois, para fazer com que minha raiva por ela passasse.

A segunda foto da pilha era minha com Shawn. Estávamos no sofá da sua casa, e havíamos aproveitado que estávamos sozinhos para pegar um recheio parecido com chantilly na geladeira e fazer um campeonato de quem conseguia uma pilha maior de creme no nariz. E isso exigia muita disciplina, porque se ríssemos, aquilo cairia, e se respirássemos, entraria. A foto havia sido tirada por mim, e na imagem minha pilha estava se desequilibrando. No fim, os dois perdemos. A aposta e aquele creme delicioso.

Dei risada vendo a imagem, tirando um adesivo de estrela e colando na porta, prendendo uma parte com o rabinho brilhante do unicórnio.

A terceira imagem era minha com Fleuriah, em um dos nossos passeios no parque. Ela, com sua coleirinha rosa brilhante, e eu a segurando, fazendo pose em um pé só para Shawn tirar a foto. A quarta, era um card da minha música favorita. Eu os colei com o maior carinho, analisando os desenhos coloridos que havia feito já há tempos.

Enquanto cantarolava Five colours in her hair, lembrando da música por causa do papel, e prendia mais algumas imagens e stickers pelo armário, levei um susto quando Drew se materializou na portinha ao meu lado, quase me fazendo derrubar a cartela de adesivos.

― Drew! Ficou louco? ― arregalei os olhos, tentando conter o espanto. Ele mal notou meu comentário, e eu estranhei o tamanho do seu sorriso.

― Tirei nota máxima no teste de química! ― disse empolgado, me abraçando pela cintura e me girando no ar, apesar daquele corredor abarrotado de alunos.

Quase não consegui conter um pequeno grito de susto por ter sido pega desprevenida. Meu rosto esquentou ainda mais quando reparei no quanto o pessoal por ali nos encarava e sorria, fosse debochando ou de forma maliciosa. Eu obviamente deveria ter desejado um buraco no chão para me esconder, mas considerando que estávamos falando de Drew, isso não aconteceu.

― Jura? Que incrível! ― disse sincera, sentindo um sorriso orgulhoso crescer em meus lábios.

Drew segurou meu rosto em suas mãos, e se aproximou. Eu quase senti meu pulmão doer quando vi seu rosto tão perto do meu. Mais ainda, quando ele beijou minha bochecha, bem próximo a boca. Precisei soltar o ar devagar para não ser confundido com um suspiro.

Drew permaneceu ao meu lado dizendo o quanto o teste estava fácil. Para quem havia estudado apenas um dia, ele havia se saído muito bem. Bem até demais.

Onde as coisas loucas estão (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora