Capítulo 16 (Rian)

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Eu estava deitado de bruços na minha cama pensando em tudo o que estava acontecendo na minha vida ultimamente, quando meu pai bateu na porta e eu me levantei para abrir.

-Rian, sua mãe e eu vamos sair ok? Não nos espere acordado.
-Para onde vocês vão?
-Visitar alguns amigos.

Ele saiu e eu voltei para minha cama. Esperei eles saírem e liguei para meus amigos virem dormir aqui em casa já que eu estava só.

Quase 1 hora depois ouvi a campanhia tocar. Eram eles. Davi, Natalha e Renan. Fomos para o meu quarto e colocamos algumas músicas para tocar.

-Porque você não convidou Argel? (Dei um pulo quando Renan perguntou isso).
-Porque eu o convidaria? Afinal, ele nem é amigo de vocês.
-Por isso mesmo, para a gente se conhecer.
-Vocês já conhecem ele.
-A gente não se conhece direito.
-Porque você não liga para ele e o convida? (Natalha entrou na conversa).
-Eu não vou fazer isso, ele não gosta desse tipo de coisa.
-Liga, Rian! (Renan pegou o celular dele e colocou nas minhas mãos).
-Você tem o numero dele? (Davi falou pela primeira vez desde que começamos a conversar).
-Não, droga! Rian use o seu celular, você com certeza tem o número dele.

Revirei os olhos e peguei meu celular para ligar, disquei o número de Argel e começou a chamar.

-Vamos fazer alguma coisa para a gente comer, enquanto Argel não chega. (Davi falou puxando Renan e Natalha para fora do quarto).

Argel atendeu, mas ele estava estranho, parecia que não podia falar no momento. Trocamos algumas palavras e quando eu ia perguntar se ele podia vir ele perguntou se podia me ligar amanhã, não insisti porque ele devia estar ocupado, afinal de contas, até sussurrando ele estava.

Fui para a cozinha ver o que eles estavam fazendo. Natalha estava sozinha preparando pipoca.

-Cadê eles?
-Foram procurar cobertas. Nós vamos assistir alguns filmes e como Argel vai vir, nós vamos dormir na sala.
-Ele não vem.
-Ah...
-Ainda bem, a gente nem é tão próximo dele.
-A gente não é mesmo não, mas já você...
-O que você quer dizer com isso?
-Nada, é que vocês se aproximaram muito desde que ele voltou a se sentar comigo.
-A pipoca tá queimando ali ó?

Ela riu e voltou a sua atenção para a pipoca, que por sinal depois de um tempo realmente queimou.

Quando Natalha terminou de fazer a pipoca nós fomos para a sala escolher o filme enquanto Davi e Renan não chegam. Escolhemos "o exorcista", minutos depois os meninos chegaram com três cobertas na mão.

-Essa demora toda para vocês trazerem 3 cobertas?! (Natalha perguntou com tom de deboche).
-A gente só achou essas. (Renan falou jogando as cobertas na cara dela).
-Cadê ele? (Davi sussurrou para mim).
-Ele não vai vir.
-Uma pena...

Nos levantamos e começamos a arrumar a sala para ficar o mais confortável possível. Botamos um colchão de casal no chão que cabia todo mundo, mas Natalha e eu preferimos ficar no sofá, como tinha dois ela ficou em um e eu em outro. Já estava quase tudo pronto, só faltava a questão das cobertas.

-Gente, e agora? Só tem 3 e nós somos 4.
-Você fica com uma, Rian com outra e Renan e eu dividimos uma. Pode ser? (Ele perguntou para Renan que assentiu com a cabeça).

Depois de tudo pronto nós desligamos a luz e fomos assistir. O filme nem era tão assustador quanto eu pensava, na verdade era mais um suspense que um terror.

O filme termimou e nós botamos outro, dessa vez um de romance. Em menos de uma hora de filme Natalha dormiu. Fui olhar para ver se os meninos já estavam dormindo, não estavam, mas também não estavam prestando atenção no filme, de início pensei que eles estavam se beijando porque estavam bem próximos um do outro, tão próximos que ficou um espaço enorme no colchão, mas depois que olhei atentamente vi que eles estavam apenas conversando, sussurrando um no ouvido do outro.

Não lembro quando mas eu acabei pegando no sono.

*****

A

cordei com o cheirinho de panquecas no ar, fui até a cozinha para ver se era minha mãe que estava fazendo, mas não era. Era Davi.

-Bom dia.
-Bom dia. Espero que eu não tenha te acordado com o barulho.
-Você me acordou, mas não com o barulho e sim com cheiro.
-Cheiro de queimado? Desculpa eu não sou bom nisso...
-Não! O cheiro está delicioso, para com isso!
-ATA!

Davi tinha essa mania de se rebaixar a todo momento e eu não entendia o porque, já que ele é uma pessoa incrível, uma das mais incríveis que eu já vi. Quando a gente estava no sétimo ano ele ficou em primeiro lugar no concurso estadual de desenho e a única coisa que ele falou foi: "eles estão loucos de elegerem essa merda como o melhor desenho" e depois disso nunca mais quis participar de nenhum concurso. Isso me deixa triste, as vezes eu queria que ele se visse através do meu olho, porque só assim ele veria o quão incrível ele é.

Natalha acordou e se juntou a nós na cozinha, ficamos conversando e comendo as panquecas (que por sinal estavam maravilhosas), até guardei algumas para meus pais comerem quando acordarem.

-Qual a probabilidade de Renan estar morto? A gente está aqui a um bom tempo e ele nunca acordou. (Natalha falou apontando para a sala).
-A gente devia ir acordar ele.
-Pode deixar, eu vou...

Davi foi com algumas panquecas e calda em um prato para acordar Renan.

-Porque a gente não ganhou café da manhã na cama? (Natalha falou fazendo biquinho).
-Porque nós não somos o Renan.

*****

Depois que eles foram embora eu fui acordar os meus pais para tomarem café da manhã. Abri a porta do quarto e vi que a cama estava arrumada, então significa que eles ainda não haviam chegado. Liguei para o meu pai, deu caixa postal e a mesma coisa com a minha mãe. Desisti e voltei para a sala, fiquei deitado no sofá esperando eles voltarem.

Acabei cochilando e acordei com meu celular vibrando. Era uma mensagem de Argel. Quando fui abri para ver a mensagem meu pai me ligou.

-Filho, você sabe onde fica o hospital rosa dos mares?
-Sei. Porque?
-Vem para aqui, agora!
-O que aconteceu?

Escutei ele chorando e um tremor percorreu todo o meu corpo.

-Sua mãe está internada.



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