Meu mundo estava praticamente prestes a desmoronar antes mesmo de entrar na faculdade. Meu Deus como acabei desse jeito? Tudo parecia o começo de um grande apocalipse que levaria a minha pobre e inocente pessoa a rastejar pelos esgotos mais estranho...
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O sol era meu maior inimigo naquele instante, nunca pensei que numa cidade como Beverly Hills, famosa por todo o glamour que a envolve, pudesse ser ainda mais quente que o Texas durante o início do ano.
O calor estava sugando minhas forças do tanto que suava, levei dinheiro suficiente para ir apenas ao grande polo industrial da cidade e por lá já tinha distribuído meu currículo e saído com a certeza de que todos não me chamariam para nada. Qual o problema dessas pessoas acima dos quarenta anos em dar uma chance a uma recém universitária? Tudo bem que entrei na faculdade apenas há alguns dia, e tinha relativamente cara de mais jovem, porém aparências sempre enganavam, todo mundo sabia disso.
Não adiantava mais me enganar, eles olhavam para mim e diziam que iriam analisar minha ficha, mas as caras de "você é muito jovem pra isso" ficavam claras, no desespero ainda dizia que aceitaria qualquer cargo, até a "mulher do saco", vulgo, a que tirava o lixo, mas nem pra isso parecia que eu servia aos olhos dessa gente. Era triste, estava destruída mentalmente, uma semana se passou procurando emprego e não tinha conseguido nada, daqui uns dias o valor do aluguel ia chegar para pagarmos e eu não tinha sequer duzentos dólares na conta.
Essa cidade é cara, as coisas aqui, tudo, até alimentação é mil vezes o valor que na grande capital, estava ferrada, não teria condições de continuar me iludindo que não precisaria de ajuda se quisesse realmente continuar meu sonho de estar na faculdade.
Voltava a pé pelo sol que me matava, sozinha, apenas segurando uma garrafa de água que tinha custado um rim. Minha vontade era de chorar, mas, eu sou o tipo de pessoa que acredita que o choro é sinônimo de fraqueza e jamais me permitiria demonstrar ser fraca assim em um lugar público, meu travesseiro me aguardava quando chegasse em casa.
Olhava o movimento da rua, as pessoas, as casas, e me perguntava o tempo todo o que eu estava fazendo ali, essa cidade era de gente rica, metida, carros caríssimos eram se vistos a todo o momento desfilando pelas ruas, pessoas usavam celulares mais caros que minha casa ao passarem por mim pela calçada, dinheiro não era problema para nenhuma delas, se bobear eu era a única ferrada na cidade inteira, ninguém entenderia minha dor e me daria um emprego.
Chego na esquina do prédio que ainda estava morando com as meninas segurando mais do que nunca o choro. Sem uma renda fixa não poderia mais viver ali, e sentia a cada passo de aproximação o abandono do lugar que já considerava como meu.
Estava tão bem, morava do lado do campus com minhas amigas de anos, mesmo a Ino me enchendo o saco todo dia eu não queria ter que deixá-las, me sentia segura vivendo com elas.
Porém, nem com a ajuda de meu pais poderia continuar morando aqui, era muito ter que fazê-los me manter sozinhos com o valor do aluguel, eu jamais faria isso com eles, teria que começar a me conformar com minha realidade, dividir alguma kitnet com desconhecidos malucos nos alojamentos do campus, ou voltar pra casa e desistir de estudar nessa cidade seriam minhas únicas soluções. Maldita hora que recebi apenas a carta de aceitação em uma faculdade de Beverly Hills, parecia que o destino queria me ver eternamente infeliz.