Primeiro encontro

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Baekhyun já fechava o que seria sua última mala. Se mudaria para Seul no dia seguinte e ajeitava os últimos detalhes da viagem.

– Pronto. – Disse a si mesmo enquanto colocava a mala ao lado da porta. Suspirou casado, mas extremamente feliz, estava se mudando para estudar e buscar por sua felicidade.

Depois que seus pais foram friamente assassinados em um assalto, Baekhyun foi cuidado pela avó durante toda sua infância e adolescência. Tinha apenas três anos quando havia chegado na casa da senhora que sempre lhe paparicava, encontrando o rosto expressivo cheio de lágrimas. No começo não entendia o motivo do choro e muito menos a demora de seus pais em buscá-lo, mas com o tempo e paciência da senhora tudo se encaixou.

Se jogou na cama e fechou os olhos por alguns segundos, somente por alguns segundos já que seu cachorro pulou em cima de seu rosto e começou a lamber. Era um pequeno Yorkshire, tinha apenas um ano e meio e distribuía carinhos a todos, mas como não era assim tão velho tinha suas brincadeiras e uma delas era lamber todo o rosto do dono.

– Está pronto para viajar, seu pestinha? – Perguntou sorrindo e logo o cachorro fugiu para de baixo da cama, se escondendo. Baekhyun tinha a estranha mania de carregar o cachorro para onde ia e toda vez que o bichinho ouvia a palavra "viajar" fugia. O motivo é simplesmente Baekhyun ter o levado para uma montanha e fazer uma caminhada enorme com seu filhote na coleira. Aquilo deveria ser um trauma enorme para um cachorro minúsculo.

Se levantou da cama outra vez e saiu do quarto, queria aproveitar um pouco do restante do tempo para ficar com sua avó. Entrou na cozinha e abraçou a senhora de baixa estatura que estava encostada sobre o balcão lendo algum livro de culinária.

– Não vai se despedir do seu neto preferido? – Perguntou com um largo sorriso e a mulher rapidamente fechou o livro com uma cara brava, mas logo se contorceu em um sorriso retangular igual ao do neto.

– Não é como se não fosse me visitar e eu não fosse fazer o mesmo. Sabe que eu não gosto de despedidas, mas vou te mimar um pouquinho. – Afastou o abraço e foi até a geladeira. – Que tal o bolo de baunilha que você tanto ama pra te convencer a ficar? – Perguntou tirando um grande bolo do eletrodoméstico e colocou sobre a mesa. Baekhyun só faltou voar sobre o doce.

– Não faz assim, sabe que eu preciso ir... Assim como sabe que eu irei te visitar sempre e vou te ligar todos os dias. – Disse com toda simplicidade do mundo, nunca abandonaria sua avó e muito menos a deixaria de lado depois dos estudos.

Baekhyun só tinha 19 anos, a preocupação de sua avó tinha motivos. Um garoto órfão, herdeiro de muito dinheiro e uma pessoa extremamente doce e meiga, eram motivos de sobra para aproveitadores se aproximarem querendo algo fácil.

– Vou tentar... Mas agora coma e depois vá dormir. Amanhã o dia vai começar mais cedo para você.

Se alimentaram com mais demora do que o habitual, cheio de abraços e beijos e logo foram dormir.

Realmente seria um dia cansativo para Baekhyun.

♡ •••• ♡

O despertador começou a gritar ao lado de sua cabeceira, estava se arrependendo de ter colocado sua música preferida como toque de despertador. Se levantou todo mole e quase derrubou o cachorro ao empurrar os cobertores. Foi até o banheiro e fez todas as suas obrigações da manhã, penteou os cabelos da forma que seu cérebro permitia e saiu se arrastando outra vez, indo em direção à sua última mala.

Levou o utensílio até o carro de sua avó, deixando no porta-malas e voltou para dentro. Tomou seu café da manhã sozinho e só acordaria sua avó quando estivesse na hora de sair.

Arrumou todo seu quarto com carinho, deixando tudo organizado para logo começar sua pior busca do dia.

Seu cachorro.

Procurou no banheiro, no quintal, de baixo da cama, em seu guarda roupa, na sala, cozinha e em todos os lugares possíveis, faltava apenas o quarto de sua avó. Abriu a porta do cômodo, que estava entreaberta, com cuidado para não fazer barulho e sorriu ao ver o bichinho deitado nos pés da cama. Foi até ele em passos de gato e, quando apenas encostou o dedo para pegá-lo no colo, começou o escândalo.

Quem era de fora poderia até achar que o animal estava sendo torturado, espancado e todos os piores tratamentos do mundo, mas Baekhyun apenas acariciava a cabeça do cachorro tentando o acalmar e fazer parar de gritar enquanto o bichinho berrava cada vez mais alto.

Viu sua avó acordar e sorriu amarelo e envergonhado.

– Bom dia, vovó. Só queria pegar o Bu. – Disse todo encabulado, nunca saberia lidar com uma situação quando atrapalhava alguém em algo, Baekhyun era tão doce que às vezes até o chamavam de sonso na escola, dizendo que sua personalidade era somente para que gostassem de si, mas não, era realmente puro, carinhoso e a pessoa com o coração mais doce de todo lugar que ia.

– Tudo bem, termine de arrumar suas coisas e já vamos para o aeroporto. Seu voo sai daqui uma hora. – Disse se levantando da cama e a essa altura o cachorro já havia parado com o escândalo, antes que voltasse aos gritos anteriores, Baekhyun rapidamente levou o bicho peludo para a caixa de transporte animal, não tendo nenhuma relutância por parte do bichinho.

Colocou tudo o que restava no carro e esperou sua avó sair da casa, deu uma última olhada no imóvel que morou quase sua vida toda como uma breve despedida e entrou no veículo. Até o aeroporto não passariam mais do que quinze minutos, seria o tempo de um abraço e embarcar.

♡••••♡

Após despachar suas malas, ali estavam avó e neto abraçados de forma protetora, mostrando a saudade que sentiriam antes mesmo de partirem.

Quando a voz anunciou o embarque foi o fim do abraço, sem nenhuma palavra e com apenas um sorriso, Baekhyun seguiu até o portão de embarque.

♡••••♡

Ao chegar em Seul, como sua avó tinha pedido, Baekhyun pegou um táxi e foi direto para seu novo apartamento.

Era bem próximo à cidade e poucos metros da faculdade onde havia se matriculado. O prédio era bonito, como todos da capital, tinha 20 andares e o seu era o oitavo. Dividiria o corredor com um outro apartamento que pertencia a uma banda, não fazia ideia de qual era por conta da política do sindico, iria descobrir com o tempo.

Com a ajuda do taxista, subiu todas as malas. Já estava com mobília e tudo funcionando, só precisava guardar suas roupas e comprar comida.

Após deixar tudo no centro da sala, desceu para pegar seu filhote que ainda estava no táxi, o tirando daquela caixa que parecia odiar. Colocou a coleira e sorriu ao ver a alegria do pequeno animal em estar livre.

Se guiou calmamente até o elevador outra vez, dando de cara com o baterista de uma de suas bandas preferidas. Chanyeol.

Aquele seria o primeiro de muitos encontros no elevador.

Encontros no elevadorOnde histórias criam vida. Descubra agora