#17_A_Verdade_

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Capítulo não revisado

Marinette

- Bem vindos a segunda aula do dia para os novos alunos. - Disse a professora com um sorriso gentil, toda vez que ela falava acabava enrugando o nariz o que me fazia rir. - Me chamo Nora e vou deixar claro uma coisa antes de começarmos, na minha aula somos todos nós contra o mundo. Todos amigos, sem exceções, que durante o ano vão aprender muito uns com os outros. Eu sou mais do que uma professora de música, além de ser amiga de vocês, sou a pessoa que ensinará parte do conceito sociedade e ética moral. Um ano juntos é muito mais do que preciso para formar vocês não só como pessoas diferentes, mas como seres humanos iguais. Bom, sentem-se com sua dupla em frente ao instrumento que preferir e sem brigas por favor. Um dos dois precisa saber tocar o instrumento e o outro cantar.

Todos formaram suas duplas, Nino puxou Alya, Chloe puxou Adrien e eu acabei sozinha. Respirando fundo, me sentei sozinha em frente ao piano de cauda com a cabeça baixa e comecei a brincar com a ponta dos meus cabelos.

- Marinette, não é? - Perguntou a professora com um sorriso. - Nathaniel está sozinho, por que não faz dupla com ele?

Arregalo os olhos e engulo em seco, me levantando, mas subitamente trombo com seu peito, ele havia se aproximado para se sentar comigo. Ele sorri de forma sem graça e se senta, faço o mesmo novamente e afasto os cabelos do rosto.

- Desculpe. - Sussurro para ele.

- Eu que deveria pedir desculpas, depois de tudo o que fiz... - Sussurrou de volta com um suspiro.

- Bom, vamos começar... Nathaniel e Marinette, combine uma música que saibam tocar e cantar juntos e por favor, nos mostrem um pouco. - Instruiu a professora.

Nathaniel se levantou de forma inquieta para frente do piano e eu o olhei confirmando com a cabeça, sabia a música que ele pensou, pelo menos eu acho. Ele começou a tocar e eu esperei algum tempo antes de começar a cantar, de forma completamente desordenada com as notas do piano.

- Não é essa música... - Sussurrou Nathaniel, olhando para mim. Coro fortemente e confirmo com a cabeça, ele recomeçou e eu procurei a música na minha cabeça, até que então comecei a cantar de forma desajeitada, atrapalhada, estava com vergonha de fazer isso.

- Certo, certo, chega. Isso está perfeito para o que eu quero falar. - Disse Nora, se aproximando de nós.

Nath se afastou do piano e eu me sentei com um longo suspiro, colocando a franja na frente dos meus olhos na tentativa de me tornar invisível.

- Eu preciso que se conectem com a música, que transmitem alguma coisa, que contem alguma coisa. Cada palavra possui um significado, um sentido, em sincronia com o instrumento ela precisa transmitir emoção. Vamos tentar de novo e dessa vez talvez ajude pensar em alguém que vocês sentem algo especial. - Disse Nora com um sorriso, fazendo gestos com as mãos.

- Se quiser eu e o Adrienzinho podemos mostrar como se faz! - Chloe elevou a voz, se colocando na frente de Adrien, o segurando pela mão.

- Não é necessário. Obrigada Chloe, obrigada Adrien. - Disse Nora. - Eu quero trabalhar exatamente isso, algo que não seja tão fácil. Precisam se conectar com a música, por que ela é uma arte, e se não senti-la em sua alma, em seu coração, não há magia, não há emoção, nem sentimento, consequentemente não há música. Pensem em alguém especial, fechem os olhos por alguns segundos e imaginem. Eu sei que conseguem, por que não tentam novamente?

- Tudo bem. - Sussurrei esticando meus dedos.

Fecho meus olhos e ouço o piano novamente, tecla por tecla, amaciando meu coração e me fazendo relembrar de cada momento com Nath. Comecei a cantar novamente e as palavras escaparam da minha boca como areia entre os dedos, lentamente, com delicadeza, sincronizando com o piano. Abri os olhos lentamente e comecei a me mover, ergui a mão enquanto cantava, me envolvendo com a música. Sentia os olhares, mas não estava me importando da forma que importava antes, me sentia mais leve, como se tudo fosse possível. Sorri gentilmente para Nath e ele desviou o olhar, em seguida parou de tocar bruscamente. Parei de cantar e corei forte, minhas mãos começaram a tremer pelo susto.

- Me desculpem. - Sussurrou e se afastou de mim, saindo correndo da sala.

- Fiquem aqui só um minu- Começou a professora, em seguida eu a interrompi.

- Eu vou atrás dele, preciso resolver isso. - Digo confiante, com a testa franzida.

Desci as escadas rapidamente e fui até o banheiro masculino, mas não ouvia nada. Umas pessoas passaram e olharam para dentro de uma sala, andei até ela e entrei, encontrando Nath sentado apoiado na parede com as mãos escondendo o rosto.

- O que houve, Nath? Por que está assim comigo? Eu entendo se não gostar de mim, mas poderia pelo menos me falar? Está me evitando desde... A festa. - Sussurro baixo, chateada. - Eu não gosto disso, valorizo muito mais a nossa amizade de antes.

- Eu gosto de você como amiga, Marinette. - Sussurrou limpando o rosto e o erguendo, sua respiração estava acelerada. - Mas tem uma coisa...

- O quê? - Pergunto franzindo a testa.

- Eu... - Sussurrou apertando os olhos. - Eu gosto de meninos... Por isso eu tento ser bom em tudo sempre, para que as pessoas não achem que eu sou estranho. Me desculpa, eu tentei evitar isso, mas eu não consegui. Minha intenção nunca foi magoar você, pelo contrário. Eu tentei levar isso a diante, eu pensei que conseguiria mudar o que eu sinto, mas não consigo. Por favor não me ache uma pessoa estranha, eu continuo sendo o Nathaniel que conheceu, mas... Tudo bem se você não aceitar, só por favor, não conte pra todo mundo. Por favor.

Sorrio para ele com lágrimas escorrendo pela bochecha e me inclino em sua direção, o abraçando forte, apoiando sua cabeça em meu ombro. Envolvo meus braços em seus ombros e o puxo para meu colo, acariciando seus cabelos enquanto ele começava a chorar.

- Sua preferência sexual nunca vai mudar quem você é. Eu entendo seu medo e nunca irei julgá-lo, nem vou contar pra ninguém. Eu prometo.

- Eu nunca quis magoar você e seus amigos... - Sussurrou fungando, agarrando meu corpo contra o dele enquanto chorava em meu ombro.

- Seus amigos também, por que tenho certeza que eles te aceitariam do jeito que é. Mas vou respeitar a sua decisão e me manter em silêncio. A partir de hoje, Nath, você pode me contar tudo o que quiser, eu sempre vou estar aqui pra ouvir você.

- Não vai ser difícil pra você? - Perguntou erguendo o olhar, afastando a cabeça do meu ombro para olhar pros meus olhos.

- Não, por que amigos sempre desejam a felicidade um do outro. Então vou te apoiar, te ajudar e te respeitar sempre, não importa as circunstâncias, nem mesmo o gênero.

- Todas as pessoas do mundo deveriam saber respeitar isso assim como você, Marinette.

- Agora vamos voltar para a sala de cabeça erguida, Nath. Por que você é um garoto muito forte e tem a mim para te ajudar a levantar. - Digo com um sorriso e me levanto, estendendo a mão para ele. Ele a segura com certa hesitação e se levanta, me abraçando forte.

- Obrigada. - Sussurrou.




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