A verdade nua e crua

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— Vocês estudaram para a prova? — questionou Jongin se jogando na cadeira com brusquidão, os olhos alarmados deixando óbvio que havia esquecido de estudar para a avaliação daquele dia.

— QUE PROVA?! — Yixing se sobressaltou na cadeira ao lado, os olhos estreitos — sempre parecendo sonolentos — se arregalando de tal forma que fez com que todos rissem de sua reação exagerada.

— Vocês não escutam o que aquela senhora de meia idade fica, incansavelmente, falando lá na frente todos os dias? — perguntou Chanyeol em tom repreendedor sentado no tampo da mesa ao meu lado, os pés repousando no par de cadeiras à frente, imitando-me.

— Por acaso você escuta? — devolvi risonho.

— Eu nunca disse isso. — falou rindo e dando de ombros, enquanto desviada de um chute desferido por Jongin.

— Alguém tem anotações ou algo que possa me salvar nos próximos...? — Jongin olhou para o relógio de pulso e, antes que pudesse fazer o único cálculo que conseguia, o sino uivou do lado de fora, anunciando o fim de qualquer esperança do Kim.

— Sinto muito, cara. — lamentei levantando da carteira e apertando o ombro de Jongin minimamente, enquanto o via praticamente desfalecer em seu assento encarando nossa rabugenta professora de matemática adentrar o recinto.

Chanyeol soltou uma risada alta, mesmo que se encontrasse na mesma situação de Jongin e Yixing, a diferença entre esses dois e o primeiro era que Chanyeol não chorava pelo leite derramado, pelo contrário: ele soltava uma gargalhada aguda, mesmo que soubesse que seu "fim" estava próximo.

Acomodei-me nas últimas cadeiras e vi Chanyeol se sentar ao meu lado, enquanto Yixing e Jongin ocupavam duas cadeiras à frente de Chanyeol, obrigados pela professora representante de turma a não mudarem de lugar até segunda ordem.

— Bom dia, turma. — cumprimentou a mulher, ao passo que Doon, o representante da sala, se erguia e com ele a sala inteira, reverenciando, como de costume, a professora.

Acomodado e encarando aquela pessoa que tanto faria de nossa manhã um pesadelo real, percebi uma movimentação estranha perto da porta, indicando que havia alguém esperando para ter a entrada permitida pela senhora que continuava em pé, despreocupadamente, a encarar a turma.

Estreitei os olhos, tentando ver além do vidro fumê, mas não obtendo muito sucesso.

— Gente nova? — arriscou Chanyeol baixo, concentrado igualmente no mesmo ponto que meus olhos analisavam.

— É provável. — devolvi num sussurro, enquanto, à nossa frente, a mulher finalmente encaminhava seus olhos para a entrada da porta e assentia minimamente para quem quer que fosse estar lá pudesse, enfim, atravessar a soleira da porta.

Um garoto magricela e de fios castanhos adentrou primeiro, seu passo tranquilo sendo seguido pelo outro que parecia querer se camuflar na sombra do primeiro. Quando se postou ao lado da professora e se virou para a turma vi muitas pessoas prenderem o ar, surpreendidos, enquanto outras riam baixo pelo estado lamentável que se encontrava o rosto do rapaz.

Havia tantas escoriações e hematomas num tom verde fraco que chegava a ser surpreendente não haver a ausência de dentes quando o menor, com uma expressão irônica, riu para sua plateia.

— Ele tem bom humor. — elogiou Jongin aos sussurros, rindo com a irreverência do outro.

— Ou é muito burro. — emendou Yixing, embora sorrisse.

— Mas parece ser nosso estilo. — concluiu Chanyeol espichando ainda mais o pescoço, como se não fosse grande o suficiente para encarar por cima de todas as cabeças.

First TimeWhere stories live. Discover now