Sempre imaginei que quando me apaixonasse, quando visse a pessoa que faria de meus dias os mais memoráveis o possível, seria tudo muito instantâneo, como acontece nos dramas: uma troca de olhares breve e PUM!, tínhamos um novo casal apaixonado.
Talvez eu idealizasse tanto o amor que quando ele se apresentou a mim, eu demorei a perceber e, consequentemente, a aceitá-lo.
Quando nascemos já somos vestidos com um estereótipo considerado "normal" para a sociedade. Nossos pais, vizinhos e parentes já fazem planos para a nossa vida de forma inconsciente, porque isso é o esperado. Desde pequeno lhe é ensinado que você deve ser um bom aluno se quiser atingir notas altas para adentrar uma universidade e, em seguida, alcançar um bom emprego. Porque, nesse discurso todo, é enfatizado que você precisa, acima de qualquer coisa, de estabilidade financeira. Afinal de contas, só assim você conseguirá casar, comprar uma casa num bairro abastado, um carro do ano e, enfim, fazer aquilo que todos esperam de você: ter filhos e formar uma família tradicional e, aparentemente, feliz.
E era assim que eu pensava. Porque foi assim que fui ensinado toda a minha vida.
Mas meu mundo perfeito veio abaixo com a descoberta de sentimentos que não deveriam existir; não por aquela pessoa.
Conheci Luhan e Chanyeol no Ensino Médio e foi fácil nos tornarmos amigos logo, mas antes disso era Jongin que sempre esteve ao meu lado. Éramos aqueles típicos amigos de infância que, por sorte do destino, passam pelas primeiras e mais assustadoras etapas da vida juntos, lado a lado, apoiando um ao outro incondicionalmente.
Nosso primeiro encontro foi na primeira classe do fundamental. Jongin era engraçado e a falta de um dos dentes da frente apenas solidificava ainda mais aquele fato. Apesar de tímido, me aproximar de uma criança extrovertida como Jongin não foi difícil, porque era assim que as coisas funcionavam conosco: era tudo muito simples.
Antes que nos déssemos conta já estávamos frequentando um a casa do outro, implorando por mais cinco minutos quando uma das mães vinha nos buscar na porta e, depois de passado os cinco minutos, voltando a implorar para que uma noite fora de casa fosse concedida.
Nossas mães se tornaram amigas logo e, dessa forma, toda a família Kim e Zhang passaram a conviver constantemente, unidas pela amizade de duas crianças inocentes.
Minha mãe, apesar de não falar abertamente, parecia muito contente pela rápida adaptação que tive ao fazer amigos. Ela gostava de Jongin e de toda sua família. Gostava, ainda mais, do fato de meu mais novo amigo possuir uma família completa e numerosa, destonando da nossa que incluía apenas nós dois e minha avó. Por algum motivo, ela achava que todo o amor e atenção que os Kim me ofereciam era o suficiente para suprir a falta de uma figura masculina em minha vida.
Apesar de nunca ter reclamado, ter o Sr. Kim como figura paterna tornou-se um fato reconfortante. O pai de Jongin, inesperadamente, se tornou um pai para mim e me vi cada vez mais apoiado nos membros da família Kim, sem que me pedissem nada em troca.
A mãe de Jongin era sorridente e engraçada, uma cópia mais nova de minha avó. Suas duas irmãs mais velhas eram tão belas e divertidas quanto a matriarca, e sempre pareciam me mimar duas vezes mais que ao próprio irmão. Jongin também tinha um irmão mais velho, apenas dois anos de diferença, mas ambos se davam igualmente bem; então foi fácil adquirir respeito e camaradagem pelo mesmo.
No fim das contas, um garotinho que tinha apenas a avó e a mãe como amigas, recebeu toda uma família como presente onde, para sua sorte, todos passaram a amá-lo incondicionalmente.
Em um inverno rigoroso, onde Jongin e eu aprendíamos a enfrentar os terríveis anseios dos nossos doze anos de idade, minha mãe deixou esse mundo, pega por uma pneumonia muito forte. O tempo frio naquela estação pareceu perdurar mesmo depois que a neve havia sumido das ruas e o sol começara a se posicionar — majestoso — no céu. Naquela época, minha avó e eu teríamos vivido um dos piores momentos de toda nossa vida se estivéssemos sozinhos; mas não estávamos.
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First Time
FanfictionLuhan amava "Primeiras Vezes". Ele sabia que até a mais dolorosa primeira vez, mesmo sendo ela um coração partido, ainda assim era memorável. Aos poucos, ele experimentava cada primeira vez, fascinado com o quão complexas e desastrosas elas poderi...