• every time that we touch it's dangerous

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­— Taehyung! — Eu não sabia de onde vinha tanta força de minha voz, que ainda estava embargada pela lágrimas que insistiam em rolar pelo meu rosto. Naquele ponto, alguns vizinhos colocavam a cabeça para fora no corredor, para saber o que estava acontecendo, evitando que seus filhos vissem e fechavam a porta. O rapaz alto, a uma distância razoável, andava em passos lentos enquanto eu gritava por seu nome e corria atrás. — Taehyung, por favor... Espera. — Eu ainda corria em sua direção, com a vista um pouco turva e só senti meu corpo se chocar contra suas costas. Como um reflexo, meus braços rodearam seu corpo, o travando no lugar. Sua respiração não estava normal e eu sabia que ele estava prendendo o choro. Aquilo me matava. — Tae, eu preciso de você... — Eu já chorava de novo contra o seu casaco, apertando seu corpo ao meu. Eu não estava ligando se alguém estava assistindo aquela cena patética, eu só queria estar com ele, nem que fosse por alguns minutos. Nossos últimos minutos.

Ficamos por alguns minutos naquela posição, até sentir suas mãos em meus braços e depois me vi livre de seu corpo. Meu rosto estava quente pelas lagrimas e com a sensação de inchaço. Ele continuou de costas e em meus pensamentos eu só pedia para ver o seu rosto mais uma vez. E ele parecia ter ouvido meus pensamentos, pois virou de frente para mim e no exato momento, meu coração se apertou ao ver seu rosto. Um rastro de sangue descia pelo canto esquerdo de sua testa e um leve corte em sua sobrancelha. Eu quis chorar outra vez. Aproximei minha mão direita de seu rosto, mas ele a pegou no ar impedindo minha ação. Olhei para minha mão e me surpreendi com o sangue que tinha nela. As imagens do acontecimento de antes estavam frescas em minha memória e ao toque de Taehyung em meu pulso, eu entendia o que ele estava fazendo.

Ele estava me deixando de vez. Ele estava me tirando de sua vida com apenas um toque, um toque que poderia mudar tudo, que nos faria esquecer tudo que tinha acontecido como das outras vezes. Era o fim.

— Acabou. —Taehyung soltou meu pulso. — Você está livre. — Seu tom era de amargura misturado com um sarcasmo que eu bem conhecia. — Olha pra você, como tem coragem de abrir a boca pra falar que precisa de mim? Eu queria ter um espelho para você se ver e repensar todas as suas suplicas. — As suas palavras entraram com força em meu coração, de um jeito ruim. — Nós fomos longe demais. Não fazemos bem um para o outro. A gente se destrói a cada dia e isso se tornou um ciclo vicioso. — Eu já chorava outra vez. Patética. Ele deu uns passos em minha direção e tocou meu rosto, limpando as lagrimas. Eu não deveria permitir isso, mas eu não tinha mais controle algum no estado em que me encontrava. — Se eu soubesse que iria acontecer isso tudo, eu nunca teria permitido você entrar na minha vida.

Suas palavras me cortaram bem fundo. Memorias de 3 anos surgiram em minha mente e eu tentava vasculhar o momento exato em que tudo começou a dar errado. E a verdade é que, o erro já existia quando me permiti ser levada, encantada, por seus beijos e sorrisos.

Toquei sua mão, que ainda estava em meu rosto e me permiti cometer outro erro. O ultimo.

Meus braços contornaram seu pescoço e guiei meus lábios rapidamente de encontro ao seu. Ele pareceu ter o mesmo pensamento que o meu. Seus braços foram para minha cintura, me puxando contra seu corpo. Os lábios de Taehyung saíram dos meus e foi os levando de encontra a minha bochecha e em seguida meu pescoço. Ele voltou para meus lábios, me levando até a parede mais próxima e prensou meu corpo nela. Suas mãos vagavam pelo meu corpo, como das ultimas vezes, mas dessa vez, tinha um sentimento diferente. Sentimento de adeus. Ele queria deixar marcado em sua memoria todas as partes do meu corpo, porque era a ultima vez. Seus lábios voltaram para o meu pescoço e suas mãos foram para o meu rosto. Ele parou com os beijos e ficou naquela posição, em seguida, senti algo molhar aquela área e meu coração se apertou. Taehyung chorava. Mesmo que fosse pouco, eu sabia o quanto era difícil para ele demonstrar sua fraqueza para mim.

Trouxe seu rosto para a minha frente e ele ainda chorava, pouco, mas chorava. Ele não afastou meu toque, então me permiti limpar o sangue de sua testa com a manga de meu casaco e depositei um beijo no local. Acariciei seus fios castanhos, enquanto sentia o seu olhar em mim e fiz uma coisa que já deveria ter feito.

O abracei.

Não foi qualquer abraço, foi um abraço de dor e tristeza. Era como se tivessem espinhos em seu abraço, pois doía muito e parecia que me matava aos poucos. Taehyung me apertou com força, como se precisasse daquilo por um longo tempo.

Me aperte um pouco mais forte até não podermos respirar.

Por que nos matamos lentamente?

— Os nossos monstros venceram. — Me permiti falar quando sai de seus braços. — Passamos tempo demais lutando um para segurar o outro que esquecemos do "Eu''. O que nós fizemos um ao outro, Tae? Deixamos de ser amigos para tornarmos inimigos.

— É tudo amor e guerra.

Eu fotografava Taehyung em minha mente, independente do estado físico e da situação em que nos encontrávamos. Mesmo sendo o pouco, eu queria ter essa vaga lembrança dele. Droga, eu o amava tanto. Mas não eramos bons um para o outro. Os opostos não se atraem tanto assim.

Eu precisava deixá-lo ir, para o bem de ambos. Eu precisava encarar minha vida sem ele. Precisava me reencontrar.

Sem mais palavras, apenas um sorriso fraco, nos despedimos. Para sempre. Ele tocou minha mão machucada, ainda com sangue e a beijou. Como eu fiz com sua testa. Mais uma parte de meu coração tinha sido quebrada. E ele me deu as costas.

Já na frente do elevador, de costas para mim, eu gritei pelo seu nome. Ele me olhou com um semblante mais calmo e sereno.

— Nós fomos uma merda, um para o outro. Mas eu realmente te amei. — A porta do elevador se abriu e ele colocou a mão no batente, esperando que eu falasse mais alguma coisa. — O monstro em mim, de verdade, amou o monstro que há em você.

Eu não esperava nada em troca. Eu não esperava um eu te amo de volta. Eu só queria botar aquilo pra fora. Para ele não se esquecer.

— Se cuida. — Ficamos nos encarando até a porta do elevador se fechar, dando fim ao nosso ultimo momento juntos.

Monster In Me | Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora