54° Capítulo

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Narração: Cleyton

Coloquei algumas coisas na mochila e meti o pé, puto pra caralho! Tô chateadão com meu pai mesmo, bagulho nada a ver ele vender a minha moto, não é um sentimento bom que corre na veia não, nunca me senti tão revoltado como nos últimos dias, uma fúria que não é de mim. Eu nunca AGI assim, sempre fui responsável em tudo desde muito moleque, minha mãe e minha vó sempre me ensinaram isso, independe do que o meu pai faça, a minha vida é diferente da dele, alguns vão ser exemplo para mim e outros não. Sempre entendi isso e não tenho interesse algum no tráfico. Nem por fama e nem por grana...

Depois que a minha própria tia traiu a minha confiança eu venho me sentindo estranho, tenho visto a vida com outros olhos deixei a ingenuidade um pouco de lado e tô passando a enxergar as coisas como sujeito homem, embora para uns não passa de molecagem.

A primeira é para baixo, o resto é para cima e isso é o que me acalma, pilotar é a minha droga, me tranquiliza e camufla a vida que eu levo. Eu posso ter tido tudo na vida desde o berço, mas só em pensar que o fim do meu coroa é trágico -que pode ser breve ou daqui há muito tempo- que eu posso o perder a qualquer momento, me deixa malucão e isso é o que vem me perturbando ainda mais.
Não gosto de fumar não, pensamentos retrógrados me apavoram e a pista é o que me acalma! Perder uma parada que tu gosta pra caralho, é ruinzão! Não é só um simples objeto. . .

Parei a Biz no portão da casa da Rayssa e buzinei duas vezes, biz corre nada, essas motinha são mais para mulher, é como se um acessório para um rolé de lazer em casa, eu gosto é de maquina bruta, que ronca e derrete o asfalto, que faz o coração acelerar.
A mãe dela apareceu na janela.
Cleyton: Coé tia, Rayssa está aí não?
— Ray foi trabalhar, ela deve está chegando já.
Cleyton: Trabalhar aonde? -pergunto surpreso.
— Com a sua mãe, ué.
Minha mãe é foda! Sabe que eu não queria que a mina trabalhasse, na moral fazem de tudo para me aborrecer. Eu tenho condições suficiente de manter ela e mais dez, não quero ela trabalhando e acabou! Vai arrumar um caô feio comigo, as duas.

Fiquei debaixo do pé de jamelão esperando ela chegar, essas porra caindo e manchando minha camisa...
Passou um cria convocando para a praia, os moleque que anda comigo nem são da boca.
Cleyton: Pô mano, nem vou... To sem moto.
— Dá em nada menor, tu é nós bora na minha e vai partir um carro também.
Cleyton: Tô esperando a mina aqui chegar, já falo contigo.
Ela chegou no moto táxi e nem me viu.
Cleyton: Coé garota. -chamo ela, que veio na minha direção
Rayssa: Ué voltou para a favela?
Cleyton: Nunca saí dela! -respondo puto- Que papo é esse que você está trabalhando?
Rayssa: Ainda não estou não, mas eu vou e nem adianta vir de bronca que você não me manda!!! -responde cheia de marra.
Cleyton: É isso mesmo que você quer, teu problema é dinheiro? Se abre comigo pô.
Rayssa: Vai ficar tendo dr no meio da rua mesmo? Vou entrar.
Cleyton: Tu é toda estranha, nunca vi faz tudo nas minhas costas, mano! Se está precisando era só falar comigo que eu do um jeito.
Rayssa: Mesmo você me ajudando eu não quero ser dependente de você não Cleyton, quero ter o meu!
Cleyton: Dependente o que garota...
Rayssa: É isso mesmo, não quero depender de homem para depois jogar na minha cara.
Cleyton: Já está falando merda, melhor tu se controlar!
Rayssa: Ai Cleyton, eu tô estressada vai embora vai!
Cleyton: Vou mesmo, talvez eu nem volte mais!
Meti o pé deixando ela de cara, tem mulher que não dá liberdade nem do cara fortalecer ela, então pra que namorar? Garota maluca!

Guardei a moto e esperei o moleque vir me buscar; saí da favela na garupa para falador não ter motivo de chegar em cima do meu pai, mas quando chegou na pista, meti a mão no freio de trás e chamei no grau.
Podem me tirar tudo o que eu tenho, mas não vão conseguir apagar o que eu sei!!! 🏍

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora