153° Capítulo

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Clarisse ouvindo rap no ultimo volume, essa é 100% favela cara, não se ouve um barulho nas redondezas de outras casas, só aqui.
Clarissa: ME CHAMA DE BEBÊ, QUE HOJE EU VOU BEBER A ÁGUA DO SEU CORPO... -berrava limpando o aquário.
Mayane: Nossa senhora hein, abaixa um pouco isso Clarisse, está muito alto. -peço, incomodada com o barulho que fazia.
Clarisse: Já está baixo mãe, ih...
Me enfiei no quarto e me tranquei, parede anti ruídos que impede o som de me incomodar. Garota doida de pedra!

WhatsApp Messenger// Brad 💕

Eu: Minha avó guardou nas suas coisas, deixou nem eu ver kkk.
"Bagulho é pra mim pô, não mexe não que a mão fica torta."
"Como estão as coisas aí?
Eu: Nasci mexendo em tudo kkk.
Eu:Aparentemente tudo tranquilo, tá ✌.
"Hum. Tranquilo. Viu lá a conta, o moleque já fez a transferência, dá um confere."
Eu: Não vi, depois eu olho pelo aplicativo.
Eu: Vou dormir, ainda não fiz isso.
"Já é, amanhã vou dá uma sumida, talvez só a noite faço contato contigo."
Eu: Tudo isso? Tá bom né 😓
"Bjs, fica com Deus aí, te amo minha loira.
Eu: Se cuida! Te ❤.

Dormir em carreira solo né, infelizmente eu tenho que dormir.
(...)

Fui em Resende buscar minhas encomendas, abasteci minhas lojas e parei na favela pra ver meu neto.
Mayane: Logo hoje que eu venho, esse puto está dormindo. -Falo, pondo o copo em cima da mesa de centro.
Rayssa: Dormiu quase agora, já já ele acorda.
Mayane: E como estão as coisas aqui?
Rayssa: Está tudo indo, uma paz de se desconfiar.
Mayane: Cadê o Cleyton?
Rayssa: Foi levar a cachorra no veterinário, parece que ela está morrendo...
Mayane: Ai, Serafim surta, nem brinca com uma coisa dessa.

Fiquei esperando só o meu bebê acordar para eu ir embora, Cleyton chegou sem a cachorra.
Mayane: O que houve?
Cleyton: Falou com meu pai hoje?
Mayane: Não, ele disse que só vai conseguir falar mais tarde.
Cleyton: A cachorra dele morreu pô, mó tempão que ele não vem ver os bicho.
Mayane: E o que aconteceu, morreu de que? -questiono incrédula- Cadê o Thor?
Cleyton: Adoeceu do nada, agora vão investigar a causa da morte... O Thor tem ficado lá na minha avó.
Mayane: Já estou até vendo a merda... Seu pai é muito apegado nesses cachorros.
Cleyton: É foda! Vai ficar puto, mas ela também já era velhona essa.

Meu dengo acordou e ao me ver pulou em cima de mim.
Mayane: Ai que saudade do me meu bebezão, que abandona a vovó.
Brinquei tanto que chega me deu canseira, amo tanto! Eu jamais imaginei que eu teria tanta energia para uma criança, viro chacota na mão dele que apronta comigo.

Quando eu estava indo embora começou um tiroteio de repente, entrei no carro assim mesmo e meti o pé, fui cortando caminho em meio as balas, que loucura! Ficou tão intenso que eu parei o carro e me abaixei dentro do mesmo.  Não é mole não, vou te contar... Por isso que Serafim, não me quer aqui, que de repente dá uma incerta que a bala canta, tanta favela por aí e eles vêm sufocar justamente aqui? Que saco!

Fiquei bem umas meia hora na mesma posição, chega deu uma dormência em minhas pernas. Quando os os tiros cessaram eu consegui sair da favela, só por Deus, fiquei a mercê de tudo hoje, chega estou passando mal.

Cheguei em casa já guardando as coisas e pelo visto do silêncio Clarisse, não estava. Me troquei e peguei uma bolsa e pus minha bebida e uma taça, desci na piscina do condomínio pela primeira vez. Espaço bem diferente do outro condomínio que eu morava, bem superior. Me sentei na espreguiçadeira, só tinha um pessoal lendo e Clarisse na água.
Clarisse: Mãe, a senhora por aqui? -Diz afoita.
Mayane: Oi filha, que coincidência. -desdenho.
Enchi minha taça de Moêt Chandon, logo pus a garrafa em cima da mesa ao lado e fiquei em paz, só absolvendo o dia cansativo que tive hoje.

Serafim tem toda razão, as vezes ele fala e eu não levo a sério... Favela não é mais o meu lugar, não é aonde eu devo ficar mais ele tem razão, sem desmerecer a minha raiz depois que a gente se adapta com outros ambientes e passa a residir em outros cantos, a favela passa a ser somente um lugar para visitas. Hoje pela primeira vez eu senti medo de uma favela, tive medo de uma bala atravessar pelo vidro e me atingir, não esboçava reação, mas o meu coração estava minúsculo e meus pensamentos só pediam por livramento, que os tiros parassem para eu conseguir chegar em casa sã e salva; logo eu que sempre fui andarilha, já entrei em favela de qualquer facção sem medo, hoje tive medo da onde nasci, cresci e aprendi. . .
O bagulho está ficando doido mesmo e o melhor a ser feito é ficar daqui da minha casinha. Meu marido está coberto de razão!!!

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora