111° Capítulo

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Passagem de tempo// 1 Mês

Narração: George

Calor dos inferno. Uma porrada de homem falando, caralho tô ficando maluco!!!
Sei que vai ser breve e logo menos estarei fora daqui, ninguém nasce aqui dentro.

Entreguei o celular do moleque, estava falando com a minha prima, ela vai mandar umas paradas para mim e depositar um dinheiro para eu ter pelo menos minha sagrada maconha e um celular, que eu vou rachar com o menor aqui; é a única mulher que talvez eu queira que me dê uma força aqui, não quero ter união de bens com mulher nenhuma, não tive nem com a Mayane, vou me casar com qualquer uma? Nem amiga. Nem procurei já para não confundir as coisas, achar que é minha mulher e que tem direito de vir aqui. Não é nem por querer escolher, mas não vou fazer essa maluquice de deixar o desespero tomar conta da situação.
São 30 dias
4 Semanas e 2 dias
Só homens e grade...
Sem ter a liberdade, sem ver minha filha e na moral tem sido pior do que eu imaginei, Clarisse é o diferencial na minha vida e está foda ter que segurar essa pica de ficar distante da minha menina, só falando de vez em quando com ela, não é fácil não. Acho que o que tem sido mais complicado para mim é isso, desestabiliza legal.
Eu tô só o ódio de várias paradas, minha vó nem ligou pelo fato de eu estar aqui, minha prima deu o papo que ela diz não aguentar vir aqui, mas nem para procurar saber se vivo eu tô. Mais é isso, nós só tem a vida para contar, ninguém quer sustentar problema dos outros não, mas na hora boa de dividir os problemas com nós parece até uma seda. É cada um com seus problemas e assim segue!
—  Coé mano, quiser falar com a tua princesa só acionar.
George: Não pô, tá tranquilo, valeu.
— Quer comer? Come uma parada aí, minha mãe trás coisa pra caralho; por enquanto pô até tuas coisa chegarem.
George: Não menor tô tranquilo, brigadão mesmo.
— Ãnh, tem nada não pô, fica a vontade irmão! Lembro de tu pô, cresci com teu irmão, te vi molequinho.

Caralho... O cara deu vários papos verídico, me conhecia mesmo, contou várias aventuras do meu mano. Bateu maior saudade do meu jogador, várias lembranças vindo na mente. Não sei se é o sentimento bom ou o ódio que impera, meu irmãozinho faz falta pra caralho. Se ele tivesse vivo muitas coisas não teriam sido do jeito que foi; eu largado no mundo, portando um aço pesadão, cintura ignorante e impedindo que a vida de um cara se vá ou que ele caia atrás das grade. Sem pensar em mim, sem pensar no pouco que precisa da minha presença e que se importa comigo. A ficha demora a cair, só então a gente começa a refletir, põe os pontos nos is e percebe que nada vale a nossa liberdade! A vida de ninguém vale a nossa, eu preservei mais os outros do que eu, não quis saber de porra nenhuma, deixei que os problemas da infância afetasse o presente ao invés de procurar ser melhor...
Eu abandonei a escola para vingar a vida de quem já tinha ido, larguei o lápis para portar um fuzil e ser dez a 10 pela segurança de um homem.
E por isso hoje estou aqui...é o preço da vida que a gente leva, risco nós corre o tempo todo, até mesmo por aquele que nós guarda, mas independentemente nós não merece viver isso aqui não, igual porco no chiqueiro, num cerco burocrático só do lado de fora, só no intuito de fazer a família sofrer e aqui dentro quem manda é nós, que faz e tem o que quer. Ninguém merece isso aqui não. Eu só peço uma coisa: Liberdade pra mim e pros demais!!

Meu Deus, não consigo nem acreditar me livra desse pesadelo, me ajuda meu Deus eu preciso acordar.
Espero que esteja com meu Deus, que saudade que deu!🎼🔒

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora