Capítulo 14

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Ao voltarem para o palácio, Sarah sentiu muita falta de Peter. Parecia que não o via há anos, e ainda estava preocupada com o que poderia ter acontecido com ele. Ele desaparecera desde ontem, e ainda hoje, não havia nem sinal dele. Ela tinha decidido que não ia procurá-lo, mas resolveu que precisava falar com ele. Sentia falta de sua presença, de seu sorriso, de suas conversas e palhaçadas. E ainda por cima, queria conversar com alguém, que não fosse de sua família, em português. Por isso resolveu ir ao jardim para ver se o encontrava por lá.
Ao chegar lá, foi direto ao pomar de laranjas, mas ele não estava sentado lá como de costume. Resolveu, então, subir aquelas escadas para ir procurá-lo no terraço. Talvez ela tivesse a sorte de encontrá-lo por lá.
Subiu as escadas e encontrou um lindo príncipe sentado em um banco, de calça jeans e camiseta. Seu coração acelerou e ela pensou que devia ter se arrumado melhor para encontrá-lo.
- Uh-hum - Ela fez para chamá-lo atenção.
- Sarah! - Seus olhos se iluminaram ao vê-la.
- Desculpa por atrapalhar, Alteza. Eu posso me sentar aqui? - Disse apontando para o lugar que sobrava ao lado dele.
- É claro - levantou-se - desculpe por não mandar você se sentar antes. Sente-se, fique à vontade.
- Obrigada - Sorriu aliviada e meigamente. - Então, no que tanto pensa nosso príncipe?
- Ah Sarah... Eu lhe devo desculpas por ontem à noite. Meu pai me forçou a comparecer a um jantar com a família real de um reino próximo e eu nem pude lhe avisar. Me senti culpado até agora. Minhas sinceras desculpas. Espero que não tenha se entristecido comigo.
- Oh. Tudo bem, eu não fiquei triste. Só um pouco preocupada com o que podia ter acontecido, admito. Mas agora que sei que você está bem, está tudo certo. - Deu um sorriso, meigo que o encantou e colocou um brilho em seus olhos.
- Como foi sua aula hoje? - Perguntou tentando desviar o assunto, mas ainda sem desviar o olhar.
- Foi melhor do que ontem. Fiz novas amizades, conheci novos professores, e agora está melhor porque já conheço o sistema e certas regalias do lugar.
- Mesmo? E como são suas novas amizades?
- Bem, tudo começou na primeira aula, que era de inglês. Os amigos que fiz ontem não ficaram na mesma sala que eu, então resolvi sentar na segunda carteira, pra poder prestar mais atenção na aula. Depois senti uma bolinha de papel bater em mim e resolvi abri-la pra ver o que tinha nela. Era de um menino, seu nome é Michael. Ele pediu pra me conhecer melhor, pois tinha me achado encantadora.
- Hmm, é mesmo? - Perguntou um pouco enciumado, Peter.
- Sim, conversamos o resto da aula toda. Ele me ofereceu carona, mas minha mãe já havia ido me buscar.
- Ah, fico feliz que tenha feito mais amizades. Ele parece ser um bom amigo. - Disse dando uma ênfase na palavra "amigo".
- Sim, será um bom amigo, creio eu. - Ela sorriu - E o jantar com a família real de um reino próximo?
- Ah, sim. Posso dizer que não foi o melhor programa que poderia ter feito. Meu pai insiste para que eu tenha um casamento arranjado com ela, mas não é exatamente a minha vontade. Estou tentando convencer meu pai de me deixar escolher a mulher com quem vou me casar. Afinal, ele escolheu minha mãe, e ela não era princesa alguma na época. Mas parece que meu pai se esqueceu como é se apaixonar. Parece que pra ele agora, tudo são negócios. Só preciso fazer algo para lembrá-lo de como realmente é sentir.
- Mesmo? Quiseram arranjar um casamento entre você e ela? Poxa... - O silêncio constrangedor dominou o lugar.
Podiam-se ouvir os passarinhos cantando ao longe, barulhos de carros. Estava dando a hora do pôr do sol, o céu estava lindo, com poucas nuvens e estava ficando alaranjado. Aquele cenário se parecia mais com um quadro, daqueles que possuem uma paisagem que nem parece existir. Era mais do que magnífico, era de deixar qualquer um sem palavras.
- Eu senti sua falta ontem. - Ele disse a ela.
- Eu também senti muito a sua. - Ela fez biquinho.
Eles riram.
- Mas é sério, pareceu que não nos víamos há séculos. Quando a vi entrando aqui há algum tempo, eu quase não acreditei. Até porque pensei que você nunca fosse me perdoar por eu tê-la deixado esperando ontem, e pensei que de modo algum viria me procurar.
- E eu pensei que nem ia conseguir te achar aqui, fiquei muito surpresa de te ver também. E não há motivo para eu ter ficado brava. Sei que sua agenda é bastante cheia, sendo o príncipe dedicado que você é.
Eles ficaram um tempo em silêncio então ela deitou em seu ombro. Ele abraçou-a e fez carinho em sua cabeça. Ela estava nos braços de um príncipe, mas não se sentia assim. Sentia-se em casa. Apenas isso. Sentia que ali era o seu lugar, estava muito confortável. Depois de alguns minutos ele quebrou o gelo.
- Olha que pôr do sol lindo, não? - Ele disse pra ela.
Ela virou-se para olhá-lo, pois sentiu que ele olhava pra ela. Seus rostos ficaram bem próximos um do outro, dava quase para sentir um ao outro. O coração de Sarah começou a acelerar como nunca antes.
- Quase tão lindo quanto os seus olhos. - Ele completou.
Então ele a beijou. Beijou com carinho, como se ele tivesse tido vontade de fazê-lo há muito tempo. Ela retribuiu, com muito carinho também. Com amor.

Sarah e um príncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora