Capítulo 18

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A aula, que era dupla, acabou dando início ao intervalo. Saí conversando com Michael, que tinha finalmente parado de tentar me azarar, mas pra isso, precisei cortá-lo várias vezes.
- Então, você já conhece bem a Jordânia?
- Oh, ainda não. Quer dizer, eu me mudei pra cá faz pouco tempo e ainda não deu exatamente para conhecer a vida fora da escola e do palácio.
- Verdade, você está morando no palácio, não?
- Ah, sim. E está sendo muito bom, quer dizer, bem melhor do que eu esperava que pudesse ser.
- Tem algo de especial lá, não é?
- Oh, tem sim.
- Tipo princesas como você... - Oh não, vai começar tudo de novo.
- Sarah! - Para a minha alegria Keiko chegou depois desse infeliz comentário.
- Oi Keiko! - Fui cumprimentá-la.
- Eu posso conversar com você? - Ela pediu. E eu agradeci a Deus por isso.
- É claro! - Virei para Michael. - Michael, você se importa se eu for ficar com Keiko?
- Claro que não! - Ele me respondeu. - Até mais tarde.
- Até mais!
Assim que ele se foi eu fui à direção contrária com Keiko.
- Onde está Charles? - Perguntei.
- Está comprando comida pra gente. - Respondeu. - Você está radiante. Aconteceu algo de ontem pra hoje que você não me contou?
- Puxa, é tão perceptível que eu estou feliz assim? - Perguntei.
- Sarah, você não pára de sorrir! Agora me conte, antes que Charles volte.
- Você sabe o príncipe Hussein II?
- Mas é claro que sim! E quem não sabe! Inclusive já o vi em um jantar que fui com meu pai há muito tempo atrás... Foi uma honra!
- Pois bem, ele me contou sobre isso inclusive. Ele me pediu em namoro. Ainda está meio em segredo. Não que eu tenha que manter segredo, mas não quero espalhar para as pessoas uma coisa de tanta intimidade sobre a minha vida.
- NÃO ACREDITO NISSO! - Ela deu quase um grito.
- É verdade sim, mas seja mais discreta. - Pedi sem conseguir tirar o sorriso do rosto.
- Mas... como?
- Como o que? - Charles chegou bem na hora.
- Como é que você estava demorando tanto! - Completei rápido. - O que trouxe pra gente?
- Eu trouxe alguns salgados, vocês podem escolher. - Ele disse mostrando o que tinha em sua bandeja.
Comemos. A comida da escola não é ruim, pelo contrário, é bem boa. Passamos os outros horários todos na mesma sala, a maior coincidência. O dia estava sendo realmente bom, até que recebi uma mensagem de meu pai falando que minha mãe batera o carro e não poderia ir buscar a mim e meu irmão. Ele pediria para algum motorista ir nos buscar, mas infelizmente não foi possível, pois todos estavam ocupados levando presidentes de outros países que estão aqui em Amã. Terei de arrumar uma carona pra nós.
No fim da aula, comecei a ficar um pouco aflita. Precisava arrumar uma carona para encontrar com Peter e poder almoçar com ele. Fui buscar meu irmão em sua sala para depois ver o problema de como voltaremos pra casa.
- Caio, vamos ter que pegar carona para ir pra casa porque nossa mãe bateu o carro.
- Isso que eu ia te falar, Sarah. Arruma carona pra você porque eu vou ficar na escola hoje, terei de fazer um trabalho e tem duas aulas extras de tarde. Até lá já deve estar liberado algum motorista e se não, eu pego carona com algum colega.
- Tem certeza? - Perguntei insegura.
- Absoluta. Tchau, chatinha. - Ele despediu-se e foi embora sem dar mais satisfações.
Agora eu preciso ver o problema da minha carona. Talvez Michael possa me ajudar. Será? Eu pensava nisso quando ele apareceu ao meu lado - eu estava na frente da escola esperando por um milagre.
- A senhorita não quer uma carona? - Ele perguntou dando um sorriso.
- Acho que hoje eu aceito. - Sorri de volta.
- Então vamos! - Ele me guiou até um carro bem bonito. Vermelho e grande, um dos mais caros com certeza, só de olhar pra ele dá pra dizer. Ele deve ser daqueles meninos riquinhos, pensei.
Ele abriu a porta pra mim fazendo sinal para que eu entrasse. Tudo bem, ele era cavalheiro, mas nada de demais. Começamos a conversar e a conversa estava até bem interessante, até que meu telefone tocou.
- Alô? - Atendi.
- Boa tarde, princesa. - Soou uma voz conhecida do outro lado. Era Peter.
- Meu amor! - Abriu-se um sorriso no meu rosto só de ouvir tal voz.
- Fiquei sabendo que está sem carona pra voltar pra casa. Precisa que eu te busque?
- Ah, não se preocupe, eu já consegui carona com um amigo meu.
- Tem certeza?
- Sim, devo estar chegando daqui a uns dez minutos. Se quiser me esperar pra sairmos pra almoçar logo, é só me esperar no portão de dentro.
- Tudo bem, Sarah. Daqui a dez minutos eu estou lá, então.
- Beijos.
- Beijos. - Respondeu ele.
Tive a impressão que depois do telefonema a cara de Michael se fechou, mas ele continuou conversando comigo como se nada tivesse acontecido. Até que ele deixa transparecer bastante seus sentimentos, pelo que me parece. Depois de dez minutos, chegamos ao portão de dentro. Pude ver Peter me esperando lá, de pé. Lindo como sempre. Meu coração logo acelerou, como sempre que eu o via.
Despedi-me de Michael com um beijinho no rosto e agradeci pela carona para ir encontra-me com meu amado.
Assim que cheguei perto dele, ele disse:
- Como você está, princesa? - Ele gostava de me chamar assim: princesa. E eu gostava, porque fazia exatamente sentido pras circunstâncias. Então me beijou. Não ouvi barulho de motor de carro indo embora e concluí que Michael deveria estar ali ainda, mas não me importei. Nada importa quando estou beijando Peter. É incrível como seus beijos me elevam a outro mundo que me fazem esquecer o mundo em que vivo. Quando nos separamos, vi a partida rápida do carro de Michael.
- Aquele era Michael. - Disse a Peter.

Sarah e um príncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora