Anne ➸
Vou até a floresta que nos conhecemos pela primeira vez, primeira vez mesmo, em séculos passados. Uso o vestido azul turquesa que encontro no baú antigo de Anne do século XIX e me apaixono, era lindo, ela tinha um grande bom gosto. Deixo meu cabelo ruivo solto e me sinto bonita - o que é raro visto que nunca tive muita autoestima -.Acabo o encontrando em vestes da mesma época e vejo que ele levou a sério - bem a sério - nossas visões do passado. Eu dou uma leve risada e vou até ele.
- Oi, Doutor Blythe - digo zombando-o, embora eu estivesse magoada, não queria que ele soubesse disso
- Oi, Professora Cuthbert - diz ele zombando de mim e logo percebo que estamos em gargalhadas, somos bem conectados mesmo. - É para você, te trouxe uma flor - ele me entrega uma gardênia.
- Obrigada, Gilbert - digo com minhas bochechas ardendo e um pouco tímida então, ele logo me pergunta.
- Me acompanha? - E eu logo aceito, estava curiosa e esqueci a mágoa que senti
- Sim, é claro - digo determinada, estava me sentindo linda hoje e isso me deu confiança.
Atravessamos a floresta juntos, nossos braços estavam entrelaçados e logo chegamos num lugar que se assemelha a um jardim mas, ao mesmo tempo, é completamente diferente. O lugar que eu sonhava com ele, aquele primeiro lugar que eu sempre citei.
-É lindo - digo encantada e logo vejo no chão, uma toalha xadrez e uma cesta, ele preparou um piquenique.
- Eu queria te trazer num lugar lindo, num lugar que se assemelhasse ao que eu sinto quando te vejo, que de assemelhasse a sua beleza mas, percebi que nada se compara com você. - ele diz e logo coça a nuca com timidez, e eu logo coro, então ele apenas prossegue - Bem, vamos? Preparei isto para nós, queria me desculpar com você. - Logo que ele diz isso eu sinto uma certa culpa em sua voz e eu engulo a seco, como ele sabia?
- Pedir desculpas? Por quê? Você não me fez nada. - digo tentando desviar do que realmente senti.
- Eu sei que você se magoou com o que viu e bem, se não quiser falar sobre, tudo bem, mas pelo menos aceite minhas desculpas e lanche comigo. - ele diz envergonhado, sinto que ele se culpa por isso
- Tudo bem, eu aceito lanchar com você - digo e o vejo sorrir de canto, acho que odeixei um ouco feliz
Nos sentamos no chão e começamos a falar sobre nosso dia, sobre o que andava acontecendo e ele chega até o tal assunto, Josie Pye.
- Anne, eu queria te pedir desculpas pelo o que você viu, eu sei que não foi apropriado e, na verdade...- ele começa a falar rápido e eu o interrompo
- Gilbert, quem você fica ou deixa de ficar não é da minha conta, não precisa me explicar seus interesses românticos. - digo tranquila
- Preciso quando o meu interesse romântico é você. - ele diz com a voz firme e eu coro, então ele continua - Eu não queria isso, ela me forçou e logo que pude me afastei, fui um completo idiota de acreditar nela. - ele termina e eu vejo culpa em sua voz, mesmo já sabendo que ele não tinha tanto a ver com isso.
- Você não precisava me explicar, Gilbert. Eu sei do que ela é capaz e bem, não me importava porque sei que não temos nada. - falo isso com recentimento, mas eu sei que era a verdade. Não temos nada embora haja sentimento igual ele falou, então acabo terminando por aqui e logo troco de assunto - Bem... você toca violão? - pergunto para sairmos dessa tensão
- Na verdade, eu toco e trouxe ele comigo. Quer cantar um pouco?- logo que ele pergunta eu aceito, cantar sempre foi um hobby meu, junto de escrever, é claro.
Ele começa a tocar e eu logo percebo que é uma das minhas favoritas, Say you won't let go é tão linda e eu sempre fui apaixonada por essa música. Ele começa a cantá-la e eu vejo que sua voz é divinamente linda, logo ele pausa e eu prossigo, cantamos juntos em perfeita harmônia e ele toca definitivamente bem.
Acabamos cantando várias músicas, e sempre com aquela nossa ligação e harmônia. Quando acabamos, estamos ofegantes e cansados.- Anne, sua voz é linda - ele me elogia e minhas bochechas queimam e ficam vermelhas
- Ah Gilbert, não seja bobo, olhe sua voz, é magnífica - digo para disfarçar, mas fico feliz pelo elogio que ele me fez.
- Ok, ok, nossas vozes ficam lindas juntas. - ele fala com uma leve risada e eu acabo rindo junto
Logo após cantarmos, vamos comer e ele tinha trazido meu bolo favorito, de morango. Trouxe sanduíches e também refrescos, fico feliz por ele fazer de tudo para me agradar, achei fofo de sua parte, mas agora não é o momento de declarações.
- Gostou? - ele me pergunta sobre o bolo
- Sim, está delicioso - respondo a ele comendo logo em seguida mais um pequeno pedaço
- Fiz para você, Diana me disse ser seu favorito e eu aprendi a cozinhar com meu pai - ele me diz isso e eu fico realmente feliz, mas ei, Diana falou para Blythe sobre isso? Quem saberá se ela não contou minha vida inteira a ele também. Ele logo interrompe meus pensamentos - Ei, relaxa, ela não me contou mais nada sobre você, sei que estava pensando nisso - ele diz com risadas leves e depois continua a comer.
Depois disso ele me pediu para fechar os olhos e disse que me levaria a um lugar mágico, ele colocou algo em minhas mãos e uma flor atrás de minha orelha e logo em seguida disse em meu ouvido, bem de perto:
- estamos chegando, fica tranquila ruivinha - Pude sentir sua respiração em meu pescoço, o que me arrepiou, e em seguida andamos mais um pouco, até que ele me para - abra os olhos.
O lugar era lindo, estávamos no topo de uma montanha que tina uma cachoeira bem ao pôr do sol, era simplesmente fantástico.
- Gilbert, eu nem sei o que dizer, é lindo - falo encantada
- Olhe o que está em sua mão no fim do pôr do sol, saberá o que dizer - ele tinha colocado uma pequena carta em minhas mãos com algo pesadinho dentro.
Observamos o pôr do sol juntos, eu não chegaria tarde em casa então estava tudo bem, logo eu sinto ele colocar sua mão na minha e eu as uno, logo depois ele chega mais para perto de mim e eu me aconchego em seu ombro, ele acaba me abraçando e ficamos ali por um tempo até o fim e logo eu pego seu envelope e leio:
Querida Anne
me faltam palavras para descrever o que sinto quando te vejo, é simplesmente a visão mais linda que um ser humano poderia ter. Você encanta as pessoas de uma maneira que as faz perder as palavras e simplesmente agir como você, com felicidade e entusiasmo, com perseverança, com amor, com otimismo, você transmite isso as pessoas e transforma a vida delas nessa loucura fascinante que nos faz feliz e eu jamais deixarei de te agradecer por fazer isso com a minha também. Espero que aceite o pequeno presente.
Gilbert BlytheDentro do envelope havia uma pequena corrente com um pingente de trevo de quatro folhas com pedrinhas, era lindo e fascinante, eu fiquei encantada com isso
- Gilbert, é lindo, mas eu não posso aceitar, você fez tanto por mim hoje, não posso - digo a ele com sinceridade
- Pode sim, é seu e eu comprei para você, você faz muito mais por mim todos os dias, tenho ue te retribuir. Aceite, é apenas seu. - ele diz olhando em meus olhos e eu logo cedo a isso
- Ok, coloque para mim, por favor. - peço a ele que logo coloca direitinho em meu pescoço - obrigada pelo presente, fico encantada e extremamente agradecida.
Ficamos juntos mais um tempo e eu fiquei encarando seu rosto, seus olhos, suas pequeninas sardas, seu nariz, seus lábios, passei para seu cabelo e logo não me segurei, eu o beijei.
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constellations ➸ [shirbert]
RomanceAnne e Gilbert se conheceram por acaso, em uma viagem ao qual foi memorável para ambos, mas o que eles não sabiam era que tinham uma conexão bem antiga que os ligava, uma conexão de outras vidas, uma constelação que os une.