Após levar o tapa no rosto, Natasha lutou contra a própria vontade de matar Belinda. A vampira havia atravessado mais de 8 mil quilômetros para estar ali e sua falta de paciência estava desconfortável até para ela mesma. Era como se a morte de Lónan tivesse alterado o ciclo natural do universo. Enquanto desde a infância, Lónan havia revelado seus traços narcisistas, Natasha parecia capaz de sentir até demais as energias e karmas coletivos. Natasha não tinha muitas respostas sobre o que estava acontecendo e algo havia a levado até São Cipriano, se iria consegui-las ou não, ela não sabia, mas não poderia ignorar o chamado.
- Você não vai ajudar sua mãe? - berrou Belinda.
- Se eu matar sua mãe, estarei te fazendo um favor. Não é preciso ler sua mente para saber o quanto você guarda ressentimentos e Belinda nunca soube como te oferecer o que você tanto desejou: afeto.
As palavras não passaram despercebidas por Belinda. Ela sabia que estava longe de ser uma mãe perfeita e invejava como algumas mulheres eram naturalmente maternas, como o relacionamento amoroso entre Amanda e Jess. Belinda tentou pensar na própria mãe que havia vivido como se na adolescência os filhos já eram capazes de se cuidar. Na sua época, não havia toda essa preocupação com os relacionamentos afetivos e a saúde mental. Era como se cada um fosse responsável pelo seu próprio destino.
- A Natasha que eu conheci não faria algo tão imbecil assim. Lónan com certeza, mas você... Eu pensava que você era uma boa pessoa - disse Babi, ao tentar se aproximar. A garota estava tentando ganhar tempo. Por mais que ela quisesse ser capaz de lidar sozinha com aquela confusão, como a mãe estava envolvida, Babi reuniu suas energias e se conectou com Jess, na esperança de que a amiga captasse sua mensagem.
Em uma tentativa desesperada de se salvar, Belinda abriu a boca e mordeu a mão de Natasha. Uma onda de energia escura envolveu o braço de Natasha e, sem pensar duas vezes, ela arremessou Belinda contra a parede, como se fosse uma boneca defeituosa. Belinda apagou no mesmo instante.
Babi correu até a mãe. Ela posicionou as mãos sobre Belinda e junto com a vibração energética, sua preocupação era avaliar se o coração dela estava bem.
- Você e seu irmão prometeram que nunca mais voltariam a São Cipriano. O que está fazendo aqui?
- Não se faça de boba. Me dê um bom motivo para não comer o coração da sua mãe na sua frente e depois acabar com você - Natasha apertou o pulso de Babi e sentiu a pressão da garota elevando e o cheiro do medo.
A garota pensou que por seu corpo físico não estar ali, Natasha seria incapaz de tocá-la, mas os vampiros de energia eram capazes de tocar o espírito dos outros. Um arrepio passou pelos seus braços. Isso significava que se Natasha matar meu corpo astral, eu estou perdida?
- Me deixe em paz, Natasha - Babi gritou e o vidro janela explodiu, lançando pedaços cortantes na direção de Natasha. A vampira moveu o braço em um movimento circular e uma espiral de energia escura se formou e absorveu os objetos. Tão rápido quanto havia aparecido, o vórtice desapareceu quando Natasha estalou os dedos.
- Boa tentativa, gatinha! - Natasha riu quando Babi ficou de boca aberta. - Você não é a única com alguns truques na manga. Há quanto tempo eu não via fadas e silfos nas cidades.
Natasha tirou um vidrinho da bolsa e soprou um pó marrom na direção da garota. Os seres mágicos que voavam ao redor de Babi se tornaram visíveis.
- Tão pequenos, mas tão apetitosos. - Natasha segurou as asas de uma das fadas e um silfo tentou libertar a colega, direcionando uma luz mágica no nariz da vampira, que não aguentou e acabou espirrando. - Eu me lembro de quando não era proibido sugar a energia dos elementais. Quando os homens começaram a derrubar florestas, acordos foram feitos entre os povos mágicos para garantir que o equilíbrio permanecesse. Posso estar um pouco fora de mim, mas ainda honro minhas promessas.
YOU ARE READING
O Sangue - Os Bruxos de São Cipriano Livro 3
FantasyLivro 3 da série Os Bruxos de São Cipriano. Sangue derramado nunca é coisa boa. Entre a raiva e a desolação, a morte é capaz de mudar tudo. Vingança. Justiça. O poder nos cega. Julgamos os outros pelas coisas que nós secretamente faríamos ou desejáv...