Capítulo 9

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Léo bateu à porta da frente e quase perdeu o ar quando viu Babi surgir. Ela fez um sinal para que ele e os amigos entrassem. Babi parecia incomodada, tentando mascarar com uma expressão fria. O namorado a conhecia o suficiente para saber que ela estava em seu personagem. Sempre que as coisas apertavam demais, era como se ela empurrasse para dentro o seu lado mais doce.

Dentro da casa, Sylvanus e Petrus estavam bem desconfortáveis na presença deles, conscientes de que a noite não terminaria bem. Manu não se surpreendeu com a vampira ali, mas ele sentiu a energia de Jess se transformando quando pisou na casa de Sylvanus.

- Natasha? Eu pensei que tivesse sido bem clara com você e seu irmão. Vocês não são bem-vindos em São Cipriano! - Jess bufou cheia de raiva. - Deixe meus amigos em paz.

- Será que você conhece tão bem seus amigos como imagina? - provocou Natasha.

- Pode ter certeza que os conheço melhor do que você. Seja lá o que você esteja procurando por aqui, é bom que encontre logo.

- Ou você vai fazer o quê? Me expulsar dessa cidadezinha de novo? Um de vocês matou Lónan e eu não saio daqui até conseguir minha vingança.

- Nenhum de nós matou, Lónan. Você acha que eu não saberia? - respondeu Jess com um tom autoritário. Manu segurou a mão dela em uma tentativa de acalmá-la, mas ela estava tão inquieta que o afastou.

Parecia que o tempo havia congelado. Jess não sabia de onde, mas uma onda de raiva subiu pelos antebraços dela. O brilho dos seus olhos havia desaparecido, como se tivesse sido coberto por uma névoa.

- Praestrangulo - A voz de Jess ecoou pela sala. Ela cruzou um braço sobre o outro e pressionou uma mão contra a outra, como se fosse uma cobra espremendo sua vítima.

Natasha colocou as mãos na garganta e se encostou contra a parede em uma tentativa de se libertar da magia, mas era forte demais até para ela mesma. Quando ela olhou para Babi e percebeu que ela também estava sufocando, agradeceu aos deuses da noite; sua magia havia garantido que ninguém a mataria, ou a bruxa morreria junto. A vampira havia subestimado o poder do círculo. Ao embarcar naquela jornada para vingar a morte do irmão, era quase como se ela tivesse se inscrito para uma missão suicida.

- Pare! Você está machucando Babi - pediu Léo, mas Jess permaneceu na mesma posição alheia ao que estava acontecendo.

Uma aura preta cobriu o corpo de Jess, como fumaça. Manu tentou interromper a namorada, mas ao tocá-la foi como se uma descarga elétrica tivesse invadido seu espírito. A energia de Jess estava diferente do que ele costumava sentir.

"Por favor, eu não consigo respirar", Babi mandou a mensagem para a mente de Jess. Foi como se o tempo todo uma parte de Jess estivesse inconsciente, sendo comandada por uma força maligna.

- Se você tentar me matar, sua amiguinha morre comigo.

Jess se lembrou da noite em que a mãe quase foi para o outro plano. As peças se encaixaram em sua cabeça. Antes de ir embora de São Cipriano, Lónan não havia desmarcado Amanda. Ela queria parar, mas não conseguia. Havia algo pressionando Jess, como numa daquelas situações em que experimentamos tanto estresse que o corpo astral se torna um espectador do corpo físico. "Eu não consigo", Jess enviou o pensamento para Manu, mas era como se sua mente estivesse bloqueada.

Percebendo o rosto de Babi cada vez mais pálido, Léo pediu desculpas e empurrou Jess contra a parede. Manu fez uma careta para o amigo e se abaixou para ajudar a namorada a se levantar.

O Sangue - Os Bruxos de São Cipriano Livro 3Where stories live. Discover now