Octo.

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Siriús não conseguia dormir a noite. Por mais que rodasse e rodasse na cama as palavras do seu irmão gritavam na sua mente. Por que Régulo precisava de ajuda agora? E o que ele queria exatamente?
Seu irmão sempre fora o menino de ouro da família, sempre fez tudo o que foi mandando em uma lealdade cega. O que o fizera mudar de ideia?

Tiago percebe a cama ao lado rangendo incansavelmente e se senta, já colocando seus óculos.
- Precisa conversar? - Ele pergunta ao amigo.
- E de um copo de leite quente. - Black responde e os dois se levantam silenciosamente. Tiago pega a capa da invisibilidade enquanto Siriús pega o mapa e a varinha.
- A área está limpa na cozinha? - Potter questiona.
- Vamos para o salão para que eu possa usar o lumus, imbecil. - O cacheado brinca e eles seguem escada abaixo até o salão escuro da Grifinoria onde a lareira estava reduzida a brasas.  - Lumos. - A luz acendeu-se da varinha. - Juro Solenemente Não Fazer Nada de Bom. - Ao proferir o juramento com a ponta da varinha encostada no mapa, Black e Potter se juntam para lerem-o, verificando que a área estava limpa e que Flich estava bem longe do Salão Principal, e das escadas para o Porão da Lufa-lufa.

- Você fica responsável pelo mapa. - Tiago fala e Siriús revira os olhos, normalmente era sempre assim.

- Oh, me diga uma novidade, grande sábio. - Black fala em tom zombareteiro e empurra o amigo de lado.

Juntos e cobertos pela capa da invisibilidade, os dois garotos saem do Salão Comunal da Grifinoria e começam a de aventurar, cuidadosamente, nos corredores escuros e vazios de Hogwarts.

Assim que chegam na frente do quadro da cozinha, Tiago faz cócegas na pera, revelando a maçaneta verde. Os dois garotos entram, encontrando alguns elfos dormindo.

- Olá? - Sirius chama baixinho. - Algum de vocês pode me dar uma caneca de leite quente? - Logo pode ser ouvida uma movimentação e um elfo doméstico aparece com a caneca na mão.

- Aqui está, meu senhor. - Ele diz e some de novo.  Tiago e Sirius se sentam na bancada que havia ali e Black começa a tomar seu leite quente, notando que seu companheiro ganhara uma caneca também.

- Me diz o que te aflinge. - Potter fala, empurrando o joelho do garoto ao seu lado com o seu.

- Ainda estou pensando no que Régulo me disse. Por que o senhor das trevas esteve na minha casa? - Black questiona.

- A família Black é a família mais ligada ao nome da Sonserina e a que mais se importa com a pureza de sangue. Talvez ele queira aliados. - Potter responde pensativo.

- Acho que dessa vez é algo mais sério. Acho que ele quer formar um exército ainda melhor. - O cacheado fala e bebe ainda mais o leite.

- E por isso chamou o seu irmão. O que você acha que Régulo quis indo atrás de você? - Tiago pergunta, mesmo com medo da resposta.

- Ele quer que eu vá no seu lugar. - Sirius engole em seco. - Se ele não for, será castigado, porque sabe que nossa mãe jamais permitiria que ele cometesse uma desonra dessa, mas ele não percebe que se eu for, ele irá junto.

- Afinal ele é o prodígio. - Tiago completa e segura o rosto de Sirius para que ele o encare. - Não posso dizer por ele, mas eu jamais vou deixar que você se alie àquela cobra.
Por conta da proximidade, o coração de Sirius acelera. Ali estava ele, diante do garoto que sempre amou. Diante do amor sempre negado e disfarçado.

- Devo deixar meu irmão sozinho? - Black questiona.
- Nós daremos um jeito. Eu prometo. - Potter diz e ele estende a mão, recebendo a do outro na sua em um aperto forte. - Nada e nem ninguém vai nos separar, irmão. - O coração de Sirius para e murcha, enquanto sobe à boca de Tiago uma sensação nauseante com relação à última palavra dita. Afinal de contas, eles não eram como irmãos? Quando isso havia mudado? Quando aquela palavra, antes tão familiar, passara a ter o gosto pesado e ferroso? Tiago sentia sua garganta queimar por ter dito isso, sem saber que o garoto na sua frente se sentia tão desconfortável quanto.
E então, em silêncio, eles partiram para o quarto, deitaram um ao lado do outro e poderiam ouvir as respirações pesadas, até que Sirius quebra o silêncio.

- Boa noite, Pontas, obrigada por ser um bom irmão. - E ambos foram dormir com os corações pesados e um misto de confusão.

Cervus et Lupus - Tiago e SiriusOnde histórias criam vida. Descubra agora