Capítulo 25

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Dulce aí eha Sheik

Com os olhos secos por sua dor ser forte demais até para que pudesse chorar, ela dobrou a carta e a colocou dentro de um envelope lacrado. Quando ela havia começado, tinha pensado em escrever algo furioso, mas ela não consegui. Pegando uma bolsa e a carta, ela foi até o escritório dele, o único local que ninguém pisaria até que ele voltasse. Ela colocou a carta no centro de sua mesa, onde ele a veria imediatamente. Suas mãos acariciaram o suave mármore em um último e doloroso adeus. Naquele quarto eles haviam aprendido tanto um sobre o outro e ali também ela havia começado a ajudá-lo em suas tarefas.

- Mas não foi o bastante.

Rangendo os dentes, ela quase saiu correndo do escritório, incapaz de suportar a tempestade de lembranças. Já do lado de fora, ela colocou os óculos escuros e aguardou o motorista trazer o carro. Dois minutos depois ela estava a caminho.

Os belos Minaretes, e os coloridos mercados que passavam do lado de fora lhe trouxeram lágrimas. A sensação de perda era avassaladora. Aquele lugar tinha se tornado seu lar. Os odores exóticos, o calor opressivo, as pessoas sorridentes de olhos brilhantes. Eram todos agora parte dela e para sempre o seriam.

Assim como Christopher.

As docas estavam movimentadas. O motorista parou em frente ao popular café a beira-mar que ela havia indicado.

- Eu vim me encontrar com uma pessoa para almoçar, portanto, pó partir se desejar.

- Eu aguardarei aqui.

Ela não esperava que fosse diferente. Christopher havia deixado ordem para todos ficarem de olho nela.

No momento em que ela saiu do carro, as pessoas acenaram e chamaram por ela. Aqueles generosos habitantes do dia a haviam aceitado sem questionar. Mesmo assim, nem mesmo com eles ela suportaria compartilhar Christopher. Após cumprimentar seu povo com sorrisos forçados, ela entrou no restaurante e procurou a recepcionista.

- Dulce ai eha Sheik, você quer escolher uma mesa?

Ela estava radiosa.

- Obrigada, mas eu estava pensando se você poderia me ajudar?

Sua voz era suave, mas não soou tão trêmula como imaginara.

- Mas é claro!

- Uma equipe de notícias estrangeira de alguma maneira conseguiu entrar em Zulheil e estão me seguindo. Se você puder me levar até a porta dos fundos, meu motorista já avisou a um outro para me buscar. É muito incomodado ser caçada desta maneira.

A porta dos fundos dava para um beco estreito. Apesar da passagem ser limpa, tinha também um ar abandonado e silencioso. A recepcionista olhou em volta, franzindo a testa.

- Não tem nenhum motorista aqui.

- Ah, ele está esperando logo ali na frente. Obrigada.

Antes que a mulher dissesse qualquer coisa, Dulce começou a caminhar confiante pela pequena passagem de pedras
Assim que não podia mais ser vista, seguiu em direção a beira-mar.

Parecia que a sua sorte estava mudando. Um navio de cruzeiro estava ancorado apenas por três horas para se abastecer. Em meio ao grupo de turistas europeus, Dulce não mais se destacava. As autoridades estavam á espreita de qualquer com a intenção de partir, mas ninguém notou uma pequena mulher se misturando à colorida massa humana.

Dulce descobriu que a companhia do cruzeiro estava mais do que feliz em receber mais um passageiro pagante, havendo perdido alguns na última parada devido a doenças. Com uma quase instintiva precaução, ela usou seu passaporte da Nova Zelândia.

Uma hora depois, ela assistiu as brilhantes areias do deserto de Zulheil se esconderem atrás do horizonte. Permaneceu no convés, com o vento acariciando seu rosto, incapaz de mexer seus olhos para outra direção. Uma parte de si acreditava que se ela não perdece a terra de vista, os últimos laços que a ligavam a Christopher não iriam desaparecer também. Então a noite caiu, trazendo um fim para aquele sonho impossível.

A lua brilhou sobre os mirantes de Zulheina, mas Christopher não conseguia encontrar um fim para a dilacerante sensação de perda que parecia se espalhar por sua alma e devorar completamente qualquer esperança de fecilidade.

Ela já estava na metade do caminho para Abraz, quando uma dor pungente o tomou. Ele entregará seu coração a Dulce e ela o havia feito em pedaços mais uma vez. Ela ainda não sabia bem o que faria para sobreviver. Ninguém além de Dulce poderia ser sua esposa,as como é que ele poderia permanecer com uma mulher que era capaz de traí-lo com tamanha facilidade?

Sua mente continuava a lhe repetir a imagem mais dolorosa - a da evidente agonia nos olhos de Dulce quando ele contou que desposaria outra mulher.

Alguma coisa desesperada e primitiva dentro dele continuava a repetir que ele havia cometido um erro e devia voltar para casa. Procurando por qualquer vestígio de esperança, ele finalmente tinha parado de reagir e começado a escutar novamente.

Olhando com a razão, sem a cegueira ocasionada por seu coração partido, nada daquilo fazia sentido. Se Dulce quisesse tê-lo deixado, ela poderia fazê-lo sem a ajuda de Belinda. O pavor tomou Christopher quando ele se deu conta de tudo, mas foi a lembrança da revelação de Jamar que o fez perder o fôlego. Por que razão um guarda-corpo lhe revelaria uma tradição de uma maneira tão casual - no corredor de um hotel, onde qualquer pessoa poderia ter escutado?

Christopher pediu ao motorista do carro que retornasse o mais rápido possível a Zulheina. Ele pegou o telefone do carro. O segurança atendeu no segundo toque.

– Senhor?

– Eu estava pensando em comprar um presente para minha esposa ee lembrei do que você me disse na Austrália. Dulce ficou entusiasmada quando sua irmã lhe perguntou a respeito de marcar as passagens para Nova Zelândia?

Sua mão estava apertando com força o aparelho.

– Eu escutei Dulce aí eha Sheik dizer que ela iria perguntar ao senhor se teria algum tempo livre. Eu acredito que ela iria gostar de uma viagem como presente, - ela pode perceber o sorriso por ter sido consultado, no tom de voz de Jamar. – Eu fui chamado antes que pudesse perguntar se poderia ser o segurança dela, caso esta viagem viesse a acontecer. Eu sei que pergunto demais, mas... Eu não gostei nada do jeito da irmã dela.

– Eu concordo, Jamar. Muito obrigado.

Christopher quase não conseguiu responder. Com seu sangue gelado pela compreensão de ter cometido um erro incalculável, ele retornou a Zulheina.

Tarde demais. Absolutamente tarde demais.

Christopher não estava preparado para aceitar que a havia perdido para sempre. A mulher que sua Dulce se tornará, o havia mudado. Sua força, a habilidade dela em liderar a seu lado, sua gloriosa sensualidade... Ela era insubstituível.

– Você me pertence, Dulce.

Meu Sheik do desertoOnde histórias criam vida. Descubra agora