Os sonhos de Elsa pareciam finalmente ter se tornado reais. Ali, sentada melancolicamente no centro do salão, a rainha encarava o chão, sendo capaz de ver seu próprio reflexo. Com isso, se lembrava de seus pesadelos, onde ela sempre estava em cima de um grande lago congelado e ele se quebrava. Bom, é claro que aquilo não era um lago congelado, mas ainda sim, sentiu como se estivesse se afogando.
Quando teve coragem para erguer a cabeça, suspirou frio ao ver que tudo havia sido perdido. “O que será de Arendelle agora?”
A brisa suave rondava o salão, balançando o cabelo da rainha. Ao mesmo tempo, pequenos flocos de neve eram vistos caindo em suas madeixas loiras. Antes, teria pensado ser uma visão incrível, mas agora, sentia como se fossem lágrimas que haviam sido congeladas. Olhou em volta, viu todos como gelo. Um único toque com um pouco mais de força e eles certamente se quebrariam em pedaços.
O que Elsa diria se soubesse que sua irmã também havia sido congelada enquanto observava o palácio em guerra, com os olhos cheios de esperança?
A princesa Ana não demonstrou surpresa ao ver que a forte nevasca se aproximava ainda mais. Ao contrário. Soube que Elsa havia feito o seu melhor, assim como Jack Frost. Diferente de Ana, a expressão congelada de Kristoff indicava medo e preocupação. Me atrevo a dizer que seu último pensamento poderia ter sido algo como: “O que vem agora?”. Ninguém saberia dizer ao certo. A propósito, de todas as pessoas… e “seres” do reino, havia um entre eles no qual não sofreu com a nevasca.
— Essa não… – a voz de Olaf soprou em um suspiro cheio de tristeza. Sentindo que seu coração havia se partido em milhões de pedaços, colocou seus braços em frente ao peito, dando alguns passos até chegar a Ana.
Um pequeno caixote abaixo da janela aberta foi o suficiente para que Olaf pudesse alcançar e subir. Pôde ver o reino. Uma fortaleza de gelo que até poucos minutos, era cheio de vida. E agora, não passava do resquício de uma lembrança. Olaf se encheu de dor. E pela primeira vez, se pegou chorando. Cobriu os olhos, embora soubesse que ninguém se importaria de vê-lo daquele jeito. Mas algo em seu coração falou mais alto, o fazendo cessar as lágrimas. Mais uma vez, olhou pela janela e observou com atenção o palácio de gelo.
Nem tudo estava perdido.
No palácio, o olhar assustado da rainha dava voltas em todo o salão, até finalmente chegar a Jack Frost. Deixe-me dizer uma coisa. Durante toda sua vida, Elsa se mostrou relutante em relação a chorar na frente de outras pessoas. Quando acontecia, sua única companhia era seu travesseiro ou então o tão conhecido cantinho em seu quarto. No entanto, ali, a rainha de Arendelle não pôde ser capaz de segurar seu choro.
— Ah, Jack… – ela sussurrou, tocando o rosto do rapaz com cuidado — Eu sinto muito. Eu não queria! Eu não consegui parar – ela se lamentou, cobrindo o rosto.
Com o salão em total silêncio, apenas o som do choro da rainha podia ser ouvido – isto é, se houvesse alguém para ouvir. Mas devo dizer que havia sim alguém. Elsa foi surpreendida pelo boneco de neve, que puxou a saia de seu vestido na intenção de fazê-la olhar para ele. Pobre Olaf, estava desolado. Com o olhar triste, ele esperou que Elsa dissesse alguma coisa. No entanto, isso não aconteceu. Olaf olhou em volta. Viu seu reflexo na parede congelada.
— O que faremos agora? – perguntou o boneco.
— Que sorte a sua, Olaf, achei que também fosse ser tomado pela neve. Mas você já é feito de neve… – disse a rainha — Ah, se todos fossem...
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O GUARDIÃO DA RAINHA DE NEVE | JELSA ✓
Hayran KurguQuando criança, Elsa ouviu a história de um homem capaz de voar pela neve que caía nos dias frios. Agora, já adulta, a rainha de Arendelle descobre que o personagem de uma história para crianças é, na verdade, seu guardião. Jack Frost recebe a missã...