26 - The Wedding

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— Jeff... Jeffrey? – Lili gaguejou

O músico continuou imóvel, como alguém que sabia que qualquer movimento que desse em vão poderia afugentá-la dali. E ele estava certo. A atriz já estava se amaldiçoando mentalmente por ter descido do veículo para começo de conversa.

Jeffrey estava diferente. Seus cabelos, ainda levemente compridos, estavam bem mais curtos do que ela se recordara, e em seu tom natural de loiro. Devia ter engordado alguns poucos quilos, coisa que era necessária– sempre fora magro demais – e estava vestindo jeans simples, uma camiseta escura e uma jaqueta. Em pouco se assemelhava com o Jeffrey Little de alguns meses atrás, pouco antes do terrível acidente que o fizera sumir do mapa, e que supostamente o enviou para uma rehab perdida pelo país.

— Sim. Desculpe por isso – ele apontou para o carro, provavelmente se referindo a pequena perseguição pelas ruelas escuras do bairro. – Eu não pretendia assustar você.

— Talvez fosse uma boa ideia não ter me seguido, então – Lili retrucou, com a boca seca e a voz alta demais. Não estava conseguindo assimilar o que estava acontecendo.

Por que, Deus, de todas as pessoas, aquele cara estava ali? Chegou a pensar que preferia ter encontrado Vanessa, porque poderia acertar uns quatro tapas na cara dela e dizer tudo o que estava engasgado. Jeffrey suspirou, a tirando de um devaneio.

— Desculpe – ele disse, ainda se referindo ao carro, depois correu os olhos por Lili. – Você teve o bebê – ele disse, em um tom estranho, e a atriz rolou os olhos.

— Não, tirei a barriga e deixei em cima da cômoda porque estava pesada demais – retrucou, e percebeu algo que parecia um sorriso no rosto de Little. Apenas parecia, porque ele certamente estava nervoso demais para transmitir qualquer outra emoção. Era visível.

— Eu li algumas matérias por aí. Achei que ainda demoraria mais tempo – o músico disse, e Lili cruzou os braços contra o corpo, instantaneamente irada. O que, diabos, ele queria?

— Você realmente quase me fez bater meu carro para ficar jogando conversa fora? – Perguntou, retoricamente, e não esperou que ele dissesse mais nada. – Me erra, Little. Fala logo o que você quer, eu não tenho a noite toda.

— Eu queria que você soubesse que eu voltei – ele fez uma pequena pausa e mordeu o lábio. – Esse tempo na rehab realmente mudou quem eu era. Eu sou um cara diferente agora. E você, mais do que ninguém, tinha que saber disso.

Lili piscou, atônita. De todas as coisas que esperava ouvir de Little, aquilo não estava nem no top 100. Percebendo que tinha deixado a garota sem palavras, Little deu um passo adiante.

— Eu sei que eu fui um babaca, mas agora quero mudar isso. Na verdade eu preciso mudar isso, porque essa história está me matando – ele a olhou fixamente. – Eu preciso saber, de verdade, Lili. Esse bebê que você teve é meu? Porque se for eu...

Lili não estava ouvindo mais nada. Um gelo tinha tomado conta de sua espinha e ela tinha certeza que suas mãos estavam tremendo, então as manteve presas junto ao corpo. Aquilo parecia um daqueles pesadelos em que você só quer correr para se livrar de alguma coisa, mas suas pernas simplesmente não obedecem. Entretanto, dessa vez não acordaria suada e gritando no meio da noite.

Sabia que era real. E poderia desmaiar ali mesmo.

Quando Little parou de falar – o que quer que fosse que estava dizendo – ela piscou algumas vezes, tentando recobrar os sentidos.

— Você está me ouvindo? – Ele perguntou, com uma sobrancelha curvada, e Reinhart soltou o ar audivelmente.

Finalmente sã da distância em que estavam, deu um jeito de sair dali quase tropeçando, e fechou as mãos em punhos.

Behind The Scenes | SPROUSEHARTOnde histórias criam vida. Descubra agora