Solto o ar que prendia desde que cheguei ao quarto, relaxando parcialmente.
Tessa: quase me matou de susto — deixo a faca na minha penteadeira.
Christian: por que isso? — aponta.
Tessa: não reconheci a voz, pensei em me proteger caso fosse um assaltante — aperto o nó da toalha.
Christian: e por qual motivo um ladrão conversaria com você? — dou de ombros.
Tessa: você se parece com o papai — o fito, analisando cada traço de seu rosto.
Christian: e você com a mamãe. — reviro os olhos e suspiro — Charles me avisou sobre a briga com ela — coloca a foto no lugar.
Tessa: não é uma simples briga, Bella traiu nosso pai!
Christian: eu tentei te matar quando era bebê, vai me odiar também? —limpo a garganta, incomodada.
Tessa: você não sabia o que estava fazendo.
Christian: mesmo assim, não acha que ela merece uma segunda chance ?— assinto. Ele realmente parece com o papai. — amanhã, pode ser? — pisco entediada, percebendo que terei que aturar o fingimento da família feliz por horas.
Tessa: não posso, tenho um encontro.
Christian: com um cara? — fica sério.
Tessa: não, sou lésbica — reviro os olhos. — Claro que é um garoto.
Christian: só estranhei. Do jeito que o papai fala, você quase nunca sai.
Tessa: fale com ela que será hoje ou nunca — cruzo os braços.
Christian: teimosa — solta um riso.
Tessa: agora me dê licença que preciso de um banho.
Christian: à vontade — beija minha testa e sai.
Achei estranho não ter o instinto de abraçá-lo assim que percebi de quem era a silhueta em meu quarto, mas só agimos assim com quem é presente e ele ficou longe por muito tempo. Christian e eu somos completamente estranhos, podemos ser irmãos, mas o laço que se cria com a convivência vai demorar para ser erguido.
[...]
Tessa: alô? — atendi ofegante, após correr de volta ao quarto para chegar no celular.
X: vai me matar se eu disser que não vou poder sair amanhã? — fecho os olhos. Harry.
Tessa: então que dia estará disponível? — ironizo.
Harry: hoje — seu tom de voz indica que está sorrindo.
Tessa: hoje vou jantar na casa da minha mãe, aconteceu alguma coisa? — sento na cama.
Harry: é que amanhã vai ter uma festa aqui no hotel e não sei se um encontro antes é uma boa. — franzo o cenho.
Tessa: podemos sair durante o dia, tomar sorvete ou algo assim — sugiro.
Harry: tem certeza, não acha que um restaurante é mais romântico?
Tessa: não ligo para essas coisas. — ouço seu riso. — então... Nos vemos amanhã?
Harry: até amanhã, morena — desliga.
Fecho os olhos. Esse loiro já me ganhou e nem percebe.
Christian: "então... Nos vemos amanhã?" — faz uma voz fina. — reviro os olhos.
Tessa: a quanto tempo está ouvindo?
Christian: desde que atendeu — cruza os braços. — Quantos anos ele tem?
Levanto e vou até o closet, fechando a porta para me trocar.
Tessa: isso não é da sua conta.
Christian: quando minha irmã fecha os olhos após encerrar a ligação, é, sim. — fico em silêncio, procurando o que vestir por hora. — Tessa!
Tessa: vinte um — digo, sem empolgação.
Christian: o imbecil é mais velho que eu?! — aumenta a voz. Visto a blusa mesclada pela cabeça e ajeito em meu corpo, logo saindo.
Tessa: não o chame assim, você não tem esse direito.
Christian: e como devo chamá-lo? — mantém a seriedade.
Charles: crianças, cheguei! — sorrio, sabendo que me livrei do interrogatório do Chris.
Tessa: vamos comer — passo por ele.
Christian: essa conversa não acabou.
Tessa: olhe e aprenda.
[...]
Tessa: então eu concordei, mas só porque sei que apoiaria — concluo a história do jantar.
Charles: de fato. Fico feliz que resolveu fazer uma trégua com ela — sorri.
Sirvo mais um pouco de refrigerante no meu copo, enquanto Christian me olhava intensamente.
Tessa: quer parar? — sussurro, assim que Charles se ausenta da mesa.
Christian: não até que eu conheça esse mané.
Charles: que mané?
Fecho os olhos e faço uma careta.
Merda, eu era feliz sendo filha única e não sabia.Charles: estou esperando — cruza os braços.
Tessa: é só um cara que conheci.
Christian: mais velho que eu — completa.
Tessa: apenas um ano, talvez meses.
Charles: ele te trata bem? — começa a recolher os pratos.
Tessa: vamos sair amanhã, se quiser...
Charles: eu adoraria conhecê-lo — me corta. — fuzilo Christian com os olhos.
Tessa: é tudo culpa sua — sussurro.
Christian: de nada — sorri. — revirei os olhos e os deixei na sala, subindo ate meu quarto.
[...]
Com a noite caindo, deixei o celular de lado e fui tomar um banho para me arrumar. Estava tentando adiar ter que ir ao lugar que tanto desprezo, com pessoas que não me agradam nem um pouco, mas não podia negar por muito tempo, eu disse que iria.
Saí do banheiro já de lingerie e fui escolher a roupa. Optei por calça e uma blusa verde-militar, finalizando com uma jaqueta jeans por cima — mais básica impossível. Calcei um par de cuturnos pretos e me perfumei. Estava mais do que pronta.
Não ia gastar minha maquiagem com minha mãe traíra e seu marido sem vergonha.
Coloquei o celular no bolso, e, por fim, criei coragem para descer as escadas.Charles: você vai assim? — desliga a tv. — dou de ombros — sua mãe não vai gostar — comenta.
Tessa: também não gostei quando ela te traiu e nos abandonou.
Christian: vai ser tão agradável como comer pizza estragada — sai da cozinha.
Tessa: já comeu pra saber?
Christian: tudo bem, esquentadinha, vamos antes que fique tarde.
Tessa: mal posso esperar — reviro os olhos.
Charles: mandem um oi para o Joshua!
Christian: depois de um soco, claro — bate no ombro do papai e passa por mim.
Solto um riso e fecho a porta.
Bom saber que não sou a única a odiá-lo.
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Sunrise
Teen FictionEscritora: Maria • Responsável pela história: Anny +14 • Na véspera do meu aniversário de dezoito anos, minha melhor amiga só tinha três coisas em mente: me fazer perder a virgindade com o garoto mais gato da festa, beber até cair e, claro, ver o na...