Capítulo 20 ☘

3K 266 64
                                    

X: mas que droga aconteceu, ela só foi trabalhar e acaba desse jeito?! — ouço ao longe.

Minha cabeça latejava e meu rosto inteiro doía.

Conheci Lily quando abri meu próprio estúdio de fotografia, ela foi a primeira que entrou pedindo um emprego desesperamente. Eu disse que não tinha condições de contratar ninguém pois acabara de começar o negócio, determinada, ela garantiu que traria todas os clientes que pudesse. Não pude negar. Desde então Lily é minha assistente, fiquei bastante conhecida por causa dela e provavelmente não terei a oportunidade de retribuir o favor.

Tessa: foi culpa do noivo dela — digo com certa dificuldade.

Abri os olhos e vi Oliver ao lado da cama, parecia tão preocupado... Ele logo pede para a enfermeira sair e volta a me encarar.

Oliver: por que ela te bateu?

Tessa: Brian não quis casar, disse que não estava pronto. Eu fui falar com ele, mas o idiota me agarrou, Lily viu e tirou suas próprias conclusões.

Oliver: ele te beijou? — fica sério.

Tessa: o empurrei na mesma hora. Só não queria que ele machucasse a Lily.

Oliver: e foi ela que te machucou — beija minha boca. Faço careta, sentindo meu lábio latejar. — Desculpe.

Tessa: tudo bem — forço um sorriso.

Oliver: seu celular não para de tocar — revira os olhos e me entrega.
Respiro fundo quando vejo um número desconhecido.

Tessa: alô? — atendo.

Xx: advinha quem vai voltar para casa? — Solto o ar que prendia.

Tessa: oi, Caroline. O que aconteceu?

Caroline: senti saudade. Chego em duas semanas, mas quis avisar logo.

Tessa: pelo menos você ainda lembra dos amigos — ganho a atenção do Oliver.

Caroline: eu conversei com ele — pareceu advinhar.

Tessa: quatro anos atrás? Todos nós.

Caroline: não, nos vimos a dois anos, mantemos contato desde então.

Tessa: o que ele fazia em Miami?

Caroline: estava aqui com... — ouço a voz de um homem ao longe.
Meu Deus... Harry.

Tessa: Carol?

Caroline: amiga, preciso ir, nos falamos depois — desliga apressada.

Encaro a tela do celular com a chamada finalizada e franzo o cenho.

Oliver: aconteceu alguma coisa?

Tessa: me pergunto isso há anos — recosto a cabeça do travesseiro pouco macio. — Quando vou poder ir para casa?

Oliver: estou esperando o resto dos exames, se estiver tudo certo será liberada antes que perceba.

Tessa: vai ficar comigo?

Oliver: médicos não podem tratar seus parentes.

Tessa: você não é meu parente, pode ficar tranquilo — sorrio.

Oliver: espertinha, mas não adianta, vai ficar sobre a supervisão do Peter — abre a porta.

Tessa: vai me deixar com uma babá?

Peter: na verdade, eu estou fugindo de ficar na pediatria...

Tessa: fica quieto — o corto.

Peter: sim, senhora — Sorrio.

Oliver: vou pegar seus exames e já volto — me beija, dessa vez com mais cuidado. — Tente não matar minha mulher, garoto.

Peter: pode ficar tranquilo, Doutor — bate em seu ombro, recebendo um olhar de desaprovação do Oliver. — Desculpe.

Assim que perco meu namorado pelo corredor, pego novamente o celular e disco o número da Lindsay.

Peter: não deveria ficar com a cabeça inclinada, pode causar sangramento.

Tessa: sente na poltrona e não fale nada até ele voltar, por favor — sorri amarelo.

O rapaz, que parecia estar no segundo ano de residência assente e faz o que pedi. Termino o que estava fazendo e coloco o aparelho no ouvido, esperando que minha cunhada atenda.

Lindsay: Tessa?! — atende ofegante, fecho os olhos.

Tessa: pode deixar isso para depois? Preciso falar com você.

Lindsay: só porque está calma demais... Vou falar com ela e já volto — diz ao Chris.

Christian: não vai me deixar assim!

Lindsay: se vira, tem duas mãos — ouço a porta ser fechada.

Tessa: pode falar?

Lindsay: agora sim.

Tessa: acho que a Caroline está escondendo alguma coisa.

Caroline Ray

Tento controlar a respiração, Tessa não é nada burra, com certeza notou que estou fazendo algo por suas costas. Terei que contar cedo ou tarde, mas essa escolha não é só minha.

Harry: já disse para não falar com ela quando estou aqui — fecha as janelas, pois ventava forte.

Carol: senti falta da minha amiga, será que posso?

Harry: claro que sim, desculpe — balança a cabeça. — Vamos pedir alguma coisa ou você vai tentar cozinhar de novo? — reviro os olhos ao ouvir sua risada.

Carol: vou ao mercado comprar material para uma torta de frango — levanto.

Ao terminar a frase, uma coisinha que mal mede um metro vem correndo até mim, agarrando minhas pernas.

Harry: acho que ela quer ir com você — sorri.

Olho para baixo e vejo os olhinhos brilhantes de Mia encarando-me. Como posso resistir?

Carol: tudo bem, princesa, vamos — a pego no colo e caminho para fora do apartamento.

Não é tão simples quanto parece contar tudo para Tessa, há diversos fatores que influenciam Harry e eu em omitir os fatos, um deles, inclusive, está tentando fazer uma trança no meu cabelo.

Mia: posso tomar sorvete? — deita em meu ombro.

Sorrio. Harry odeia quando a encho de açúcar, mas ninguém consegue negar quando ela faz beicinho.

Carol: o que o papai disse?

Mia: que não — droga, estava fazendo beicinho, suspiro e a desço do meu colo. Agacho, ficando quase da mesma altura que ela.

Carol: se me ajudar com as compras, prometo que lhe dou o sorvete, se prometer não contar para o seu pai.

Ela abre o maior sorriso que uma garotinha consegue, e em seguida abraça meu pescoço.

Mia: eu te amo, mamãe — meu coração acelera.

Carol: também te amo, meu amor.

SunriseOnde histórias criam vida. Descubra agora