Harry: vou entrar, você vem? — diz, após um tempo.
Olho de relance para ele, uma gota de suor escorreu em seu peito, deixando-me completamente desconcertada.
Tessa: pode ir, preciso passar protedor — tiro o frasco da bolsa rapidamente.
Harry: quer ajuda? - reviro os olhos, apreciando a diversão em sua risada.
Por incrível que pareça, ele era divertido, bonito, sexy e extremamente insistente. Não parecia o tipo que desiste fácil, o que me restava era colocar o famoso "limite" até onde iríamos.
X: oi — interrompe meus pensamentos.
Tessa: Oliver, né? - o moreno assente - sinto muito pelo que aconteceu — prendo o riso.
Oliver: foi um acidente inapropriado, acontece com os homens, sabia?
Tessa: infelizmente, sim — passo o protetor em meus ombros.
Oliver: meu amigo gostou de você. Qual o segredo?
Sexo no carro.
Tessa: não sei — dou de ombros. — Por quê?
Oliver: ele não se impressiona fácil, sua última namorada durou quase dois anos e ambos ainda sentem. - respiro fundo. Estava desconfortável.
Tessa: não vamos namorar.
Oliver: mas Harry não é do tipo que enlouquece por causa de uma garota que esbarrou em uma noite, se eu fosse você esperaria tudo dele — assim que vê o amigo se aproximar, ele levanta.
Harry: o que tanto conversavam? — balança os cabelos, molhando-me com o excesso de água.
Tessa: nada demais.
Harry: sei o quanto Oliver pode ser incoveniente, então não vou sossegar até saber o que ele te disse — senta na minha cadeira.
Tessa: seu amigo só deixou claro que não está apoiando seu interesse por mim.
Sua expressão muda, o cenho franze e a respiração fica pesada.
Tessa: quer dar uma volta? — sugeri, percebendo que faltava pouco para ele explodir.
Harry: claro.
[...]
Enquanto caminhávamos pela areia molhada, soube de algumas coisas do Harry que aqueles minutos no carro não me deixaram ter conhecimento. Também não estávamos em um momento lúcido, mas isso não importa.
Contando que seu nome e idade já sabia, as novas informações foram:
No outono ele iniciará o terceiro ano na Universidade de Stanford, cursando medicina. Não tem irmãos e seus pais moram em São Francisco. A sobremesa que mais gosta é bolo com sorvete e nunca faria uma tatuagem por ser doador de sangue, fato que me deixou impressionada, já que eu tenho três e nunca pensei nisso.Harry: comida favorita? — continua com o questionário, enquanto nos aproximávamos de um carrinho de raspadinha.
Tessa: massa de qualquer tipo. E a sua?
Harry: batata frita e hambúrguer. Existe combinação melhor? — sorri.
X: bom dia — o senhor percebe nossa presença.
Harry: duas. Uma de limão e... — me olha.
Tessa: uva.
Harry: por que massa? — volta ao assunto. - solto um riso e reviro os olhos.
Tessa: meu pai tem descendência italiana.
Harry: e sua mãe? — segura o cone.
Tessa: nasceu em Nova Jersey.
O senhor entrega o meu, e, antes que eu pudesse dizer algo, Harry tira uma nota de dez do bolso da bermuda e lhe entrega.
X: obrigado — sinaliza e segue pela areia empurrando o carinho.
Harry: não me falou se tem irmãos.
Suspiro e aprecio o gosto da uva descer em minha garganta acompanhado pelas raspas de gelo.
Tessa: é complicado... — sento em uma pedra.
Harry: pode confiar em mim.
Tessa: descobri que tenho um irmão mais velho ontem, meus pais o escondiam de mim por algo que ele fez quando era pequeno e desde então os dois mantém o segredo — disse tudo rápido, quase não tomei ar.
Por que eu me senti tão bem contando isso para alguém que mal conheço?
O vejo arregalar os olhos, então peço desculpas e volto a saborear a raspadinha.Harry: eu tinha um gêmeo, mas o comi no útero — deu de ombros.
Minha risada quebrou o silêncio, preenchendo o vazio onde nos encontramos.
Tessa: tudo bem, você ganhou — seco a lágrima que escorreu.
Harry: obrigado — "brinda" o cone no meu e volta seu olhar ao oceano.
[...]
Assim que cheguei em casa, fui direto para os fundos, não arriscaria receber uma bronca do meu pai por espalhar areia no chão da sala.
Tirei o short e o joguei no gramado, antes de ligar o chuveiro da área da piscina para retirar o sal do corpo. Dei uma balançada no cabelo, e por fim, desliguei o registro.
Tessa: pai, trás uma toalha — grito, na esperança que ele esteja em casa. — Charles! — insisto.
Passado alguns instantes sem tal resposta, concluí que não havia voltado, então fui até o banheiro da sauna e peguei uma toalha na quarta gaveta do armário. Tecnicamente, são para emergências, mas levando em conta que estou molhada e tremendo, é um bom argumento para usar quando o "senhor organização" vier me questionar.
Tirei o excesso de água que pingava pelo meu corpo e entrei na cozinha, a casa estava estranhamente silenciosa, coisa que nunca ficava, o que me deixou um pouco apreensiva.
Tessa: pai? — chamei novamente, não custa tentar.
X: aqui em cima — uma voz desconhecida responde.
Minhas pernas falham, sem saber o que fazer, pego uma das facas que ficam organizadas em um faqueiro em cima da bancada e vou subindo aos poucos.
X: eu não vou te machucar, Tessa — sua voz soou perto. Ele estava no meu quarto.
Tessa: como sabe meu nome? — escondi a arma com a toalha, parando na frente da porta.
X: sei muitas coisas sobre você. É você que desconhece minha existência — analisava uma foto minha com meu pai, localizada no meu criado-mudo.
Tessa: onde está meu pai?
X: nosso pai... Ele se empenhou em me esconder — vira-se, permitindo que eu visualizasse seu belo rosto.
Tessa: Christian?! — franzo o cenho.
Ele sorri.
Christian: oi, irmãzinha.
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Sunrise
Fiksi RemajaEscritora: Maria • Responsável pela história: Anny +14 • Na véspera do meu aniversário de dezoito anos, minha melhor amiga só tinha três coisas em mente: me fazer perder a virgindade com o garoto mais gato da festa, beber até cair e, claro, ver o na...