Guinski em suas duas primeiras semanas de licença treinou bastante e com a ajuda de Rëina melhorou rapidamente em encantamentos, alquimia e poções. Ele descobriu que seu familiar gostava, principalmente, de ironizar suas falhas e brincar de pega-pega.
A relação de ambos prosperou. Em menos de dias Rëina havia contado sobre os espíritos da floresta, sobre como as árvores podiam escutar e falar se desejarem, como era o Véu (lugar onde ela nasceu) e o último tópico foi o mais interessante: Os Eidolons.
― São fantasmas, teoricamente. Eles servem à Nossa Criadora, Nossa Mãe. São as criaturas mais poderosas de nosso mundo, dentre elas há Barthandelus, o segundo ser mais poderoso que já pisou aqui.
― Quem é o primeiro? ― Brincou Guinski enquanto lavava a louça.
― Claire Beauregard. Ela é Nossa Criadora, Guinski.
Guinski imaginou como seria a Criadora, levando em consideração os comentários ocasionais de Rëina ela seria uma pessoa excepcional, alguém intangível e imune a erros. Estava entusiasmado e um tanto cético em relação a esse assunto, nem os humanos conseguiam ter um consenso sobre quem é "Deus" ou quem são os "Deuses" deste mundo imagine um em que exista magia.
Foi para a sala fumar um cigarro, tentando relaxar para compreender o que estava acontecendo em sua vida. Seu ceticismo foi quebrado na primeira oportunidade, sua primeira invocação havia sido um sucesso apesar de que esconder Rëina dentro de casa seria um problema, principalmente durante a lua cheia. Guinski daria um jeito, ele sempre dava um jeito.
A cidade inteira pareceu mudar depois do acontecimento, ficou com cores vibrantes assim como as pessoas. Muitas obras estavam sendo realizadas naquele período assim como reformas nas escolas e melhorias em setores como segurança e saúde. A nova prefeita, Maria dos Rios, era simpática e amável, fez muitos plebiscitos para que as mudanças ocorressem, uma parte da floresta estaria sendo recuperada neste instante. Selvadora aderiu um ar de outono, as pessoas começaram a usar roupas mais quentes e a cidade em si ficou jovial, logo ela seria a melhor cidade do Brasil.
Guinski estava varrendo a entrada da sua casa quando ouviu o telefone tocar dentro de casa, eram quatro horas da tarde. Colocou a vassoura encostada na parede e entrou na sua casa. O telefone estava ao lado da televisão, ele o atendeu.
― Alô? Quem gostaria? ― Perguntou enquanto olhava Rëina repousando no sofá da sala, dormindo.
― Sou eu. Darleone. Ouvi dizer que pegou uma licença de seis meses. Preciso que traga seu animal de estimação junto. Encontre-me na entrada da Floresta.
O telefone desligou.
Guinski ficou sem entender e preocupado em como Darleone, o filho do sr. Langer, saberia sobre a existência de Rëina. Foi acordá-la, ela não gostou muito porém quando ele lhe explicou a situação ela entendeu e seguiu-o até a floresta.
Estava um tempo ameno e sem previsão de chuva, no entanto Guinski trouxe seu casaco só por precaução. Rëina adorou poder correr livremente pela floresta, poucas pessoas iam até lá portanto não teria problema além de que a loba sabia se esconder.
Darleone esperava mesmo na entrada. Fumava um cigarro, estava com os cabelos desgrenhados e com os óculos escuros de sempre, suas roupas eram mais pesadas do que as de Guinski.
― Olá. ― Cumprimentou Guinski. Darleone assentiu. ― O que você quer?
― Então é verdade... Você tem mesmo um familiar. Feitiço complicado. É fêmea? ― Rëina assentiu satisfeita.― Bom, bom. Um familiar nobre bem... não tão nobre quanto Grigori e Glaërd. ― Comentou Darleone agachado, examinando Rëina.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Livro Negro: Antes da Tempestade
FantasyE se alguém oferecesse uma chance de mudar a sua vida por completo com a condição de que abandonasse tudo o que conhece ou achava que conhecia, você aceitaria? Guinski fez sua escolha e agora terá que arcar com suas consequências. Um dia, quem sab...