8. Animal Nobre

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Guinski foi acordado por um James tonto, ele após ver que Guinski estava de olhos abertos foi procurar suas roupas . O outro nem sabia o motivo de estar sendo acordado na calada da noite, principalmente após uma bebedeira daquelas que, com certeza, daria a ambos uma ressaca.

― O que aconteceu? ― Questionou Guinski com uma voz sonolenta, os cabelos desgrenhados e as roupas amassadas. Colocou a mão na cabeça, sentindo-a pesada.

James não respondeu e apressou sua procura pelas roupas de caça? Pegou sua espada e a colocou no cinto, ajudou Guinski a se endireitar. Sem falar nem explicar nada arrastou-o para a área de caça. O moreno não conseguiu entender completamente nada mas sabia que não adiantaria nada questionar, James parecia estar com a cabeça nas nuvens. O local de caça do castelo era restrito ao Senhorio e seus soldados, Guinski nunca tinha pisado lá apenas ouvido falar dos animais maravilhosos que ali habitavam.

James o guiou por uma trilha onde havia vários animais decapitados, seus corpos não estavam junto da cabeça nem nas proximidades. Guinski observou que os cortes não eram precisos, ou seja, não eram feitos com espadas ou armas brancas, foram feitos com dentes, algo comeu esses animais deixando a cabeça para trás assim como um rastro de sangue.

Guinski ficou apreensivo à medida que os rastros indicavam que um animal gigantesco tinha passado por aquele caminho. Sua mente não parava de pensar que aquele mundo por mais maravilhoso que fosse ainda possuía seus perigos. Guinski olhou James de soslaio, este aparentava estar bravo mas não com medo ou preocupado e isso fez com que arregalasse suas sobrancelhas, apesar de que ninguém veria sua expressão naquela escuridão.

James guiava Guinski pela trilha que o animal fizera, o chão afundou formando uma vala delicada na terra que também estava um tanto úmida. Guinski observou a vegetação ao redor e notou que ela foi alterada, algumas plantas estavam secas e outras pareciam esculturas de pedra.

Guinski notou que à medida com que seguiam ainda mais os rastros toda a floresta tinha perdido seu som, as criaturas noturnas já não faziam barulho. Silêncio total exceto pelos passos dos dois na terra. A luz do luar penetrava levemente entre as árvores, mas era tão pouca que não iluminava quase nada o caminho. Ambos prosseguiram cautelosamente, tentando, em vão, imitar o silêncio da floresta.

Após alguns minutos andando, James diminuiu o passo, pisando cautelosamente no chão. Fez um movimento silencioso indicando que Guinski deveria parar. O ruivo inspirou o ar da noite, seus olhos dourados movimentavam-se, periodicamente, da esquerda para a direita.

― Rëina não é a única brava com você, Guinski. ― Disse James em um tom sério, Guinski nunca o viu daquele jeito.

Guinski calculou que já tinham entrado numa parte densa da floresta pois nem a luz da lua penetrava as folhagens. A umidade aderiu ao ar conforme viam gosmas na trilha que seguiam, as carcaças de animais tinha acabado embora a vegetação continuasse morta. Guinski ficou um pouco mais apreensivo e o silêncio de James não ajudava em nada. Seus batimentos cardíacos aceleraram quando James parou abruptamente e ficou imóvel, seus olhos moviam-se rapidamente de um lado para o outro e permaneceu estático, após alguns minutos naquela posição Guinski começou a ficar impaciente.

― James o que...

Shhhh. ― James interrompeu.

― Não faça "shhh" para mim! ― Retrucou Guinski irritado. Queria dormir e nem sabia por que diabos estavam rastreando um animal, obviamente perigoso, no meio da noite!

Guinski ouviu um rastejar na mata à frente, onde a lanterna à óleo de James não iluminava. Os dois ficaram em silêncio imediatamente, os olhos encarando o vazio, fixos num ponto. Uma terceira respiração pôde ser sentida por eles, tinha um bafo quente e logo após baforada ouviram um sibilo.

Livro Negro: Antes da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora