Guinski tremia em sua cama. Sonhava com gritos e mais gritos, pessoas morrendo e sendo escravizadas, acordou de repente e percebeu que ele próprio estava gritando. James apareceu em seu quarto com suas vestes de dormir e perguntou: O que foi? Guinski, você está bem, o outro assentiu negativamente com a cabeça. James aninhou-se com ele e seu sono seguiu tranquilo.
Isso, no entanto, era apenas um sonho que se repetia em intervalos regulares desde que chegou neste mundo estranho. Não devia mais correr para as Pedras, agora queria dormir com James, sentir-se protegido e amado por outra pessoa. Quando se levantou estava tão distraído que derrubou alguns livros empilhados ao lado de sua cama. Organizou seu quarto e banho-se como de costume, preparando-se para mais um dia de trabalho na sala de poções.
Seus planos diários de se encontrar com James foram interrompidos por uma grande remessa de poções regenerativas, isso fez com que Guinski erguesse suas sobrancelhas. Ele questionou Renauld sobre a grande quantidade a ser produzida.
― O grupo que vai à Faummar precisa destas poções. Você vai acompanha-los pelo que eu soube. ― Explicou Renauld.
Guinski recordou-se que James o convidou para ser seu médico na sua aventura, sentindo-se agradecido pela confiança que o ruivo depositava nele. Ficou feliz por um tempo até o trabalho substituir sua felicidade por concentração e perfeccionismo, além de estresse. Aquelas poções caso feitas errado não teriam efeito algum no corpo de quem as bebesse. E se James tiver que beber uma? pensou apreensivo.
Conseguiram entregar metade do combinado a tempo, acabaram por volta das duas da tarde, um frio percorria pelo corpo suado de Guinski. Ele ficou aliviado de ter arrumado as malas no dia do Enürim Velsta e agradeceu pela ajuda de Rëina ao separá-las para a viagem. Após algum tempo vendo se tinha esquecido de alguma coisa, uma visita inusitada bateu em sua porta: Maeve.
― Olá, senhor Guinski. ― Ela saudou nervosa, tremia-se inteira e parecia um pouco envergonhada devido ao rubor em suas bochechas. Convidou a si mesma para adentrar o quarto.
― Olá, senhorita Linverdün. ― Saudou Guinski com uma meia reverência. Não sentia nada por Maeve, nem mesmo uma dose de empatia. Achava-a petulante demais, perseguindo James por aí, insistindo para que este aceitasse se casar com ela. ― O que deseja? ― Indagou, isso a deixou satisfeita.
― Eu percebo que você e James são muito amigos, ele fala muito bem de você ao meu pai. ― Ela engoliu a seco, começou a andar pelo quarto em círculos ― Pretendo me casar com ele durante o Bloëd Túriäch, tenho certeza que ele é minha alma gêmea. ― Afirmou Maeve em um tom confiante e um tanto autoritário, como um animal faz quando quer marcar território.
Guinski assentiu e cruzou os braços, indiferente.
― Como você é amigo de James ― Ela continuou sem dar importância ao gesto dele ― Queria que cuidasse dele, o protegesse durante os Jogos, são muito perigosos. Eu morreria caso algo acontecesse à James. ― Suplicou.
― James é forte, terá uma grande escolta com ele, não vejo motivos para
― Quero que o convença a se casar comigo. ― Maeve o interrompeu. Esta frase deixou Guinski perplexo.
Ele iria protestar porém decidiu manter-se calado pelo bem de seu pescoço. Maeve era a filha do Senhor do Castelo, ofendê-la custaria muito à ele. Dobrou sua língua e manteve-se firme perante Maeve.
Guinski nada disse e Maeve saiu do quarto, plena de que ele faria o que ela mandou. Rëina adentrou a porta no mesmo instante. Não rosnou para a convidada nem demonstrou afeto, a indiferença atingiu-a também embora ela não tenha gostado nem um pouco do pedido de Maeve.
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Livro Negro: Antes da Tempestade
FantasíaE se alguém oferecesse uma chance de mudar a sua vida por completo com a condição de que abandonasse tudo o que conhece ou achava que conhecia, você aceitaria? Guinski fez sua escolha e agora terá que arcar com suas consequências. Um dia, quem sab...