Livro Negro: Antes da Tempestade

4. Escolha

Passaram-se dois meses até que Guinski finalmente tenha se especializado somente em poções já que estas não necessitavam de sua alma para funcionar. A cidade assim como seus moradores tinha mudado drasticamente, via-se na rua pessoas andando com os seus familiares sem medo. Rëina finalmente pôde caçar na floresta já que estava habitada com cervos e veados, que tinham sido trazidos por aquelas pessoas estranhas. O clima da região tinha ficado um pouco mais frio, parecido com o outono nos Estados Unidos.

Guinski não via nenhum dos moradores ou lojas antigas, até mesmo a livraria de Gabriela tinha fechado. Tudo tinha sido substituído por lojas como a Magia Oculta. A moda também mudou, todos usavam mantos e capas para andar na rua. O jornal agora era transmitido por um tal de Frederick Evermore, ele tinha cabelos roxos presos em um rabo de cavalo e uma tez de oliva, os seus olhos eram esverdeados e pareciam esmeraldas. Usava um paletó azul com uma gravata rosa durante as transmissões

Guinski gostava do âncora apesar dele transmitir notícias de locais dos quais nunca tenha ouvido falar. Geralmente Frederick entrevistava celebridades que eram, em sua maioria, heróis de guerra, músicos, atores e etc. Ele entrevistava agora um homem chamado Voulker, perguntava da época de Ouro dos Heróis e em como ele conseguiu ser grande amigo de Balfir vied-mon Reunevan. Guinski desligou a televisão e resolveu sair um pouco de casa, antes de ir pegou seu sobretudo preto.

A rua estava cheia de folhas amarelas e laranjas, os parques estavam com crianças e seus pais brincando nos escorregadores, seus familiares estavam querendo ajudá-los a não se machucarem. Guinski viu uma menina lendo um livro infantil com uma iguana , um menino com um cachorro poodle correndo juntos, outros tinham linces, leopardos e lobos, Rëina não se sentiria sozinha pelo menos porém ela era a única loba gigante do cidade.

Ele ficou sentado em um dos bancos do parque observando as famílias e conseguiu exibir um sorriso. Alguém sentou do seu lado.

― Conheço alguém que faz exatamente a mesma coisa que o senhor, senhor Guinski. ― Disse Devi Langer saudosista.

Guinski levou um susto e quase pulou do banco mas manteve a calma.

― Que susto sr. Langer. Poderia avisar que estava aqui. ― Devi riu com o comentário.

― Não há nada mais genuíno que as primeiras impressões das pessoas. ― Comentou ele com um olhar intrigante.

― Então você acredita em primeiras impressões? ― Perguntou Guinski enquanto via uma família num piquenique.

― Longe disso, se eu acreditasse não estaríamos tendo essa conversa. Darleone contou-me que o procurou na entrada da floresta mas ele não foi gentil o suficiente para contar o assunto da conversa. ― O senhor Devi foi direto ao assunto.

― Ele me disse para tomar cuidado pois a magia tem um preço. ― Contou Guinski sem enrolar.

― Oh sim... Creio que esteja pesquisando sobre como não usar a sua alma para lançar feitiços a essa altura.

― Não estou tendo muito sucesso senhor.

― Não, claro que não. É um mero aprendiz. Hm, o que nós temos em comum com os familiares?

― Estamos vivos?

― E com os outros animais e com as plantas?

― Estão vivos assim como nós. ― Disse Guinski com uma leve suspeita do que ele queria dizer. ― Então ao invés de usar a minha alma eu usaria a de outro ser?

― Correto. Devo admitir que foi muito mais rápido do que os outros para quem eu já ensinei.

― Senhor Langer, o que sabe sobre sonhos?