23. Cartas na mesa

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Guinski aguardava impaciente, na entrada da Arena por James, andava de um lado para o outro de braços cruzados. Anders estava sentado em uma cadeira apoiando-se em sua bengala com o pomo prateado, sua haste era longa e bem detalhada com símbolos rúnicos.

James chegou mancando. Ele sorriu para os dois, parou e desmaiou. Ambos correram até o ruivo embora Anders tenha ficado um tanto mais agressivo em relação à Guinski, restringindo-o de tocar em James.

Ele ajeitou James para ser carregado em seus braços, Guinski ficou frustrado e perplexo com a cena. Não imaginava que Anders pudesse ser tão forte ao ponto de carregar o ruivo sem o menor esforço, ele não deixou que ninguém tocasse James e o levou direto para o seu quarto na cobertura. Não permitiu a entrada de ninguém exceto uma mulher, de cabelos castanhos em formato de coque, com vestes de empregada adentrar o quarto com uma bandeja cheia de doces das mais variadas cores.

Guinski esperou por quase duas horas e nada. Ninguém tinha saído daquele quarto, nem mesmo um som. Ele desceu até a cozinha para pegar alguma refeição rápida enquanto analisava o ambiente do apartamento, haviam poucas pessoas na sala e a maioria  preocupava-se com a demora. Alan assistia televisão, Guinski decidiu ir até ele com o intuito de pegar informações.

― Pode ser que ele tenha abusado de sua energia vital... ― Supôs Alan incerto.

― Energia vital? Você quer dizer a alma? ― Guinski indagou, fingindo-se de estúpido.

― Sim... Nós usamos almas para nossas magias, usamos a nossa alma para realizá-las. James é muito forte, não há dúvida disso mas aquela manipulação da vida... Isso foi muito estranho. ― Comentou Alan de maneira supersticiosa. ― Uma coisa é você manipular água, a hidrocinese, outra é manipular a vida...

― Por que?

― Bem...

Neste instante Anders desceu as escadas e seus olhos estavam fixos nos dois, ele foi diretamente para a varanda.

― Ele quer falar com você. ― Guinski ergueu as sobrancelhas diante do comentário de Alan.

Guinski engoliu a seco, suspirou e foi imediatamente até a varanda. Encontrou Anders apoiado no parapeito, sentindo a brisa tocar seu rosto delicadamente. Guinski foi até ele sem dizer nada, nem anunciou sua presença.

― Nós precisamos conversar, senhor Guinski. ― Disse Anders sem mais delongas. Guinski não respondeu. ― Eu espero que tenha aprendido alguma coisa desde que chegou aqui.

― O que você quer? ― Perguntou, não gostava dos jogos do outro muito menos de suas enrolações.

― "O que eu quero?" Você pergunta... Eu quero muitas coisas, senhor Guinski. ― Ele riu entre a pausa, o sarcasmo era nítido em seus olhos.

Guinski franziu o cenho, Anders e seu grupo sempre tinham respostas vagas para perguntas óbvias, o que por si só já era estranho. Após alguns segundos de pensamentos rápidos ele entendeu perfeitamente o verdadeiro jogo de Anders.

― O que você quer de mim? ― Anders abriu um sorriso diante da reformulação.

Aaah, você aprende rápido. James e eu somos amigos de longa data, ele contou que vocês estão em um relacionamento. ― Sua naturalidade em falar desta maneira assustou um pouco Guinski que se perguntava o quanto James tinha contado ao Anders ― Bem, eu creio que você saiba o que é o Bloëd Túriäch, certo? Ótimo. Após o Ritual das Almas Gêmeas vocês dois vão casar. ― Guinski franziu o cenho e Anders percebeu.

Livro Negro: Antes da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora