Capítulo três

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Julia

Eu mal podia acreditar no que estava acontecendo, Lucas estava no meu apartamento sorrindo para mim enquanto Liza elogiava o penteado que fiz em seu cabelo. Meu coração estava acelerado e eu estava tentando ao máximo não demonstrar o quanto a presença dele me afetava.

Logo depois de arrumar Eliza eu fui para o banho enquanto eles estavam comendo os biscoitos que nós fizemos. Quando contasse isso para Rafa ela certamente iria surtar.

Vesti um vestido estampado de alcinha e coloquei uma sapatilha preta. Fiz um rabo de cavalo no cabelo, pois o dia estava quente. Não fiz maquiagem, então só passei perfume e desci para irmos ao parque.

Eles estavam sorrindo enquanto conversavam, eles se pareciam tanto que era assustador. Mas ao mesmo tempo Julia parecia comigo, os olhos azuis, o cabelo negro, já fui confundida como sua mãe inúmeras vezes quando saía com ela, Luíza e Eduardo.

-Oi, podemos ir? -Falei quando me aproximei dos dois na sala.

-Vamos! -Lucas levantou e segurou a mão de Eliza indo em direção a porta de saída.

Pegamos o elevador direto para o estacionamento, estava indo em direção ao meu carro quando ele me chamou.

-Vem com a gente, depois eu te trago.

-Não quero incomodar.

-Não é incômodo nenhum, vem! -Chamou e eu os segui até seu carro.

Deveria ter rejeitado a carona, pois era impossível ficar ali naquele carro respirando o mesmo ar que ele, sentindo o cheiro dele e esconder o que sentia.

-Você iam para que parque? - Ele perguntou me olhando nos olhos, uma mania sua que eu estava odiando. Porque eu estava fragilizada, confusa e se ele percebesse isso no meu olhar?

-Ia no parque da Cidade, o central. Lá tem bastante lugar para Liza brincar, pensei em alugar uma bicicleta para ela.

-Então vamos fazer isso.

Eu fui no banco de trás com Eliza, ela não parava de falar, era divertido conversar com ela, pois além de super inteligente ela era muito engraçada.

Chegamos no parque e nos sentamos em um banco enquanto Eliza foi correndo para os brinquedos. Nós ficamos a observando. Era bom estar com eles, mas era estranho, pois sentia que estava ocupando um lugar que não era meu e sim de Gabriela.

- Ela gosta muito de você.

-Eu também gosto muito dela, sabe que desde bebezinha Luíza sempre levava ela para minha casa.

-Eu sei, mas mesmo assim obrigado por proporcionar esse dia para ela.

-Imagina, não fiz nada de mais. Eu gosto da companhia dela.

-Desde de que a mãe dela se foi eu nunca tinha visto ela tão feliz como está hoje.

-Talvez devesse tentar fazer coisas simples com ela...quer dizer, eu não tenho direito de falar nada, mas ela precisa disso.

-Você tem razão, eu ando tão atarefado que mesmo quando estou com tempo para ela acabo fazendo coisas comuns, ir ao cinema, passear no shopping. Ela precisa guardar memórias de coisas simples mesmo.

-Papai, eu quero sorvete! -Liza falou eufórica.

-Você quer ? -Perguntou e eu acenei que sim. -Que sabor?

-Pode ser qualquer um.

-Já volto !

Enquanto eles iam até o carinho de sorvete, uma senhorinha sentou no banco ao meu lado, tinha os cabelos bem branquinhos e a pele enrugada.

-Você formam uma uma bela família.

-Não, nós não somos uma família.

-Não são ainda, essa menina é o elo entre vocês.

Sorri com a afirmação dela, gostaria muito que fosse verdade, mas era praticamente impossível imaginar algo assim.

-Falo sério, vi seus olhos brilhando ao falar com ele, não vai demorar muito para ele senti o mesmo por você.

-Tia Ju, o papai comprou pra você ! -Eliza falou me estendendo um copinho de sorvete enquanto o pai dela vinha atrás trazendo o dela e o seu.

-Obrigada! -Agradeci. E quando virei para me despedi da senhorinha ela já está lindo para longe.

Nos sentamos no banco, Eliza no meio eu de um lado e Lucas do outro. Todos que passavam nos observavam, um moça que passou guiando um carinho de bebê não tirou os olhos de Lucas e eu me contive para não demonstrar o quanto fiquei irritada, só então percebi que os olhares eram destinados a ele.

Quando terminamos o sorvete Julia pediu que acompanhassemos ela no balanço e não satisfeita segurou nossa mão e nos guiou até la. Um casal que passou por nós ficou nos encarando.

-Nossa, vocês formam uma bela família. Ela é muito parecida com você. - Falou apontando para Eliza e eu.

-Eu não...

-Obrigado! -Lucas falou e apresou os passos até o balanço.

Tentei entender o que ele fez, mas não consegui. E ele não deu nenhuma satisfação depois.

A tarde foi tranquila e apesar dos milhares de olhares destinados a Lucas foi tranquilo. Ele me levou para casa e eu me despedi de Eliza com um abraço apertado e um beijo estalado.

-Mas uma vez, obrigado por tudo. - Falou já do lado de fora do carro.

-Foi um prazer.

-Tchau! - Falou beijando minha testa me pegando desprevenida.

-Tchau! Tchau Liza! -Falei acenando para o carro onde ela estava.

Entrei no prédio sem olhar para trás ou desmaiaria ali mesmo.

***

-Impressão minha ou foi o pastor Lucas que acabou de te deixar lá embaixo.

- Foi ele mesmo! -Falei me jogando no sofá e cobrindo o rosto.

-Juju, você está namorando o pastor?

- De onde você tirou essa ideia Rafaela?

-Dessa sua cara de apaixonada.

-Não é nada disso, Eliza dormiu aqui e quando ele veio buscar ela comentei que iria levá-la no parque, então ele disse que iríamos os três e foi isso que aconteceu.

-E como foi a tarde de vocês?

- Foi maravilhosa, Eliza é uma menina incrível e Lucas é um pai admirável.

-E vocês dois?

-Nós conversamos um pouco, ele tem alguns projetos para as células.

-Não falou nada sobre seus sentimentos né?

-Obvio que não! Como eu ia falar isso para ele, a gente mal tem uma proximidade.

-Mas vai ter em breve. Eliza vai ser o elo entre vocês.

Deus, esteja na direção de tudo!

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