Alguns dias depois do meu aniversário e a vida caminhava no seu ritmo.
Nunca pensei que o meu destino iria, literalmente, me atropelar.
Naquela manhã estava tão entediada e distraída que não me importaria de ser abduzida ou arrebatada. Não me lembro nem se havia tomado café da manhã.
Nevava de leve, estava bastante frio. Acredito que o que aconteceu naquela manhã foi minha culpa.
A mente estava longe. Fiquei acordada até muito tarde na véspera tentando encontrar um erro no código que estava programando. Desmaiei de sono sobre o meu pad. E não encontrei o erro...
Atravessava a rua totalmente desatenta quando me dou conta de um carro muito próximo. Não tive tempo para qualquer reação. Tudo escureceu.
Quando acordei vi apenas um teto branco e luzes fortes. Algumas pessoas ao meu redor falavam rapidamente, mas eu não entendia. Senti muita dor nas pernas. Minhas pernas! Tentei me sentar onde parecia ser uma maca mas não consegui. Uma jovem mulher me impediu.
- Fique quieta! Não se mexa.
Ficou escuro de novo.Acordei em um quarto com uma grande janela de vidro. Uma mulher bonita estava sentada em uma cadeira ao lado da minha cama. Ela era loira com a pele clara.
- Que ótimo você acordou! Vou avisar o médico.
Disse isso sai do do quarto.
Sentei-me na cama, com muita dificuldade. E finalmente olhei minhas pernas, ou melhor, meu par de gesso.
Nessa hora entra um homem de jaleco segurando um pad. O médico.
- Bom dia senhorita Bricks, meu nome é doutor Siena e estou acompanhando seu caso. Apesar da gravidade do acidente e de você ter sofrido inúmeras fraturas, você está se recuperando de maneira satisfatória.
Ainda estava confusa. Acidente?
- O que aconteceu? - perguntei.
- Você foi atropelada, fraturou as pernas, duas costelas, ficou desacordada por 16 horas. Mas vai ficar bem. Precisamos de um contato de emergência, alguém que possa cuidar de você por um período.
Fique perplexa. Não iria ligar para o meu pai agora, mas não tinha ninguém.
- Tem dois policiais aí fora que precisam tomar o seu depoimento e a pessoa que te socorreu também está aí fora.
Não sabia bem o que fazer.
- Peça para os policiais entrarem por favor.
O médico saiu da sala e logo em seguida dois homens de terno entraram na sala. Um mais jovem, branquinho, aparência nervosa, o outro mais velho e tinha uma expressão tranquila.
- Bom dia. Eu sou o agente Shaun e este é o meu colega agente Petterson, estamos aqui para saber o que aconteceu ontem.
Tentei puxar da memória alguma informação, sem êxito.
- Não me lembro bem, estava distraída e não vi o carro vindo. Desculpe, está meio embaçado na mente...
O mais velho anotou algo.
- O condutor do veículo ficou aí fora o tempo todo. Parece preocupado e irá cooperar. Sente-se à vontade de conversar com ele?
Não via porquê não. Consenti com a cabeça.
Os policiais saíram. Fiquei com medo de ter prejudicado alguém, mas meu corpo doendo me lembrava que eu também tinha sido prejudicada.
- Um homem elegante entrou no quarto, com um belo terno escuro, acompanhado da mulher que estava aqui quando acordei.
- Fico feliz que você esteja melhor. Se assim posso dizer. - disse o homem com tom preocupado.
- Me desculpe pelo que aconteceu... - disse baixinho.
- Você não deve se desculpar. Nem me apresentei direito, sou Elijah Kamski e essa é minha colega, Chloe.
A moça sorriu e acenou. Esse nome, da onde eu conhecia?
- Tem alguém que possa avisar para que possa vir prestar algum auxilio? Pais?
- Meu pai esta em viajem a trabalho e não quero incomoda-lo. Posso me virar sozinha.
Ele sorriu.
- Quantos anos você tem, Lindsay?
- Quatorze, não, quinze anos. - falei quase em um suspiro.
Eu posso pedir para que um dos meus auxiliares acompanhe você até que fique bem. E não é um pedido. Na verdade eu me responsabilizo por um todo o seu tratamento, porém não posso ficar mais tempo, tenho que retornar à Detroit. A Chloe ficará com você hoje.
Fiquei sem graça. A Chloe era muito simpática mas não a conhecia.
De onde eu conheço o nome Elijah Kamski?
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Atrás da tela azul
RomanceUma jovem programadora não fazia ideia de que uma simples charada seria responsável pela maior aventura de sua vida. Essa historia se passa dez anos antes do conto " Posso sentir o frio?"