A solução

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Apesar de não confiar muito nesse meu novo "amigo" acabei deixando ele ver o meu código.
Claro que não todo ele. Mesmo assim me senti tão exposta.

'Quantos anos você disse que tinha mesmo?'

'Ah, pode parar!'

'Esse programa está muito bom. Aplicou precisamente os princípios da IA. O programa é autônomo. Estou impressionado!'

Fiquei sem graça. Não costumo ser elogiada e não estava segura se o programa era realmente bom. Mas não sei se o Doc é bom com programação. Ele se gaba de ter criado uma IA que passou no teste de Turing. Eu ri.

'Bom. Será que minha IA seria funcional?'

'Seria, se eu pudesse ver o código completo.'

Como ele sabia? Sinto que cometerei um grande erro.

'Como sei se posso confiar em você?'

'Não pode. Mas confiará mesmo assim, porque você quer a solução para o seu enigma.'

Ele tinha razão. Quero ver o meu programa funcionando. Quero vê-lo pensando sozinho, tomando decisões, tendo sonhos...

'Você venceu!'

Mandei o programa e o código de decriptografia para o Doc, mas consciente de que era um tudo ou nada.

'Lindamente escrito. Vou estudá-lo e entro em contato.'

Foi a última mensagem que recebi do Doc depois disso.
Alguns dias se passaram.  Chorei bastante. Como fui tão burra? Eu sabia que não deveria ter confiado naquele porco! A culpa foi minha. De mais ninguém.
Depois de uns meses já havia superado a crise e já estava trabalhando e um novo código.
Na televisão via notícias da empresa de Detroit anunciando o primeiro modelo doméstico de "ajudante robótico".  Ou androide. Era um modelo masculino branco, cabelo loiro, olhos caramelo. Aparência agradavelmente assustadora. Muito humano para meu gosto.
- Mas até que seria muito legal ter um desses aqui em casa...

'Por um acessível preço, à partir de 9 mil e novecentos dólares...'

- Mas que merda!

Acho que vou pedir para o papai, já que estou perto do meu aniversário de 15 anos. Não...

Atrás da tela azulOnde histórias criam vida. Descubra agora