O que quer de mim?

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Assim que chegamos lá, encontramos uma pessoa que eu tanto evito encontrar. Almira Henrique era o nome dela, nesse caso, a minha mãe.

Maiara: Mãe?, o que você está fazendo aqui? — Ela pergunta surpresa.

Almira: Vim saber com a sua irmã que palhaçada é essa. Você ainda não parou com isso não, Maraisa?. Ergo a sobrancelha.

Maiara: Mãe, isso não é hora!.

Almira: Maiara, fica quieta que o meu assunto é com ela — Ela aponta o dedo para mim — Maraisa, o que cê tem nessa sua cabeça?, por quê você não procura fazer alguma coisa de útil na sua vida?, você só faz isso para chamar a minha atenção, sabe que não me ganha fácil e aí tenta dessa forma, mas olha aqui — Ela dá um passo na minha direção — desse jeito cê nunca vai me ganhar, me ouviu bem?.

Eu: CHEGA — Grito para ela poder parar de falar — Não seja iludida, eu não quero a sua atenção, já quis um dia, isso eu não nego, mas hoje eu não quero mais. Você não chega nem perto de ser mãe, é uma hipócrita sem noção — Digo com todo o desprezo do mundo.

Almira: Olha como você fala comigo, Carla Maraisa, você me respeita que eu ainda sou a sua mãe!.

Eu: Minha mãe?, VOCÊ NUNCA FOI A MINHA MÃE — Grito chegando perto dela — Mãe é aquela que cria, dar amor, carinho, apoio, proteção, respeito, e você nunca me deu um terço de nada disso!.

Almira: Eu sempre te dei tudo do bom e do melhor, Maraisa, não fala merda não!.

Eu: Bens materiais?, quem te disse que eu queria isso?, eu queria muito mais, sabe o que eu queria?, não, você não sabe né? — Ela franze a testa — NÃO SABE PORQUE VOCÊ NUNCA ME PERGUNTOU O QUE EU QUERO, ALMIRA. Você nunca chegou em mim e perguntou se eu me sentia bem, se estava tudo bem comigo, você nunca fez isso, só o meu pai, ele sim foi meu pai e mãe!.

Almira: Você é uma dramática, seu pai passa a mão na sua cabeça, eu sou diferente, sei muito bem quando você só quer chamar atenção!.

Eu: Esse é o seu discurso né?, só sabe falar isso!.

Almira: Me diz. O QUE VOCÊ QUER DE MIM, MARAISA? — Ela grita.

Eu: De você eu não quero mais nada, você está perguntando isso só porquê está na frente da sua filhinha amada, a única que você ama, seus únicos filhos são Maiara e César Filho, não é?, pode falar, você não queria que eu tivesse nascido!.

Almira: MARAISA, JÁ CHEGA. ME FALA O QUE VOCÊ QUER, PORRA?.

Eu: EU QUERIA QUE VOCÊ ME AMASSE SEM EU TER QUE ME HUMILHAR — Eu já estava aos prantos — EU QUERIA QUE VOCÊ SE PREOCUPASSE COMIGO, QUERIA QUE VOCÊ FOSSE A MINHA MÃE POR PELO MENOS UMA VEZ EM SUA VIDA. QUERIA O SEU COLO PARA CHORAR QUANDO EU PRECISAR, MAS NEM ISSO EU TENHO!.

Almira: Filha...

Eu: EU NÃO SOU A SUA FILHA — Ela fica quieta — Queria que você segurasse a minha mão e falasse que vai ficar tudo bem, que tudo isso é só uma fase. MAS A ÚNICA COISA QUE VOCÊ SABE FAZER É ME CRÍTICAR, EU ODEIO VOCÊ, VOCÊ NÃO VALE NADA, É UMA PÉSSIMA MÃE. Aliás...VOCÊ NÃO É MÃE!.

Almira: CALA A BOCA — Ela acerta um tapão no meu rosto me fazendo dar um passo para trás.

Maiara: MÃE — Ela grita.

Eu: Você me dá pena, dona Almira. EU TENHO NOJO DE VOCÊ — Aponto o dedo na cara dela — Você vai acabar sozinha, solitária, e quando eu morrer, eu não quero lágrimas de crocodilo suas no meu velório não, precisa nem ir!.

Almira: Se eu fosse você, media essas suas palavras!.

Eu: E se eu não quiser, o que vai me acontecer?, vai me bater de novo?.

Almira: Eu não tenho uma filha normal, você é louca e precisa urgentemente ser internada em um manicômio!.

Maiara: COMO É?, TENTA — Ela se aproxima com sangue nos olhos — Você está maluca, mãe?.

Marília: Tia Almira, olha o que a senhora está falando!.

Almira: Não se metam, o papo é entre ela e eu — Escuto a risada de nervoso da minha irmã — Eu vou internar você, Carla Maraisa, já era para ter feito isso a muito tempo e se eu tivesse feito, agora você seria como a sua irmã, seria normal da cabeça!.

Eu: Era só o que me faltava, vê se fica longe de mim, okay?, eu não preciso de você para nada, nunca precisei, eu vou superar tudo isso e voltar a ser como eu era antes disso tudo, eu sei que posso — A cara de deboche dela estava me dando nos nervos — Eu já passei por tantas coisas na minha vida e superei todas elas, superei não, aguentei é a palavra certa. Bom, mas agora é diferente, eu vou superar e viver linda e plena fazendo o que eu amo fazer, que é cantar e estar com as pessoas que eu amo, e nessas pessoas você não está incluída — Ela ergue a sobrancelha — Sai da minha casa, sai da minha fazenda e sai da minha vida, você morreu para mim, não preciso ter ao meu lado alguém que só me coloca para baixo, se depressão pra você é moda, é frescura, pra mim não é, isso é sério, depressão mata e se eu tentei tirar a minha vida, não é porquê eu fui fraca e sim porque eu já aguentei tanta coisa que para mim já não resta mais nada!.

Almira: Você vai se arrepender de estar falando comigo desse jeito!.

Eu: Juro para você que eu não vou me arrepender de nada, mas você sim!.

Maiara: Almira, você pode ir para a sua casa, por favor?, aliás, eu não sei nem o quê você veio fazer aqui!.

Marília: É Almira, por que está aqui?, você não é bem vinda. Se retire, por favor!.

Almira: Só vim perder o meu tempo mesmo, quando tudo estiver dando errado, não ouse em me procurar!.

Eu: Não mesmo. Se tudo der errado, você pode ter a certeza de que eu nunca irei procurar você, Almira Henrique Pereira — Ela me olha fixamente.

Maiara: Vai embora, mãe, ninguém te quer aqui!.

Almira: Agora você está do lado dela também?.

Maiara: Sempre estive e sempre vou estar ao lado dela, se retire — Ela aponta para a saída.

Eu: VAI EMBORA DE UMA VEZ, MULHER!.

Almira: Eu sofro para colocar vocês no mundo e vocês me agradecem assim, cagando na minha boca!.

Eu: Não te pedi para nascer, colocou porquê uma hora íamos ter que sair, né?, na hora de virar o olhinho foi bom, não foi?, então, agora aguenta!.

Almira: Peste abusada, nem sei porquê você nasceu, você não serve para nada!.

Maiara: Senhora, já chega, vai embora antes que eu chame o segurança e te tire daqui a força!.

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