O Acaso - Leozin MC

Hospital?

(agora sim, feliz ano novo amores)

Acordei hoje com um vazio enorme no peito, tudo isso me lembra a minha época de depressão e me dói só de lembrar. Fui me arrumar pra ir pra escola quase arrastada, hoje é o último dia. Tomei um banho calmo pra ver se ajudava, coloquei aquele uniforme ridículo, uma calça jeans de lavagem clara e um tênis preto. Soltei meu cabelo e passei só rímel, odeio me arrumar de manhã.
Tomei café e fui pra aula normalmente, fiquei no intervalo com o Thiago, não o disse nada sobre o vazio, ele estava me ajudando mesmo sem saber. Quando voltei pra aula, era minha vez de apresentar trabalho mas história era minha matéria preferida, mesmo com vergonha eu apresentei bem por gostar do assunto. Saí da escola e fui pra casa, almocei e fui pro meu quarto ficar deitada.
Eu estava de boa, parecia estar melhor até que comecei a sentir um aperto no peito, frio na barriga e perca de ar. Estava prestes a ter mais uma crise de ansiedade. A muito tempo não sentia e quando eu digo que é do nada, é realmente. Estava ocorrendo tudo bem e do nada comecei a chorar, tudo parecia desmoronar e eu só queria o Léo comigo.
Minha mãe estava de férias do trabalho, escutando meu choro descontrolado, entrou no quarto já apreensiva pensando no pior por já ter me visto assim por tanto tempo.

"O que foi Maria Júlia?"

"Eu - tô - tendo - crise." falei em soluços. Minha mãe sabia que eu iria desmaiar a qualquer momento, me pegou e me levou para o carro, quando entrei, tudo foi ficando confuso, minha visão foi se apagando e eu só escutei minha mãe me chamando até que tudo ficou escuro.

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Fui abrindo meus olhos com calma, não conseguia ver nada direito pela claridade em meus olhos, quando consegui enxergar, vi minha mãe chorando sentada numa cadeira.

"O que foi mãe?"

"O minha filha, você está bem?"

"Tô mãe, você sabe como é minhas crises."

"Achei que esse pesadelo tinha acabado, eu odeio te ver assim. Liguei pra Thiago, ele avisou seu namorado e os dois estão lá fora desesperados por notícias, eu não tinha muito o que dizer. Pode deixar-los entrar?"

"Pode, só me empresta um espelho antes?"

Quando peguei aquele espelho, eu estava destruída. Pálida, cabelo todo bagunçado e com os olhos fundos, eu odeio ficar assim. Tentei me ajeitar mesmo que não tivesse como e fiz um sinal pra minha mãe que podia chamar eles.

"Você está linda como sempre minha filha." me deu um sorriso amarelo, eu sabia o quão difícil era pra ela me ver assim. Fechei meus olhos e escutei barulho no quarto, eles tinham chegado.

"Maju." abri meus olhos e vi Thiago com os olhos cheios d'água "Você não pode voltar ao que era antes Maju, não pode." disse ele chorando. Leonardo só me olhava com uma expressão triste.

"Eu estou bem."

"Não está, Maria Júlia. Você sabe o quanto essa doença é imprevisível, isso pode ser o começo de uma volta dela."

"Não é, eu tô tomando meus remédios, eu vou ficar bem, Thiago."

"Eu espero, espero muito que fique." ele me abraçou chorando "Eu te amo tanto irmã." meu olho se encheu d'água, eu odeio ver os outros triste ainda mais por minha causa. "Vou deixar vocês a sós, se precisar de qualquer coisa pode me chamar, eu te amo."

"Também te amo Thi, muito." ele saiu no quarto deixando eu e Léo nos encarando.

"Como você está meu amor?"

"Eu sinceramente não sei. Foi tão do nada Léo, eu só queria você lá comigo." meu olho se encheu d'água e eu comecei a chorar.

"Eu sempre estou aqui, sempre. Eu quero tanto te ver bem, você vai conseguir, você é forte Maju, eu sei disso." ele tentava me acalmar mas eu sabia que ele não estava bem também. Ele sabe de todos meus problemas, do quanto essa doença me prejudicou e do quanto eu demorei pra conseguir "me curar" mesmo que eu nunca tenha conseguido por completo, ele tem medo o tanto quanto eu, da pra ver nos seus olhos.

"Eu te amo tanto." ele me abraçou.

"Eu amo você como nunca amei ninguém. Nós vamos passar por isso juntos, eu te prometo minha menina."

Ficamos um tempo juntos até que o médico entrou no quarto com minha mãe e o Léo teve que sair.

"Maria Júlia, a muito tempo você não tem crises e creio eu que esteja tomando seus remédios corretamente." concordei com a cabeça "Essa crise pelo que sua mãe me informou, foi do nada, sem motivos e bom, você sabe que quando isso acontece é porque a doença está voltando, sendo assim, pode acabar voltando a depressão também. Vamos ter positividade e torcer pra isso não acontecer, você é forte e consegue superar isso, eu sei disso. Não pare de tomar seus remédios e nem de vim as suas consultas, tudo isso ajuda. Procure ficar perto de quem te faz bem, ajuda mais ainda. Espero que melhore. Já assinei sua alta, vocês podem ir embora. Qualquer crise, voltem rápido, você é muito frágil pra essa doença e eu temo que aconteça o pior, é melhor não brincar. Fica bem." disse o doutor dando um sorriso e saindo da sala, desde o início da doença era ele quem cuidava de mim, ele teve um grande peso na minha vida me ajudando a melhorar, é um excelente profissional.

O que mais estou escutando é que sou forte mas será que sou mesmo? Parece que estou voltando cada vez mais pra estaca zero, os medicamentos não funcionam mais e isso me assusta.

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@leozin: eu vou cuidar de você até meu último suspiro. fica bem, princesa.

@maju.lamounier: eu te amo, vida