"Eu posso explicar."

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"Caralho, tu tá toda molhada."

"Estava lá fora. E nem estou tão molhada, exagerado."

"Pra você que resfria atoa está muito molhada sim."

"Você cuidando de mim é fofo."

"Eu sou seu irmão, ué." sorri pra Thiago que estava sério, ele estava preocupado mesmo. Dei um beijo em sua bochecha e me sentei na mesa fingindo estar prestando atenção no assunto. Minutos depois, Léo entrou no salão, também molhado se sentando do outro lado da mesa, ele não largaria Rafaella e assim, não me daria nenhuma resposta de sua escolha. Eu não vou voltar atrás com minhas palavras, sei que tudo vai se repetir daqui um tempo. Parte de mim, entende a sua partida. A outra parte, morre de saudade.
 
"O salão vai fechar rapaziada. Nós vamos pra casa do Krawk, Geovanna ou Thiago?"

"Tanto faz."

"Vamos pra minha." falou Thiago. Todos concordaram e assim, esperamos Alvarenga fazer o que tinha de ser feito e entramos nos nossos respectivos carros. Leonardo veio com a gente, encostei minha cabeça no vidro do carro e fiquei olhando pra aquela cidade tão grande enquanto os dois conversavam.

"Fala alguma coisa, Maria Júlia."

"Estou com sono."

"Normal." falou Thiago fazendo Léo soltar um sorriso. Revirei meus olhos e em seguida os fechei, assim cochilando. Acordei minutos depois e já estávamos no condomínio.

Fechei a porta do carro, fiz um coque e entrei na casa que já estava preenchida por toda aquela gente.

"Só vou trocar de roupa, galera." falei, eles assentiram e subi, colocando uma roupa confortável.

"Maria Júlia?"

"Oi Geovanna."

"Você conversou com o Léo, né? Eu vi ele indo atrás de você."

"Conversei." disse enquanto vestia meu short.

"E aí?"

"E aí que ele falou tudo que sempre fala. Dei escolha ele, ou ele a larga, ou a gente não tem literalmente mais nada."

"Eu entendo." sorri pra ela e pulei em cima da mesma que estava deitada em minha cama "Baleia."

"Cala a boca." a abracei de lado "Estava com saudade de você."

"Você não liga mais pra mim."

"Seu cu."

"É verdade sim, desde que foi pro Rio de Janeiro você afastou."

"Não afastei, só tá foda a rotina da faculdade."

"Eu sei mas bem que a gente podia marcar um dia pra nosso trio se encontrar né."

"Vamos sim."

"VOCÊS MORRERAM?" gritou Thiago.

"QUERIA." gritei de volta fazendo Geovanna me dar um tapa rindo "Vamos descer."

Calcei meu chinelo, peguei meu carregador e desci atrás de Geovanna.

"Você estava me traindo com a Maria Júlia né?" falou Alvarenga.

"Eu posso explicar." disse Geovanna indo abraçar ele, que esquivou na mesma hora.

"Não pode não. Ela falou que eu beijo melhor." falei entrando na onda, Alvarenga fez cara de choro e Geovanna só ria.

"Vocês três são atoas assim mesmo?" falou Krawk.

"Tá com ciuminho porque eu peguei a Geovanna ao invés de te pegar né, já falei que tem que me conquistar."

"Seu coração já é meu."

"Quem te iludiu?"

"Grossa." fiz coração pro mesmo que mostrou dedo do meio.

"Ai gente, tô cansada. Quero fazer faculdade mais não." falei me jogando em cima de Thiago que estava sentado no sofá.

"Vai continuar fazendo pra quando eu me envolver em treta você me salvar."

"Você é muito cara de pau Rafael."

"Ter uma amiga na polícia é bom né."

"Idiota." falei balançando a cabeça.

"Vamos beber." disse Krawk se levantando e indo pegar mais uma lata de cerveja, todos bebiam e eu estava de olhos fechados me imaginando dormindo por sete dias seguidos.

Estavam todos conversando animadamente sobre algo, Leonardo mexendo no celular de cabeça baixa e eu pegando viagem com sono, minha vontade era ir me deitar nele mas eu não vou dar o braço a torcer dessa vez.

Existem saudades, que precisam continuar sendo saudades por mais que doam.

"Tá pensando no que?" disse Thiago enquanto mexia no meu cabelo.

"Estou com sono."

"Não é só isso." me acomodei em seu peito.

"É difícil ficar tão perto dele e ao mesmo tempo tão longe."

"Você acha o melhor fazer isso?"

"Sim. Se não tudo acontece de novo, não é a primeira vez que essa história acontece, Thi."

"Realmente. Espero que sejam felizes, mesmo que separados."

"Também espero. Como uma amante de exatas, sempre soube que menos com menos, era mais, porém isso não se cumpriu quando tratou de nós. Dois problemáticos nunca daria certo, e somos a prova viva disso."

"Vão ficar cochichando?"

"Tem ninguém cochichando, doido." falei rindo pro Fael.

"Vamos cantar." falou Krawk chegando com violão que ninguém sabe tocar direito.

"Canta radin." falou Geovanna, ela ama essa música.

Começamos a cantar, uma coisa é certa, final de festa sempre rola música.

"Então vai, brinco de decifrar suas intenções
O tempo traz, verdades que sempre existiram em sons
Me diz quais tem me tirado a paz
Saudade gerando canções, saudade do que eu não vivi com você
Vontade só de tempos bons
Cantar junto até perder a voz
Embolado sob os lençóis, corpo dá nó
Entre nós." eu e Léo cantamos juntos sem se olhar.

" "ó" que dó
Que hoje só restam lembranças de nós, a sós
Contando as vontades de futuros sonhos que infelizmente ficaram apenas nos sonhos.
Contando as vontades futuras de sonhos que infelizmente ficaram apenas nos sonhos." finalizei a parte de Knust suspirando.

"Apaga a luz, aqui tem luz demais
Me seduz, sabe o jeito que me satisfaz
Apaga a luz, que tem luz demais
Me seduz, sabe o jeito que me satisfaz." cantamos todos juntos.

"Lembrando histórias de nós
Tentando te entender
Mas não demora que amanhã
O hoje será você
Tentando te entender
Mas não demora que amanhã
O hoje será você." e assim Krawk finalizou, a primeira, de muitas outras músicas que cantamos madrugada a fora.

O Acaso - Leozin MCOnde histórias criam vida. Descubra agora