Meu Dia, Minhas Regras

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Depois de fazer um breve lanche volto para as atividades universitárias extras ligando o notebook novamente tirando da tela de descanso. Os gráficos pareciam que não tinham fim.

Qualquer erro e somos obrigados a refazer...

Suspiro balançando minha cabeça de um lado para outro sentindo dor no meu pescoço e decido mudar a posição quase me deitando literalmente na cama.

Olho para o lado indicando que ultrapassara de meia-noite no despertador, sorri fechando o notebook guardando os livros me levantando da cama. De repente ouço o barulho do telefone, vibrar na cama juntamente com a música, me sentando novamente me espreguiço pegando o celular atendendo no quarto toque.

— Está um pouco atrasada. To ficando mais velha, pode se orgulhar de mim. — Ri, mais do outro lado não ouço um ruído se quer. — Mãe? — Clico na tela, mais em vez de ter seu nome gravado, há um numero desconhecido. — Oh, me desculpe achei que fosse...

— Senti sua falta filha.

— P... Pai? — Minha voz sai como um fio cortante. Estremeço sentindo a ira me invadir. De repente o ar some, como se fosse difícil conseguir respirar, o oxigênio talvez estivesse acabando ou apenas o meu medo misturado à raiva me dominando novamente.

— Pelas minhas contas minha garotinha faz 19 anos hoje, estou certo? — Ouço seu riso, sua voz calma me faz lembrar-se do tempo em que ainda poderia o considerar um pai. — Não vai falar comigo?

— Porque me ligou? — Respiro fundo, mas sem resultado calmante. Na verdade a euforia, confusão, nervosismo está mais presente do que a possibilidade de me tranquilizar. — Você não pode falar comigo, o Juiz...

— Ele me impediu de se aproximar de você, mas não de pelo menos ligar e escutar sua voz. — A lágrima teimosa desce pelo meu rosto, havia rancor em suas palavras mais também a melancolia. — Se não quiser falar comigo tudo bem, apenas me escute. — Após um longo suspiro vindo da linha percebo que acabara perdendo outra chamada da mamãe. — Eu sei que prefere ver a mim num caixão que escutar minha voz e entendo totalmente o seu lado, mas eu mudei filha eu...

— Não sou sua filha. — Respondo firme mordendo a boca contendo a raiva. — Não me ligue novamente. — Desligo sua ligação, atendendo a ligação da mamãe imediatamente. — Você deu meu numero pra ele de novo?

— Não fala assim filha, ele ainda é seu pai.

— Você estragou totalmente o aniversário de 19 anos que mal começou. Já disse que não quero falar com ele, foi à única coisa que pedi a você quando eu vim pra cá. — Não escondo a amargura em cada palavra que sai da minha boca.

— Filha eu... — Ouço sua voz aguçada em choro e imediatamente, solto um suspiro pesado me acalmando. — Desculpa, eu não queria...

— Está tudo bem mãe, eu dou um jeito no cara. — Me refiro ao meu pai rindo no final mesmo contra a vontade. — Estou com 19 anos... E você está ficando cada vez mais velha... — Cantarolo a ela ri e me sinto mais aliviada sorrindo sincera.

— Talvez eu tenha que aplicar Botox no rosto?

— Ai, não, mãe! — Rimos.

— Feliz aniversário filha! Espero que senhor Sharman compre um presente bem caro pra você.

— Dona Valerie!

— O que? Anne me contou que ele é super rico.

— Super? Que tipo de seriado anda assistindo?

Desejos IndomáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora