Verdades Ditas

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— Acha que vai conseguir mudá-los?! — Ela responde enfurecida limpando o sangue me fazendo rir de sua situação.

— Você é ridícula. —Não contenho rindo mais alto de sua cara. — Quem disse que quero mudar eles? — Respiro fundo tentando recuperar o folego me aproximando. — Está lendo muitos contos de fada, Elena?

— Como?

— Se eu fosse você não se preocupava tanto com a minha vida, na verdade você deveria ir a caminho do hospital neste momento. Seu nariz está começando a inchar. — Me afasto dando as costas começando a caminhar novamente. — A propósito, se quiser me atingir não use minha família como sua arma, não tenho vergonha dela. — Me viro a olhando. — Não seja tão baixa a este ponto, tenha um pouco de dignidade. — Andando sem pressa dobro a rua sentindo um pingo cair em meu braço. Olhando para cima percebo o céu estar se fechando e a chuva se aproximando.

Droga.

Conferindo as horas de repente meu telefone toca e vejo o nome de Cole na tela. Sem perceber meu ódio aumenta e rejeito a ligação suspirando.

Idiota mentiroso...

Pegando a carteira vejo apenas 50 dólares nela. Pelo menos dava pra pagar um almoço e assim evitaria voltar para aquele apartamento. Colocando os fones o ultimo volume é acionado e o cenário a minha voltar desfruta de uma trilha sonora, pressionando o aleatório da playlist o celular novamente recebe outra chamada de Cole.

Recuso a ligação sentindo uma leve dor na mão e vejo o lugar avermelhada. Identificando a música “So What” da Pink começo a rir da escolha me lembrando do rosto surpreso de Elena pelo forte soco que não tinha conseguido segurar.

Será que se torna pecado não se arrepender depois de socar a cara de alguém?

Ri negando caminhando apressadamente para o lugar mais próximo que conhecia ali. Ouvindo meu celular Tocando novamente bufo observando dessa vez o nome Daniel na tela do aparelho. Respiro fundo contando até três.

— Alô...

— O que pensa que está fazendo?

Furioso, furioso, furioso!

— Indo almoçar. — Respondo calmamente ignorando a agitação da reprovação de sua voz. — E você?

— Está tirando sarro de mim?

— E você? — Respondo severamente irritada.

— Onde está? — O tom grosseiro continua e seu humor cada vez se afundando assim como o meu.

— Não importa. Eu...

— Porque está fugindo? — Mudando de repente do ritmo da conversa fico sem reação por um momento segurando o aparelho com mais força em minha mão.

— Não estou fugindo, só estou evitando. — Do outro lado da linha apenas o silencio. Talvez Daniel esperasse que eu contasse mais coisas, mas na realidade não havia o motivo de dizer. Pelo menos a coragem não me permite ainda. — Tenho que ir, estou com fome.

— Em casa nós conversamos. — Desligando o telefone assim que diz estas palavras, fico desnorteada e a música volta a surgir no fone. Voltando a andar viro para a rua oposta do caminho em que ia, indo em direção ao apartamento.

A cada passo é como se a rua se esticasse e a estrada sempre se alongando cada vez mais. Eu precisava passar no Escala, tinha que pegar algumas roupas para de noite. Daniel esta indo pra lá, a empresa não ficava muito longe do prédio, tenho que ser rápida. Conversar é a ultima coisa que quero.

Desejos IndomáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora