Capítulo Cinco

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- Bom dia, dorminhocas! - minha mãe comentou aos nos ver na manhã do dia seguinte, em seus lábios um grande sorriso.

- Bom dia, mãe - depositei um beijo molhado em sua bochecha.

- Bom dia, Dona Goretti - Ana já foi pegando um pedaço de bolo e o enfiando todo na boca. - Bof fia, feu flauco.

- Bom dia pra você também, Ana -- ele respondeu com tom de riso, entendendo perfeitamente o que ela queria dizer. Em seguida, dobrou o seu jornal e o colocou por sobre a mesa. - Como está filha?

- Melhor - falei, enchendo minha xícara de café e permitindo que o aroma adentrasse minhas narinas. Apenas com isso, já me sentia renovada.

- Falando nisso, obrigada por ter vindo ontem, Ana. Já não sabia mais o que fazer com ela.

- Ei, eu aqui, sabia mãe?

- Só estou falando a verdade.

- A verdade é que Ana só veio porque certo alguém... - balancei a cabeça, apontando em direção a minha mãe. - Ligou falando o que tinha acontecido, como se não soubesse o quanto ela é curiosa.

-Nossa, Ju. É isso que tu pensa de mim? Que sou uma fofoqueira? - fingiu estar ofendida.

- Não digo fofoqueira, mas certamente curiosa - ela me deu um cutucão enquanto eu ria.

- Você pode estar certa em relação a isso, mas... se enganou com uma coisa: não foi sua mãe que me ligou.

- Não? - encarei as duas, mas ambas deram risinhos e fingiram estar concentradas em tomar o café da manhã. - Então quem foi? - continuaram calados, inclusive meu pai. - Espera aí... Foi você pai? - ele gracejou, desconversando.

- Ah, deixa seu pai, Ju. Ele só tava preocupado e resolveu chamar a babá.

- Babá?

- Apelido fofo, né? - riu.

- Até parece, qual foi a ultima vez que tive que te buscar na balada porque você não lembrava o caminho?

- Lá vem.

- Ah, mês passado - fingi lembrar, a ignorando.

- Se você tivesse visto o tanto que eu bebi, certamente entenderia. Falando nisso, você devia vir comigo um dia desses.

- Não.

- Qual é, Ju? Vai ser legal.

- Nunca é legal.

- Deixa de ser careta, filha. Vai se divertir um pouco.

- Mãe?!

- Não tem mãe. Você vive se lamentando ultimamente, quem sabe uma balada te anime.

- Sua mãe está certa.

- Pai?!

- Que foi?

- Vocês deveriam estar me convencendo a ficar, não a ir. Ser aqueles tipos de pais caretas, sabe?

- Ah, Juliana, você sabe que nunca fomos disso. Por nós você até mesmo namorava a Ana. Falando nisso, o que acha, Ana?

- MÃAE!?

Enquanto minha melhor amiga ria da situação, eu desejava sumir dali. Lógico que isso não foi nada assustador para nós duas, pois meus pais sempre tiveram essa personalidade descontraída. Desde que eu estivesse feliz, eles estariam felizes.

- E então, Ana? Topa?

- Sinceramente, Dona Goretti? Ela não faz o meu tipo.

- Imaginei - falou um tanto desanimada, ao mesmo tempo, debochada. - Mas se mudar de ideia, já sabe.

Não sou obrigadaOnde histórias criam vida. Descubra agora