Capítulo Sete

51 13 0
                                    

O resto da semana passou voando, sem muitos acontecimentos extraordinários. O único fato que pode ser dito como diferente foi a arrumação em meu quarto que acabou levando mais tempo do que esperava. Me fazendo perceber a quantidade de roupas e coisas que tenho, e que nem fazia ideia que existiam. Tirando isso, tudo correu perfeitamente e para dizer a verdade, a convivência com Ana era de pura sincronia. Até me arrisco a dizer que se fôssemos um casal, não seríamos tão perfeitas juntas. Essa ligação que já tínhamos se tornou ainda maior a ponto de ela conseguir me convencer a acompanhá-la naquela balada que tanto queria que eu fosse.

Estávamos nos arrumando para ir a boate e nossas coisas estavam espalhadas pela casa, tudo por causa da nossa indecisão do que usar — mais minha, no caso. Por mim, iria com um jeans velho e uma blusa qualquer, mas segundo minha querida amiga estava na hora de valorizar o meu corpo e causar. Então ela selecionou alguns vestidos no meu guarda-roupa — eu avisei que tinha coisas que nem imaginava — e pouco a pouco fui experimentando-os. No final, reservei dois dos que mais tinha me agradado, ambos nem tão curto e nem tão longo, mas na medida certa. Mesmo com essas opções, a dúvida se fez presente e não tive outra alternativa a não ser pedir a opinião de mais alguém.

— Ana? — parei em frente à sua porta aberta, segurando os dois trajes, um em cada mão. — O vestido preto ou o azul?

Huuum... Deixa eu ver – os analisou. — Prefiro o azul.

— Sério? – fiz uma cara feia. — Acho que vou com o preto mesmo. Agora o cabelo? O que prefere? Liso ou ondulado?

— Com certeza liso.

— Tá bom – quase voltei ao meu quarto, porém retornei. — Mas pensando bem, vou deixá-lo ondulado mesmo. E o...

— Espera um pouco. Porque você veio pedir minha opinião se no final faz o contrário?

— Para ter certeza do que não usar – debochei.

— Ah, quer saber... vai a merda, Ju – riu, fechando a porta, em seguida.

— Ei, pera aí... abre essa porta, você tem que me ajudar com a maquiagem! – esperei um pouco, mas ela continuou me ignorando. — É sério, eu deixo você fazer o que quiser.

Ouvi o barulho de chave sendo girada na maçaneta e segundos depois, lá estava Ana sorrindo feito uma criança, pois não era a primeira vez que queria me maquiar com "liberdade".

— Você vai ficar um arraso! – me puxou para dentro do seu quarto.

Foram longos minutos até que meu "reboco" ficasse pronto. Além de cabeleireira Ana era uma ótima maquiadora e na verdade, acho que não havia nada que não fosse boa de verdade — a não ser no quesito organização.

— Mano, você está tipo... Maravilhosa – comentou, parada em minha frente. — Preparada? – concordei com a cabeça. — Voilá.

Dito isso, ela virou a cadeira onde eu estava sentada, permitindo que me analisasse através do reflexo do espelho de sua penteadeira.

O que vi não era eu.

— Ana... – me aproximei mais do espelho. — Ficou incrível... Eu...

A sombra escura em tom preto e cinza com glitter, me deixaram com um olhar glamouroso, contrastando com o vermelho em meus lábios. Minha pele, por conta da base e do pó, ficou impecável, enquanto o iluminador destacava certas áreas do meu rosto. Aquele tipo de maquiagem só tinha visto em revistas de beleza e era estranho perceber o quanto tinha me transformado a ponto de me sentir linda.

Não sou obrigadaOnde histórias criam vida. Descubra agora