Capítulo Dez

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Sentia a adrenalina percorrer todo o meu corpo, enquanto seguíamos para casa com o táxi que conseguimos na saída. A medida que o carro se distanciava da boate, eu olhava para trás tomada por uma animação que a muito não sentia.

— Você viu aquilo? Viu a cara dele quando eu falei que não éramos obrigadas?

— Vi, e vi também que você quase levou um olho roxo pra casa. O que passou pela sua cabeça? – falou sentada ao meu lado, com os braços cruzados e uma cara de poucos amigos.

— O que você queria que eu fizesse? Ele estava te assediando.

— Mas ele tinha o dobro do nosso tamanho, Juliana.

— E daí?

— E daí que podia ter acontecido algo mil vezes pior se aquele cara não tivesse aparecido pra te defender. Você deu sorte.

— Não chega a ser bem sorte, ele deve ter visto o tumulto lá do bar vip – dei de ombros.

— Como sabe que ele estava lá?

— Porque estávamos conversando minutos antes, até a ridícula da Rebecca aparecer.

Pera aí, pera aí – o tom de sua voz mudou e um sorriso brotou em seus lábios. —Você e o carinha estavam conversando? E a Rebecca apareceu? Eu ouvi bem?

— Antes que você comece, não foi nada demais, ok? Foi uma conversa...comum. E sim, aquela víbora surgiu na maior cara de pau e disse que ia noivar com o Felipe.

— Não. Brinca – comentou perplexa. — Como assim?

— Ela esbarrou em mim, disse que eles estavam juntos. E que não queria que me sentisse rival dela por isso.

— E o que você respondeu?

— Que não queria saber dos joguinhos dela, porque sabia que ela só tinha ido falar comigo para se exibir. Daí ela se revoltou e disse que iam noivar.

— E...

— E... – comecei a rir, lembrando do que tinha dito. — E eu respondi que ela não deveria se animar muito porque o sexo com ele era um tédio e o pau dele minúsculo – escondi o rosto entre as mãos.

— Você não disse isso... disse? – confirmei com a cabeça, enquanto ela me encarava de maneira energética. — Caralho, Juliana!

— Acha que eu exagerei?

— Claro que não, aquela mocréia bem que merecia mesmo. Queria ter visto a cara dela.

— E eu queria ver a cara do Felipe quando descobrir que do que falei dele.

— Foda-se ele. Já estava na hora de você se libertar. Estou muito orgulhosa de você – acariciou minha mão, demonstrando apoio. — Acho até que devíamos sair para comemorar.

— Acabamos de sair da boate, Ana – ri.

— E daí? A noite ainda não acabou – brincou.

— Mas pra mim sim. Falando nisso, vou ligar para os meus... – procurei por meu celular, mas só aí me dei conta de que nem a bolsa de mão estava comigo. — Merda.

— Que foi?

— Acho que no meio daquele tumulto com a Rebecca acabei esquecendo da minha bolsa – comentei desanimada. — Temos que voltar. Motorista... Vamos voltar.

— Você está viajando, Ju? Motorista, vamos voltar não. Pode continuar.

O homem nos encarou pelo espelho retrovisor, deu de ombros e voltou sua atenção ao percurso.

Não sou obrigadaOnde histórias criam vida. Descubra agora