Meus pensamentos viraram uma bagunça sem fim, ao pensar na escolha que aquele casal fez. Por que eles estavam escolhendo a mim? Ninguém nunca fez isso durante treze anos, não faz sentido.
Enquanto eu quebrava a minha cabeça, Raul pulava de emoção. Ele se empolgou tanto que passou praticamente a semana inteira falando disso, eu fiquei o tempo todo assombrado.
E para completar as vozes na minha cabeça não tinha sumido, os meus sonhos estavam cada vez mais reais. Me assustado e tirando a minha paz, as noites em branco com medo de fechar os olhos e voltar para o lugar onde é o meu pior pesadelo.
O Sr. Ross tinha vindo mais duas vezes nós visitar depois de avisar que queria nós adotar. O diretor não parecia nenhum pouco contente com a escolha que eles fizeram, eu tinha que concorda pela primeira vez.
Mais a sensação de que as novidades só estavam começando.
- Acho que não vou conseguir dormir de tanta ansiedade - Falava Raul colocando roupas na mochila.
- Você está mesmo feliz com tudo isso? Não acha estranho que agora derrepente querem adotar a gente?- Perguntei desconfiado.
Ele me olhou e depois fechou a cara, certamente estava com dúvidas igual a mim.
- Fala sério Kay. E a primeira vez que alguém nos dar a chance de ter uma família, quem não ficaria feliz?
- Eu. Essa é a minha casa, eu cresci aqui. Também sei que você não pensa assim, Mais me assusta a idéia de fazer parte de uma família que não é verdadeiramente minha - Resmunguei.
Raul começou a mexer novamente na mochila, não estava nem aí. Ele já tinha perdido uma família e entendo que está feliz em ter outra, Mais eu nunca tive uma e apesar de tentar ninguém me quis.
- Acho melhor você arrumar suas coisas, eles irão nos buscar amanhã. Não seja tão chato cara - Pediu.
Joguei as mãos para cima e saí.
Eu precisava esclarecer, não conseguiria falar com Raul agora, já que está tão feliz.
Fui para o terraço, o último e quinto andar. Era proibido ir lá, Mais já era tarde, não encontraria ninguém.
Era um lugar para descansar, ou desestressar.
O terraço é o canto onde eu costumava dar uma fugida quando estava perdido. Me lembro da primeira vez que estive aqui, foi aos cinco anos, a minha mente estava tão perturbada e eu queria sair daqui, ir para bem longe.Então comecei a vim frequentemente, pelo menos ninguém iria me incomodar.
Respirei fundo e fechei os olhos.
"Dorme pequeno guerreiro" meu coração foi na boca e voltou. Eu tinha que parar de me assustar toda vez que ouvisse a voz.
- Me deixa em paz - gritei.
"Desça e durma" pediu.
- Não. Eu não vou sonhar, já disse para me deixar em paz - Sentir minha garganta aperta.
O terraço estava detonado e tinha água derramada no chão. Fui até a pequena parte feita de pedra, sentei ali olhando para a altura lá em baixo.
"Desça, você pode cair daí." Falou mais uma vez.
- Ah. Então você tem medo de altura.
Fiquei de pé, bem na ponta, eu não sabia por que eu estava fazendo isso. Mais eu queria que a coisa que falava sentisse o mesmo que eu "medo".
" Você irá cair. Vá para sua cama e durma" avisou a voz.
- Eu já disse que não vou. Se continuar a me perturbar eu me jogo daqui de cima - Ameacei.
Rapidamente a coisa parou de falar, talvez estava com medo de eu cumprir o que estava falando. Eu podia sentir na minha mente a sua presença, ela não iria embora e muito menos me dar paz.
Fique respirando ar puro por um grande momento. Precisava ficar calmo e ter uma atitude, amanhã eu iria embora de Rincles o lugar onde foi minha casa desde que me entendo por gente.
As lembranças mais profundas foram nesse lugar, aprendi tantas coisas. Me acostumei com tudo e todos, ir embora daqui seria algo que eu não imaginei.
Talvez quando tinha uns sete anos eu tenha pensado na possiblidade, Mais essa ideia sumiu da minha mente já faz muito tempo.
Ouvi um barulho vindo do meu lado esquerdo, ao olhar percebo uma sombra. Me aproximei e dei de cara com Fernanda.
Fernanda estava toda de preto e com o cabelo trançado e pela primeira vez sem maquiagem.
Ela me olhava com puro ódio e raiva, devia estar decidida a acabar comigo e jogar meu corpo muro abaixo.- Por que?- Perguntou ela com os olhos molhados.
- O que?- Disse sem entender nada.
- Por que escolheram vocês? O que tem de tanto especial? Se vocês não tivesse sido chamados eles me escolheriam - Gritou comigo.
Ela devia estar muito chateada, praticamente arrancamos a chance dela. Mais eu não tinha culpa por isso, ou tinha?
- Por que você sempre se dá bem, mesmo sem merecer saí ganhando, Kay eu te odeio por ser tão egoísta.
Adimito que as palavras dela me atingiram forte, Fernanda costumava me entregar bilhetes e saí correndo com vergonha, era tão simples e não era nada parecida como é hoje.
- Eu nunca te fiz nada. Se me odeia por que vem até aqui me perturbar?- Perguntei.
- Porque quero que você saiba disso. Você é um egoísta que finge ser bom, mais algum dia a sua máscara vai cair e tudo mundo vai ver o que eu vejo - Alegou ela.
- E o que você vê?- me aproximei mais, dessa vez eu queria ouvir o que ela tinha a dizer.
Fernanda recuou um passo e ergueu a mão e rapidamente abaixou.
- Você... E um idiota. Nunca me deu bola, apesar de eu me esforçar você nunca me deu atenção. O que você tem de tão especial para fazer isso em?- Sua voz saiu baixo.
Senti os meus olhos pesarem, Fernanda tinha raiva de mim por causa dos seus sentimentos? Ou eu estava enganado?!
- Eu não te entendo. Por que está mudando de assunto? O que você vê que ninguém mais consegue?- Perguntei.
Ela congelou e abriu a boca, devia estar sem palavras. Estava apenas tentando me provocar como sempre fez com o seu namorado idiota.
- A questão e que mesmo sem merecer você consegue o que quer. A minha vida podia ser diferente fora daqui, mais você tirou isso de mim.
- Se eu conseguisse mesmo eu não partiria amanhã. Mais como você me vê melhor do que ninguém deveria saber disso, Não é mesmo? - resmunguei.
Fernanda agarrou a barra da minha camiseta e me puxou para perto. Eu conseguia ver os seus olhos bem de perto e comecei a sentir uma tontura.
- Estúpido. Por que eu sou tão besta em gostar de você - Disse se aproximando.
Eu não sabia qual era a sua intenção mais me afastei assim que ela tinha ficado perto demais. Essa garota era confusa, dizia que me odiava e depois demostrar o contrário.
- Acho melhor você sair daqui Fernanda, volta para o seu namorado babaca e fiquem longe de mim. Eu não gosto de pessoas que não são verdadeiras consigo mesma, devia parar de menti para si.
Seus olhos se abriram com espanto, eu devia estar sendo um babaca também mais essa garota eu não queria perto. Ela era ruim, provocava os outros e se sentia a maioral, pessoas assim só ficam melhor sozinhas.
- Eu não vou sair daqui - Desafiou ela.
- Então eu saio - Disse indo em direção a saída - A é tem mais uma coisa, você não me conhece então não pode dizer coisas que não sabe, Passe bem.
Fui direto para o meu quarto, acho que tinha algumas coisas parar arrumar, afinal eu vou embora.
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O último Guerreiro
FantasyUm mundo cheio de segredos e mentiras, onde não se pode confiar. Os guerreiros escolhidos pelo poder, sua vida sendo mudada da noite para o dia e jamais voltando ser a mesma. Kay Miller constantemente era perturbado pelo seus sonhos esquisitos e sem...