The Travel - 4

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A vida realmente deve me odiar. Porra Yoongi! Tinha que ser justo no dia do meu aniversário? E mais uma dúvida me apareceu: isso foi proposital? Você era realmente tão sádico assim para querer me ver sofrer desse jeito?

De qualquer forma estava decidido a não ir, pois isso seria me rebaixar num nível muito drástico. Até que uma semana depois de receber a carta, você teve a audácia de me ligar.

- Alô? – Perguntei ao atender o telefone. Realmente, estava muito nervoso com aquela notícia. Não que não quisesse te ver feliz, queria e muito, mas não estava preparado para aceitar ver você CASADO com outra pessoa. Isso estava totalmente fora dos meus planos e idealizações. De fato é uma realidade dura que preciso aceitar, mas tinha que ser justo agora? Nem tínhamos conversado sobre aquele dia e você já estava arranjando sua vida com outro alguém. E pior ainda, negou sua sexualidade ao nível muito extremo para a mídia, pois acima de tudo ia ser com uma mulher.

- A... Alô? Eu gostaria de falar com Park Jimin. – Minha voz estava tão irreconhecível assim? Você parecia bem nervoso. Sentia sua voz tremer pelo telefone.

- Yoongi?

- É. Queria falar com você sobre o convite do...

- Seu casamento? - Completei sua frase e fez-se um silêncio, então prossegui – É. Eu já vi, aliás, já recebi. Muito obrigado pela consideração por lembrar que tem irmão, me senti extremamente honrado... Escuta. Não sei o que você pretende com isso, mas não vou.

- Por quê? Queria te ver, na verdade preciso falar com você...

- Para quê? Para me apresentar a família da sua noiva? Olha me desculpa irmãozinho, mas não vou nem que me paguem e você teve todo o tempo do mundo para falar comigo e agora quer que vá no seu casamento para conversarmos? Você só pode estar zoando com a minha cara! Quer conversar, fale. Estou ouvindo.

- Por favor. Tem que ser pessoalmente.

- Você sabe onde moro é só vir aqui.

- Se você não quer fazer isso por mim, não quer ir ao casamento, então faça pela nossa mãe. Ela não te vê faz muito tempo e sempre que tenta você arranja alguma coisa para fazer ou simplesmente a ignora.

Porém o motivo para eu estar fazendo isso era justamente para não me fazerem perguntas sobre você! Ignorava a nossa mãe porque queria evitar olhar para o rosto dela e ver você. Você tinha traços idênticos aos dela, isso seria uma tortura, além de saber que ela iria fazer perguntas ou falar sobre você e não estava a fim.

- Por que está fazendo isso comigo? Não está satisfeito com a sua vidinha? Por que você quer tanto me ver? – Perguntei baixo, mas claro o suficiente para que você pudesse ouvir. Minha garganta estava apertada e uma dor no peito surgiu.

- Porque eu te...

- Não! Não termina a frase. Isso é mentira! Você não sabe o verdadeiro significado de amar alguém. Eu não vou ao seu casamento Yoongi, adeus. – E desliguei o telefone. Naquele momento não sabia a gravidade das minhas palavras, mas hoje sei.

Depois da ligação, nossa mãe pela primeira vez, resolveu me visitar, pois normalmente ela ligava ou eu passava rapidinho na antiga casa somente para dar um "Oi" e não pude mais evitá-la como antes, no caso evitar perguntas.

- Jimin! - ela gritou quando me viu sair de casa e ir direto para o carro. Não sabia aonde iria exatamente, mas não gostava da sensação de uma casa tão grande e ao mesmo tempo tão vazia. Me sentia muito mais solitário.

Me virei e finalmente, depois de um longo tempo, a encarei. A vontade de chorar veio quase que instantaneamente, mas segurei e engoli a seco.

- Oi mãe. Podemos conversar depois? Preciso...

- Não, não precisa. Sei que só está arranjando desculpas para ir embora. Escuta meu filho, seu irmão irá se casar e você vai! – Ordenou a senhora e em seguida segurou minha mão, como se quisesse me contar algo. - Olha, eu sei que deve estar chateado, com alguma coisa que ele deve ter feito, mas isso não pode durar para sempre! Por favor, meu filho! Por favor, vá a esse casamento, faça isso pela sua mãe! Vocês eram tão amigos antes, o que aconteceu?

- Foi o Yoongi que te mandou aqui?

- Claro que não. Só vim porque sei que você é cabeça dura e sei estava planejando não ir porque está brigado com seu irmão.

Ela estava literalmente, implorando para eu ir nesse maldito casamento. Vi seus olhos brilharem com vontade de chorar ao perceber que já tinha tomado minha decisão. Ela soltou minha mão e antes que fosse embora disse:

- Só não faça nada que vá se arrepender depois.

No momento não soube o motivo, no entanto aquelas palavras mexeram comigo profundamente que acabei aceitando o convite com medo de realmente me arrepender.

Agora era só esperar os dias passarem e chegar o dia da bendita viagem.

...

Os dias se passaram e, depois de um milênio, o dia de minha tortura chegou, quer dizer, o dia que nunca mais sairia da minha memória chegou. Não ia ser uma lembrança fácil de esquecer.

Minhas malas já estavam prontas para serem despachadas, porém não estava preparado para te ver depois de tanto tempo longe.

O medo e ansiedade guiaram meu corpo de casa para o táxi, do táxi para o aeroporto e do aeroporto para o avião e consequentemente o resto da viagem seria assim, meu corpo me levando preguiçosamente para os lugares que não queria realmente estar.

A ideia de passar três dias nesse tal paraíso, agora conhecido por mim como inferno, me aterrorizava. Não me esforcei para ir atraente e tão pouco para procurar você pelos cômodos na esperança de ver seu rosto angelical mais uma vez. Na verdade estava me sentindo mais um intruso do que um membro da família.

A viagem demorou, em levar em consideração que sair da Coréia do Sul para ir para o Havaí, é praticamente como dar uma volta no mundo e assim que cheguei no meu "destino", mais conhecido como "vim porque talvez podia me arrepende", fui levado direto para o hotel. Era elegante, até demais, movimentado e bonito. Quando adentrei o local pude reconhecer os rostos familiares, mas não estava a fim de papo então discretamente fui até recepção, peguei a chave do quarto e segui para o décimo segundo andar.

Entrei no quarto e me joguei na cama de casal. Ali finalmente podia esticar os meus braços e relaxar meus músculos tensos deis do momento em que pus meus pés para fora de casa.

Já estava cochilando, porém o meu pré-sono foi interrompido com batidas na porta. Me levantei irritado e relutando com a coragem de abrir a porta. Podia ser você, mas não iria ter certeza se não abrisse e nunca como naquele momento senti tanta a falta do olho mágico. Coloquei a mão na maçaneta e girei. Respirei fundo e abri a porta de vagar dando de cara com outra pessoa. Não era você.

A figura a minha frente era um homem alto, muito, MUITO bonito, cabelos cinza meio ondulados, com brincos, uma roupa que, aparentemente, parecia confortável, porém elegante.

- Me desculpe você que é o Jimin? - Perguntou. Sua voz era grave, mas sua expressão era serena. Seu rosto parecia ter saído de uma escultura feita pelo próprio Michelangelo. O homem era tão bonito que me deixou sem ar.

- Sim e você é? – Finalmente consegui dizer. Não fui grosso, apenas direto, porém claro que se estivesse conversando com você, com certeza diria que fui ignorante.

- Eu sou...

Dear BrotherOnde histórias criam vida. Descubra agora