UM RECURSO DIFERENTE

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   Estávamos visitando um determinado posto de socorro deste lado da vida, em tarefa de estudo, quando nos foi permitido participar da equipe que ajudaria no caso de Erasmino. Tentaríamos algo, visando ao reeqüilíbrio do rapaz, que era tutelado por bondosa entidade, que fora sua avó na existência física. 

Há muito desejávamos fazer estudos a respeito da obsessão e essa era a oportunidade que sempre quisemos ter. Não a perderia em hipótese alguma. 

Demandamos o lar de D. Niquita com a curiosidade que me era característica, desde que me entendia por gente sobre a Terra, se bem que continue sendo "gente", embora outra tem sido a minha residência nessa nova etapa da vida em que me encontro. Sou agora uma alma do outro mundo, arvorando-se em comentarista e repórter do além e do aquém, fazendo suas observações, não como o fazia na crosta, mas agora sob uma nova ótica. A ótica espiritual. 

Encontramos a casa de D. Niquita em intensa agitação, naquela tarde de sábado. A vizinha D. Ione, estava convencendo Erasmino a participar de uma sessão de terreiro, juntamente com duas amigas suas, pessoas extremamente místicas e com argumentos. Diante do desespero de todos, a sugestão foi aceita imediatamente, na esperançade resolver o problema de uma vez por todas. 

O companheiro Arnaldo, que conduzia nossa equipe espiritual, falou-nos, sempre com sabedoria: 

_ Estamos diante de um caso muito delicado e que requer firmeza por parte dos envolvidos. O nosso irmão Erasmino necessita urgentemente receber auxilio para o seu equilíbrio espiritual. Encontra-se abatido psicologicamente e dessa forma, torna-se presa fácil nas mãos de seu verdugo do passado, que apenas espreita o momento ideal para desfechar o golpe infeliz que poderá levar o nosso amigo à loucura definitiva. É necessário no entanto, que respeitemos os posicionamentos da família e principalmente o de Erasmino, esperando que ele tome uma posição mais decidida e crie ambiente mental propício para que possamos interferir em seu beneficio. 

_ Mas o que você acha a respeito da tentativa da mãe e da vizinha deconduzi-lo a um terreiro de umbanda, para resolver o problema? 

_ Tentaremos auxiliar como pudermos, conscientes de que a bondade divina se manifesta conforme os instrumentos de que dispõe para trabalhar. Não é pelo fato de ir a um terreiro de umbanda que o nosso irmão não será atendido convenientemente. No seu caso, talvez necessite realmente de um choque com vibrações mais intensas para acordar para os problemas da vida. Observemos primeiro e depois ajuizaremos quanto à forma de auxiliar o companheiro. 

_ Mas não seria mais conveniente induzi-los a procurar um centro de orientação Kardecista, em vez de um terreiro? – perguntei curioso. 

_ Nos terreiros umbandistas encontramos igualmente os recursos necessários para atuarmos junto aos nossos irmãos. Conheço pessoalmente espíritos de extrema lucidez que militam junto aos nossos irmãos umbandistas, no serviço desinteressado do bem. Os problemas que às vezes encontramos não se referem a Umbanda propriamente como religião, mas à desinformação das pessoas, ao misticismo e à falta de preparo de muitos dirigentes, o que aliás, encontramos igualmente nas casas que seguem a orientação Kardecista. 

Não se devem confundir as pessoas mal intencionadas, os médiuns interesseiros com a religião em si. Em qualquer lugar onde as questões espirituais são colocadas como uma forma de se promover, tirar proveito ou manipular a vida das pessoas, envolvendo o comercio ilícito com as esferas invisíveis, ocorre desequilíbrio e é atraída atenção de espíritos infelizes. 

A Umbanda inspira-nos profundo respeito pelos seus ideais; trabalhemos para que alcance um grau de entendimento maior das leis da vida e que os seus orientadores espirituais encontrem medianeiros que lhes entendam os propósitos iluminativos. Deixemos dela do quaisquer preconceitos e tentemos auxiliar como pudermos. 

TAMBORES DE ANGOLAWhere stories live. Discover now