Fizemos uma prece junto a Erasmino e aplicamos-lhe um passe calmante, proporcionando-lhe momentos de mais tranqüilidade, até que pudéssemos socorrer-lhe mais detidamente.
Nesse meio tempo, a sua genitora parece ter-nos captado a presença e recolheu-se em prece, mentalizando a imagem de Nossa Senhora das Graças, rogando-lhe as bênçãos para o filho. Suave luz envolveu-lhe o semblante e, juntando-se as energias de Arnaldo, projetou-se sobre a fonte de Erasmino, que adormeceu suavemente.
Observei novamente extasiado o que acontecia diante de meus olhos. Enquanto o corpo do moço se encontrava estendido em sua cama, desdobra-se diante de nós, o espírito dele que, meio atordoado não conseguia divisar-nos a presença. Parecendo um robô, dirigiu-se a esmo para rua como se fosse teleguiado por forças desconhecidas, embora se mantivesse ligado ao corpo físico por um cordão fluídico finíssimo, de cor prateada.
Acompanhamo-lo. Seguia por regiões inóspitas da paisagem espiritual, parecendo dirigir-se a lugar conhecido.
Avistamos ao longe um edifício construído com matéria astralina e portanto invisível aos olhos comuns dos homens encarnados.
Muitos pensam que, deste lado da vida, tudo é apenas nevoa ou nuvens que pairam pelo espaço em meio a fantasmas errantes. Enganam-se. Desafiando a pretensa sabedoria de muitos pseudo-sábios e religiosos do mundo, a vida continua estuante com muitas vibrações ou dimensões que aguardam ser devassadas pelo homem do futuro, para sua elevação espiritual. Não mais continentes a serem descobertos, nem paises a serem conquistados, mas um mundo todo diferente em se tratando da matéria que o constitui. E falamos "matéria" porque aqui também a encontramos, mas vibrando em estados diferentes da matéria física. Pode-se, quem sabe, chamá-la de anti-materia, anti-atomo, anti-eletron. Mas o que importa não são as denominações ou os vocabulários já há muito obsoletos com referencia às manifestações da vida no universo, mas a realidade desta mesma vida eu, para nós, os desencarnados ou os defuntos como somos muitas vezes chamados aí pelos colarinhos engomados – segue sempre sendo um mundo vibrante com suas construções forjadas na matéria sutil do nosso plano ou dimensão. Essas construções encontram-se espalhadas por muitos lugares do Plano Astral e muitas vezes se justa põem às construções físicas que vocês fazem aí.
Esse prédio que avistamos fugia ao que comumente se espera de uma construção desse tipo, utilizada para a finalidade que seus habitantes desencarnados o usavam. Geralmente se espera que espíritos atrasados habitem regiões negras com cheiro ácido e com muita sujeira, o que refletiria seu estado íntimo de desequilíbrio. Mas até eu me enganei. Embora a paisagem externa não perdesse para as melhores descrições de Dante, em sua "Divina Comedia", a imponência do prédio desafiava os melhores arquitetos da Terra e a perfeição de seus detalhes certamente faria inveja aos amantes das aparências exteriores.
Com a presença de Arnaldo, segui atrás de Erasmino, que se dirigia para o que se poderia chamar de andar térreo do portentoso edifício. Não sabia direito para onde nos dirigíamos quando Arnaldo veio com a explicação.
_ Não se preocupe, estamos sob o abrigo do bem. Aqui neste prédio posso afirmar que estudam as mesmas forças e energias que nós estudamos. Entretanto, empregam-nas em sentido contrario. A nossa presença não será percebida, pois mesmo sendo desencarnados como nós, os seus habitantes e trabalhadores, se assim podemos chamá-los estão com as mentes embotadas por vibrações infelizes, especializando-se em formas de ataques mentais ou magnéticos, para atuarem contra seus irmãos encarnados, portanto, permanecem em vibração diferente da nossa, não nos podendo perceber a presença espiritual. Continuamos invisíveis para eles, como para os encarnados. Tudo é questão de se compreenderem as dimensões espirituais.