Ádito

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POV Lauren


A casa do prefeito, Sr. Walker, era um verdadeiro modelo de luxo desnecessário, como toda casa de um governante é. É notório como esbanjam sua riqueza em objetos fúteis e de mal gosto. Honestamente, não entendo o sentido em ter um quadro tão grotesco como o que eles tem em sua sala de estar. Não é de bom gosto, é de aterrorizar.

A esposa do Sr. Benjamin Walker, a Sra. Victoria Walker, é uma mulher lindíssima, porém, tão fútil quanto a casa em que mora. Seus assuntos se resumiam a vestidos e fofocas de um modo geral. Quem corteja quem, quem casou em desonra provavelmente por motivo de gravidez, quem foi visto embriagado em público...

Ficar no meio de todas aquelas mulheres era realmente uma perda de tempo. Eu podia notar nos olhos de minha mãe que ela pensava o mesmo. Ela sim é uma senhora digna e de respeito, uma mãe maravilhosa. Como quando lhe contei sobre meu interesse particular nas mulheres, mamãe ficou ao meu lado.

Por Deus, eu não conseguia entender o que há de tão interessante nos homens. Eles não têm o mesmo perfume que as mulheres. Eles fedem, enquanto as mulheres têm um cheiro único, esplêndido. E a barba? Aquilo só faz coçar, não é como um rosto macio e feminino.

Mamãe sempre me entendeu e me ajudou a conversar com papai. Ela não convocou o padre da cidade em que morávamos ou se quer me acusou de sodomia. Mas naquele dia em que contamos a papai, pensei que seria enviada para um convento ou iria sofrer as correções de papai. Ou os dois. Tinha 14 anos e o medo do que meu pai poderia fazer comigo era enorme. Mas contrariando as expectativas, ele me abraçou e disse palavras que jamais esqueci, "Entenda que nem todos vão te entender, minha filha. Por isso o que te aguarda não será fácil, mas também não será impossível pois aquela que te amará irá tornar tudo realizável."

Hoje, cinco anos depois, olhando a senhorita Camila do outro lado da sala, pensava sobre as palavras de meu pai, pensava quando teria o realizável e se poderia estar guardado com ela.

- Com licença, senhoras, poderia roubar a atenção da Senhorita Lauren? - Ally pergunta ao grupo de senhoras, tirando meu olhar da morena.

- Desde que devolva inteira. - Mamãe a responde com uma expressão divertida.

- Com licença. - Começo a andar ao lado de Ally. - Senhorita Lauren? Você não precisa dessas formalidades comigo, Ally.

- Sei disso, mas na presença daqueles alfaqueques de saia, o melhor é assim. Quanto menos os nossos nomes estiverem naquelas bocas, melhor.

- Você as chamando assim, Ally? Nem parece que passa dia sim e dia não naquela igreja. Conversando com aquelas beatas e dando conselhos matrimoniais.

Ally com o semblante enraivecido me olha e eu só consigo rir, ela detestava as carolas da igreja.

- Você sabe muito bem o porque passo os dias ouvindo o que elas têm a dizer. E são tantas coisas, Laur. - Não consigo deixar de rir mais uma vez. - Pelo Criador, como podem ter tantos problemas? Se é que podemos chamar dúvida no cardápio semanal da casa como problema.

- Elas confiam em você, Ally. Fazem tudo tudo o que pede, o que aconselha. Honestamente para mim ainda é um mistério como conseguiu fazer parte do Conselho Cristão.

- Isso minha cara amiga, é um segredo que guardo a sete chaves. Nem mesmo o senhor meu marido sabe como consigo.

- Provável que ele ainda não notou que você faz o mesmo com ele. - Não pude deixar de cutucar e depois sorrir para ela que me sorriu também.

Ally é uma amiga formidável, a melhor que alguém como eu poderia ter. Nos conhecemos desde a infância quando os seus pais se mudaram e desde então começaram a trabalhar com os meus. Foi quando nos tornamos amigas e assim pretendo que continue sendo.

Chains (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora