Meeiro

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Qual a sua tristeza? Qual seu medo? Tem pavor de quê? O que lhe apavora que venha assombrar-te durante o sono? Que se visita em um sonho pensa que irá morrer? Quem? O quê? Quando? É a morte? Um bicho? Alguém?

E o que te faz feliz? O que lhe traz sorriso a face só ouvir falar? Amas alguém? Tem felicidade por estar perto de alguém? Algo lhe deixa contente? Júbilo deve ser a palavra mais dita pela pessoa mais feliz do mundo. Quem lhe faz contente? Quando? Em qual momento? De que forma?

Para uns o sinônimo de tristeza e felicidade poderia responder pelo mesmo nome, mas nomes diferentes. Se pensa em felicidade e tristeza quem lhe vem a mente? Ou o certo seria perguntar, o quê lhe vem a mente?  É uma pessoa? É um objeto? A soma de ambos?

Naquela noite muitos choraram, por medo, por pavor, por sentir o suspiro da morte em seu cangote, pela falta da servidão... tantos motivos. Quantos choraram pelas vidas perdidas? Eram pais, eram filhos, eram irmãos, eram amigos, eram pessoas. É certo pagar com aquilo que lhe pagaram? Veja, não quero que se sintam culpados, mas qual o limite? É certo para um e errado para o outro, isso parece justo para você?

Se um homem maltrata sua esposa, oferece à ela dias horríveis e tenebrosos, não justo, não é certo. Mas se essa mesma mulher agredir o seu marido, tratá-lo com descaso como foi tratada, aí sim é justo? Perdoar não é conviver e nem mesmo continuar junto de alguém, então o que é perdoar? É passar por cima, esquecer, superar... poderia achar várias definições, mas a melhor é aquela que lhe agrada.

Tantos assassinatos, não sobrou uma alma viva para contar o que houve ali, se foram lutas justas, se foi um momento fácil ou descomplicado para ser feito. Uma coisa é certa, tudo foi feito de uma forma impecável, não havia falhas. Morreram todos aqueles que ofenderam os escravos de algum jeito, dilacerados e com seu tempo terminado. Acabou. Tudo arquitetado para chegar ao final da vida daqueles homens ruins.

Michael e Christopher retornaram para a porta do salão com a carruagem da família, sem conseguir esconder que estavam completamente chocados com o que viram, não poderia como imaginar como o prefeito iria se virar para limpar toda aquela sujeita, Não havia escravos na cidade, pelo caminho notou que estava tudo vazio. Teriam de colocar a mão na massa pela primeira vez e por mais trágica que a situação pudesse ser, causava certa curiosidade.

- Estão todos mortos. - Michael falou diretamente a sua família, mas sabia que os outros iriam prestar atenção. - Mataram todos.

- Os escravos estão mortos?

- Não, senhor Walker. Os homens que deveriam cuidar dos escravos enquanto o baile acontecia, todos estão mortos. Aliás, pense em como irá retirar aqueles corpos de lá, estão na rua, por isso é problema da prefeitura, não vi negros na rua, provável que fugiram todos.

- Precisamos retornar às casas e às fazendas, precisamos averiguar a situação em nossos lares.

Para quem pensou que ali iria se iniciar mais um longo discurso do prefeito Walker, se enganaram todos, estavam curiosos para saberem se em suas residências a tragédia continuava ou se era algo somente da cidade.

- Quem irá trazer nossas carruagens?

- Ora essa, senhor MacKay. - Era Clara Jauregui se preparando para agir como Clara Jauregui. - Bata palma. - E o imbecil bateu, pobre senhor MacKay. - Viu? Tem mãos e vejo que tem pernas, pode ir o senhor mesmo buscá-la.

Dito para arrasar com quem ela pouco tinha paciência, apenas tolerava, mas ali naquele momento isso não seria possível, estava com a cabeça fervendo pensando o que poderia ter acontecido em sua casa, o que poderiam ter feito em sua fazenda. Estava nervosa e só queria ir embora, não queria saber como aquele velho babão faria para buscar sua carruagem.

Chains (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora