Louvados

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Por muitas vezes pensamos que a dor que sentimos é a maior do mundo e isso é verdade, a sua dor é a maior dor do mundo para você, dentro do seu mundo. Comparar dores me parece um tanto quanto injusto com todas as pessoas que sentem essas dores, com todos os corações que não sabem como sentir.

Alguns procuram por ajuda nas palavras de conforto de um padre, outros procuram pelos ombros dos amigos, há quem pense que o melhor jeito de curar a dor é provocando dor em outras pessoas, dando aquilo que recebeu. Se recebe dor, entrega dor. Como pode ser possível julgar quem faz isso? Me diga, como pode?

Durante muito tempo nos livros, aprendemos que humanizar o vilão é errado, pois o vilão é aquele que está errado e fim. Certo? Mas o vilão também não tem a sua própria saga do herói? O vilão dentro do seu mundo está certo, ele não é o vilão para si. Para o vilão os outros é que estão errados e ele é quem há de salvar todos que um dia o fizeram mal, todos que o julgaram. Mas agora pare para pensar, e se o vilão estiver certo? E se tudo o que ele dizia estava correto e quem o julgou e o tratou como louco e ruim é quem esteve errado o tempo todo? E se as ações do chamado vilão na verdade foi providencial para salvar um grupo de pessoas e droga, porque não a humanidade? São tantos e se.

Lauren é vilã ou a mocinha dessa história?

Bom, tudo depende do ponto de vista de quem lê, de quem vive.

Do ponto de vista de Camila, não havia mais jeito para continuar com Lauren que se tornou vilã diante dos seus olhos, ainda que a menina sempre soubesse o que a mais velha fazia, ainda que ela soubesse com o que Lauren trabalha, como é sua vida.

Há jeito de mudar as pessoas? Me diga como.

Do ponto de vista do senhor prefeito Walker, essa jovem mulher que veio de longe era a forma da mais pura perfeição, quisera ele ter um filho para casar com essa morena dos olhos verdes. Quisera ele ter, mas não tem um filho que poderia estar a altura dela e isso Walker sabia muito bem.

Do ponto de vista do senhor Cabello, Lauren é a melhor fonte de influência para sua rebelde filha Camila, que insiste com isso de liberdade aos negros, de bons tratos aos negros, de verdadeira compaixão os negros, mas isso são coisas que não podem trazer lucro, não traz dinheiro e logo não poderia ser aplicado em sua fazenda. Ele queria que Lauren mudasse o jeito de pensar de sua filha, mas então chegamos na pergunta já feita aqui. Há jeito de mudar as pessoas? Se tiver, me diga como.

Pela perspectiva de Lauren ela não era vilã e muito menos heroína. Ela é apenas uma pessoa comum, uma mulher cheia de qualidades, defeitos e fraquezas, uma mulher que se agarra ao sobrenome de sua família como forma de se manter sã, de não deixar que a loucura transforme sua personalidade. Permanecer bem era uma dádiva que muitas vezes ela atribui a sua família que a ajuda muito, ela não poderia ter pessoas melhores para se agarrar. Quantos podem olhar para o lado e ver uma mãe, um pai ou irmão ou irmã para se agarrar? Para não perder o juízo? Nessa história toda, Lauren se vê como uma ferramenta, um artifício do destino, nada mais. Nem vilã e nem heroína.

Então será de fato melhor não humanizar o vilão? Será melhor não saber suas razões? E seria melhor não saber, pois se acaso souber sua opinião sobre o vilão pode mudar? Quantas vezes podemos mudar a opinião sobre alguém? Quantas vezes podemos mudar a opinião dos outros sobre si? Quantas vezes podemos humanizar uma pessoa e transformá-la naquilo que ela é? Um ser humano. Um ser humano vilão ou herói?

O que significa o sorriso do vilão? Tem diferença do sorriso do herói? O sorriso de Lauren é diferente em quê do sorriso do prefeito Walker ou do sorriso de George MacKay?
A única diferença naquele dia ainda seria as lágrimas de Camila e a dor de Akil. E entre esses dois aspectos, o que há de similar? Absolutamente nada.

Chains (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora