Yoo Kihyun era um jovem de 25 anos, investigador, ou melhor, detetive da polícia civil da cidade de Seul. Desde pequeno já era fascinado por séries policiais, o que acabou desencadeando sua paixão pela profissão. Fora da vida profissional, havia saído da casa dos pais cerca de cinco meses atrás, mas tinha grande habilidade nas atividades domésticas. Dividia um apartamento com seus três colegas da corporação: Wonho (Shin Hoseok, mas preferia ser chamado pelo apelido, trabalhava em campo com Kihyun também como investigador), Hyungwon (escrivão) e Hyunwoo (ou Shownu, como era carinhosamente chamado pelos amigos, que atuava como perito criminal).
A delegacia em que trabalhavam ficavam em um dos bairros da periferia da cidade, mas ainda sim os crimes com que lidavam não era tão complicados. Geralmente investigavam furtos, roubos, algumas tentativas de assassinato ou até os próprios assassinatos (quando a delegacia de homicídios não podia atender o chamado). Kihyun achava que estava indo bem com suas investigações até a manhã nublada do dia 9 de março, quando ele e Wonho estavam fazendo rondas nas ruas quando foram chamados pelo rádio.
— Oficial Kihyun? Oficial Wonho? — a voz no rádio parecia familiar — Estão na escuta? Câmbio.
— O que o Hyungwon está fazendo no rádio? — Kihyun perguntou com as mãos fixas no volante enquanto dirigia — Anda logo, Wonho!
— C-Calma aí! — Wonho estremeceu quase derrubando seu copo de café no uniforme, deu um último gole e o colocou no porta-copos, depois pegou o rádio — Sim, estamos na linha. Agora está fazendo chamadas no rádio, Hyungwon? A que nível chegou, hein...
— Sacrifícios da profissão... — Hyungwon pareceu suspirar e tentar controlar uma risadinha.
— Dá pra vocês pararem de gracinha no rádio? — Kihyun tomou o rádio das mãos de Wonho, desgrudando os olhos do volante por poucos segundos — Qual a ocorrência? Câmbio.
— Certo, esqueci que você gosta dos procedimentos formais. — Uma pausa — Umas duas quadras à direita de onde vocês estão foi recebida a denúncia de uma senhora, dizendo que havia um sujeito de moletom preto e hematomas no rosto dormindo na calçada em frente à porta dos fundos daquele restaurante com o letreiro meio envelhecido... ah, certo, câmbio.
— Copiado. Oficiais indo para lá. — Kihyun fez o retorno com a viatura — A propósito, Hyungwon, por que você não usa suas horas de folga de hoje para ir lavar a louça de casa, já que é SUA semana e está enrolando fazem dois dias? Câmbio.
— Vá se foder, oficial. Câmbio, desligo.
— Eu queria que o prefeito liberasse verba e nós tivéssemos aqueles rádios acoplados no uniforme, sabe? Parece tão legal nos filmes... — Wonho devaneou, olhando além da janela. Aparentemente, a denúncia anunciada por Hyungwon não o surpreendia muito. Apenas mais uma manhã normal, com ocorrências normais.
Kihyun guardou o rádio no suporte e pousou sua mão abaixo do freio de estacionamento (freio de mão) e fez batuques com as unhas, relaxado. Wonho, um tanto desastrado, tomou o resto do seu café que respingou algumas gotas na calça do uniforme azul escuro. Demorou cerca de três minutos até que a viatura chegasse e estacionasse em frente ao restaurante local com paredes de tijolos pequenos alaranjados, e letreiro branco já envelhecido e corroído pela chuva. Os oficiais desceram do veículo e olharam em volta. Kihyun se sentiu esquisito por não estar com os óculos escuros no rosto como de costume, afinal o dia estava cinzento e a neblina cobria quase toda a região da cidade. Os dois caminharam até o beco onde ficava a porta dos fundos do restaurante e onde supostamente estaria o suspeito, dormindo.
— Deve ser algum adolescente de ressaca. — Wonho disse passando as mãos na mancha de café em sua calça — Merda, não faço ideia de como tirar isso.
— Mande para lavanderia quando formos voltar para casa mais tarde. — Kihyun poderia muito bem tirar a mancha para Wonho utilizando suas habilidades incríveis de doméstica, mas algo dentro de si o dizia para deixar o colega resolver o problema por conta própria — Pois é, deve ser só um adolescente.
— Abordar mendigos... isso é trabalho para a guarda municipal, não para nós. — Wonho comentou antes que os dois se aproximassem do beco.
Quando entraram no beco observaram as latas de lixo transbordando com as típicas sacolas de plástico preto, haviam também aquelas moscas minúsculas sobrevoando a região devido o clima úmido. Mais à frente notaram uma pessoa deitada no chão, com a cabeça coberta pela touca do moletom apoiada nas mãos. Kihyun apontou para que Wonho o abordasse e o deu cobertura por trás.
— Ei, tudo certo aí, rapaz? — Wonho foi até a pessoa, que pela anatomia corporal parecia ser um homem — Nós somos da polícia, viemos ver se está tudo bem com você.
Era mesmo um rapaz, por volta da casa dos vinte e poucos anos. Cabelos castanhos sujos escondidos debaixo da touca, hematomas nas bochechas de como quem levou uma surra na noite passada, olhar sonolento mas não parecia ser um morador de rua.
— Está com seus documentos? — Kihyun perguntou. Estava com sua mão na cintura, em cima do suporte de seu cinto que guardava uma pistola, como medida de segurança. Esse tipo de atitude era uma precaução, afinal, nunca se sabe se a outra pessoa também tem uma pistola no bolso.
— Hum... — O rapaz levou o pulso até a testa, gemendo como se estivesse com dor — Não, não estou. Eu acho.
— O que está fazendo deitado aqui? Ainda por cima todo machucado desse jeito. — Wonho se abaixou — Quer que eu chame uma ambulância para cuidar dos seus ferimentos?
O rapaz balançou a cabeça em negação com movimentos rápidos, o que Kihyun considerou muito suspeito, mas não tinha do que acusá-lo. A diferença entre os dois agentes era que, enquanto Wonho era compreensivo e prestativo, Kihyun estava sempre atento e cauteloso — dessa forma, eles formavam uma boa e equilibrada dupla. O Yoo foi então até a porta de passageiro da viatura, abriu o porta-luvas e tirou uma caixinha de primeiros-socorros. Voltou até o rapaz e se abaixou, Wonho se levantou e se afastou para dar cobertura. Kihyun abriu a caixinha e tirou algodão e esterilizante.
— Erga o queixo, por favor. — Kihyun pegou o algodão e delicadamente começou a passar nas bochechas do garoto, limpando os ferimentos. A situação o fez lembrar da época em que cogitou se tornar bombeiro antes de investigador, mas no fim optou por fazer o concurso mais difícil e dar um pouco mais de orgulho à sua família — Qual é o seu nome?
— Chang. — Ele gemeu ao que Kihyun passou o esterilizante em cima de um pequeno corte no lado direito superior de sua bochecha.
— Chang do quê? — Kihyun terminou de limpar o ferimento e colocou um pequeno curativo adesivo no corte mais notável. Se levantou e estendeu a mão para o rapaz.
— Im Changkyun. — Ele segurou a mão do investigador e se levantou do chão, sentindo alguns membros do corpo fazerem estalos.
— Certo, Im Changkyun. Agora nós estamos indo, mas eu espero que a causa desses hematomas no seu rosto não seja proveniente de alguma prática fora da lei. Porque, se forem, eu não serei tão amigável. Entendeu?
Im Changkyun concordou balançando a cabeça. Kihyun se deu por satisfeito, em partes, e sinalizou para Wonho. Os oficiais entraram na viatura, Wonho acenou para o rapaz, e foram embora na direção da delegacia sem saber que no final daquela mesma tarde veriam novamente Im Changkyun, mas não como desejavam.
×××
oioioi, de novo aqui com uma fic changki rsss
tô me dando super bem em escrever ela, acho que o resultado tá legal então espero que gostem
enfim, é istooo até o próximo cap ♡
(nota. eu escrevi isso que estão lendo acima faz 2 anos atrás, atualmente é 2021 e acho que finalmente meu bloqueio criativo passou. enfim, espero de coração que gostem)
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the probable crimes of changkyun | changki
FanfictionYoo Kihyun era um investigador da polícia civil de Seul e tinha tudo para ter uma carreira promissora, até que se vê preso no caso de um crime que não sabia dizer se Im Changkyun teria cometido ou não. @Mwsaki | 2019-2021.